ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 30º

Comportamento

Deixadas de lado, Baianas de Acarajé têm resistido para ser exemplo

Coordenadora da Abam explica que ações estaduais estão impulsionando proteção e promoção em âmbito nacional

Por Aletheya Alves | 28/11/2024 07:03
Andréa e Zezé durante capacitação sobre vestimentas. (Foto: Marcos Maluf)
Andréa e Zezé durante capacitação sobre vestimentas. (Foto: Marcos Maluf)

“Começamos a conversar no meio do ano e Mato Grosso do Sul já está trabalhando no plano de salvaguarda das baianas de acarajé. E isso é surreal porque, na Bahia, enquanto a gente está lutando há tantos e tantos anos, ainda não temos esse plano”, explica a coordenadora nacional da Abam (Associação das Baianas de Acarajé), Rita Santos. Em Campo Grande, participando de uma formação para as mulheres do ofício, a representante detalha sobre como a resistência das mulheres negras em MS tem feito o estado impulsionar todo o País no mesmo movimento.

Entre os dias 25 e 30 deste mês, um grupo com mulheres que atuam ou que querem começar a trabalhar com a profissão está se reunindo no Senac Turismo e Gastronomia. Em parceria com o Iphan/MS (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Fecomércio, Sindha (Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação) e com a Abam, um curso gratuito de cultura e empreendedorismo para o ramo quer capacitar como forma de impulsionar as mulheres.

Entre os assuntos estão a composição das vestimentas, produção do acarajé e curso para manipulação de alimentos.

Atividade foi realizada nesta quarta-feira (27), em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Atividade foi realizada nesta quarta-feira (27), em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Essa ação integra uma série de atividades desenvolvidas desde que uma das referências na produção de acarajé no Estado decidiu que não iria mais ver o patrimônio cultural imaterial sendo deixado de lado. Conhecida entre as feiras de Campo Grande, Zezé do Acarajé narra que tudo partiu após a divulgação de um edital municipal.

“A resistência é o que tem movimentado tudo isso, porque as ações nasceram após uma situação que aconteceu comigo. Participamos de um edital e duas pessoas de cada segmento passaram, mas nenhuma de acarajé. Entendemos que o acarajé foi visto sem importância nenhuma, então através da Abam, fui atrás do Iphan e falei o que havia acontecido”, descreve Zezé.

Desde então, há uma mobilização para que o ofício das baianas que vivem em Mato Grosso do Sul não seja deixado de escanteio. E que, além disso, novas interessadas passem a integrar o grupo para fortalecer o movimento.

Explicando sobre o plano de salvaguarda que começou a ser movimentado por aqui, Rita comenta que é necessário produzir o documento na Bahia inicialmente. Após ele ser finalizado, começará a ser enviado para as superintendências estaduais do Iphan.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Então, estamos correndo para começar a fazer. O que está acontecendo aqui é um exemplo que vamos levar para outros estados, estou encantada mesmo. Até porque as pessoas precisam entender que ser baiana de acarajé significa muitas coisas”, defende Rita.

Na prática, a coordenadora da Abam descreve que, apesar da profissão ser originalmente vivida por mulheres, também há homens que sobrevivem graças à venda do acarajé. “O ofício é garantir um emprego e uma renda, além de preservar uma cultura que existe há mais de 300 anos. Com ele, a gente coloca comida na mesa”.

Mesmo sendo uma tradição tão antiga e que compõe a cultura brasileira, Rita explica que os preconceitos são inúmeros nacionalmente. Tanto que a falta de planos de salvaguarda é uma realidade.

Encaminhando o processo por aqui, o superintendente do Iphan/MS, João Santos, explica que a instituição é um condutor que intermédia conflitos e também possíveis soluções.

“Esse evento marca que realmente entramos no processo de salvaguarda. O importante aqui é promover essas mulheres porque o empoderamento feminino, a relação com empreendedorismo e a capacitação para a manipulação de alimentos são pontos que fazem toda a diferença no cotidiano delas”, descreve João.

E, além da ação direta com as baianas de acarajé, outras ações como a capacitação dos funcionários do Senac se destacam. Isso porque entender sobre o ofício, sua importância e destacar a luta contra o preconceito já é uma vitória.

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
Nos siga no Google Notícias