Escola fecha após 48 anos e gera onda de homenagens e lágrimas
Amigos e ex-alunos foram à escola nesta sexta-feira para se despedir, e muitos se emocionaram
Ontem (11), Campo Grande se despediu de uma das escolas mais queridas da cidade. E não foi um adeus silencioso. O fim do O Quintal e Metropolitano, anunciado pelas filhas da fundadora, foi marcado por lágrimas, abraços e um volume imenso de amor despejado nas redes sociais por ex-alunos, pais, professores e amigos que se recusavam a acreditar que o portão, um dia, fecharia.
Não foi uma escola comum. Não era sobre apostilas importadas, nem sobre uma fachada moderna para Instagram. Era sobre vínculos. Sobre uma diretora que sabia o nome de cada criança. Sobre uma escola que não parecia empresa, parecia casa.
E foi justamente isso que Ana Clara, 20 anos, não conseguiu conter. Ex-aluna do Metropolitano, ela chorou muito quando soube que a escola ia fechar. “Foi a escola que mais me marcou. Aqui todo mundo se conhecia, cuidava um do outro. A diretora Claudinea era como uma avó pra gente. Estudar aqui mudou minha visão de vida. Me sentia amada”, contou, depois de ir se despedir. Sentou com os antigos colegas no chão do pátio e, mais uma vez, aprendeu uma lição: quando se faz tudo com amor, se sai com excelência.
Claudinea Amorim Barbosa, fundadora da escola, faleceu em 2020, no ano da pandemia, vítima da covid-19. Desde então, as filhas Adriana e Ana Carolina Amorim Barbosa seguraram o piano da gestão. Tocaram a escola com coragem, afeto e uma força invisível que parecia vir da própria mãe. Mas agora, cinco anos depois da perda, decidiram que era hora de encerrar o ciclo.
Essa escola era a nossa mãe. Sem ela, ficou muito difícil continuar. A gente tinha o diferencial do carinho e do afeto, mas infelizmente não foi suficiente”, conta Adriana. “Eu só tenho gratidão, porque essa última semana foi de receber tanto amor, tanta história linda. Escutei coisas que me aqueceram o coração.”
Ana Carolina, sócia e irmã, estava na escola há 14 anos. As duas herdaram não só o prédio, mas o propósito de Claudinea, uma educadora que nadava contra a corrente da educação fria, feita para lucro. “Minha mãe não pensava em custo. Pensava no aluno. Ela fundou uma escola com base no que acreditava: que a educação era uma ponte. E ela ficava orgulhosa de cada conquista de cada aluno, por menor que fosse.”
O neto de Claudinea, Joaquim Freire Barbosa, hoje com 18 anos, estudou ali de 2008 até 2020. Está na PUC de Campinas, fazendo Design de Moda. “Esse lugar é uma casa. Quando a gente é criança, acha a escola chata. Mas depois que cresce, entende: escola boa é a que vira família. E essa aqui virou.”
O fim foi anunciado em silêncio, mas não passou despercebido. Ex-alunos voltaram, professores se emocionaram, e até quem não pôde estar presente foi às redes sociais prestar homenagem. O professor de História Matheus Fadul escreveu:
"Hoje, 11/07/2025, o Quintal e Metropolitano. escola de toda a minha infância, encerra suas atividades e fecha seu grande livro de histórias. Tive de lá algumas despedidas. Em 2014, quando deixei o 9º ano. Em 2022, quando deixei meu cargo de professor. Agora, em seu último momento. Em nenhum dos três fiquei com a sensação de fim. Continuo não a tendo, pois coleciono memórias que levarei para meu sempre."
O prédio vai ficar. Mas como diz o professor, o que se leva é o que não cabe em concreto: a memória de um tempo em que escola ainda era quintal, diretora era quase avó e carinho era a principal metodologia. Porque o que Claudinea construiu não fecha. Só muda de endereço, agora mora nas lembranças de quem passou por ali...
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