Zé Geral entra na 'melhor idade' e comemora 60 anos em sarau neste domingo
Com 60 anos tocados nas cordas do violão. Mil músicas no repertório e mais de 772 edições em 18 anos de sarau em Campo Grande. José Geraldo Ferreira abre as portas para comemorar o aniversário do jeito que gosta, como sabe e da maneira que vive: com amigos no quintal ao redor de boa música. Neste domingo, o sarau do Zé Geral tem 'parabéns' entre as canções. Se vai ter bolo, aí será surpresa até para o próprio músico. "Uma pessoa ficou de dar, se ela não fizer, não vai ter bolo. Mas não tem problema não. O parabéns vai ter a todo momento", brinca.
Das 9h da manhã às 9h da noite. Serão 12h de sarau com música, arte, dança e teatro e presença confirmada de mais de 70 artistas da terra. Gente que fez história ao lado do Zé Geral, que dividiu palco ou subiu nele pela primeira vez num dos encontros às quartas-feiras.
É a cara do músico, mas ainda assim, o Lado B queria saber de onde surgiu a ideia de comemorar a nova faixa etária com o sarau. Os relatos remetem ao final do ano passado, quando Zé Geral e o Sarau mudaram de endereço pela milésima vez, agora para o bairro Piratininga. "Achei a casa maravilhosa, mas estava abandonada. Falei para a minha mulher, vamos arrumar e a gente veio pra cá. Estreei no dia 16 de fevereiro", recorda. Na verdade, a faixa no muro de casa também não deixa esquecer.
Até maio as edições do sarau ainda não eram diárias. Hoje os encontros viraram happy hour. O motivo? Querer cantoria todo dia e pela região ser residencial, a casa fecha as portas e a música cessa às 22h. Com a mudança de endereço, a propaganda que é pouca não conseguiu trazer todo mundo ainda para o novo local. Zé Geral conta que foi um amigo grafiteiro que sugeriu que ele comprasse o material que ele juntaria uma turma para dar cara ao lugar.
"Meu aniversário é mês que vem, vou arrumar tudo e aí todo mundo fica sabendo onde eu estou", diz o músico. Pronto, a ideia estava lançada.
Ao entrar na melhor idade, Zé Geral se impôs um novo desafio depois de surgir a dúvida de quão grande é um repertório. Ele quer ter na bagagem um de 4,5 mil canções. "O meu trabalho é muito grande, mas daí fiquei pensando, o que é muito grande? Quantas músicas o músico tem?" se questionou. Pela experiência de quase duas décadas de apresentações ao estilo 'suba e dê uma canja', Zé tinha fácil 100 músicas na cabeça. O que para ele é sinal uma noite de sarau tranquila. "Me vi com 400 músicas, é grande o repertório e comecei a selecionar. Quero chegar a 4,5 mil músicas. Os amigos me perguntam 'Zé, você sabe o que esta falando'? Mas mil já estão prontas", anuncia.
As músicas são acrescentadas diariamente. É uma sentada no computador que uma nova é tirada. "Não encontro ninguém em Campo Grande com um repertório assim e eu boto o desafio. Estou juntando pela minha realização", afirma. Completando seis décadas de vida como a figura mais persistente no cenário da música sul-mato-grossense, Zé Geral pode até subir o número no repertório. Talento e paixão é que não lhe faltam para comemorar outros 60 anos.
Com o desafio lançado, Zé Geral sobe e abre o palco ao público durante todo este domingo. O sarau agora está na rua Pasteur, 937, Vila Piratininga.
No sarau aparecem para dar os parabéns e uma 'palhinha', Guilherme Rondon, Gilson Espíndola, Karina Marques, Rubenio Marcelo, Juci Ibanez, Lenilde Ramos, Maria Helena e Paulo Gê; Ana Cabral, Celso Petit, Rodrigo Teixeira, entre outros tantos. Pelo teatro, o ator e diretor Jair Damasceno, marca presença, além do grupo Tikay, de dança e folclore boliviano; Teatro Imaginário Maracangalha; Begét de Lucena e artistas plásticos.
A entrada no sarau, claro, é de graça. No local vão haver porções de calabresa, mandioca, batata, além de espetinho de carne, frango, cerveja, suco, refrigerante e caipirinha.