Filme em hospital é 90 minutos de paz a quem não tem previsão de alta
Novo projeto na Santa Casa traz o cinema para um dos setores e faz pacientes sentirem momentos de alívio
Por dentro da Santa Casa de Campo Grande, o tempo costuma ser lento e os dias se arrastam com a rotina de exames, curativos, e o silêncio que esconde a torcida diária para que a recuperação seja o mais rápida possível. Desde o dia 6 de abril, Márcio da Silva Júnior, de 26 anos, conhece bem essa realidade. Internado na área de trauma, ele se recupera de um grave acidente.
“Eu estava indo embora pra casa, quando um carro bateu na traseira da minha moto. Fiquei entubado por quatro dias, quebrei e peguei uma infecção na perna. Agora, estou esperando uma melhora no pé para poder operar. Ainda não tenho previsão de alta”, conta.
Sozinho no hospital, já que o caso não permite acompanhante, ele diz que o tempo dentro do quarto parece não passar. “É agoniante, parece prisão”, resume.
Mas nesta quinta-feira, algo diferente aconteceu no hospital. Com direito a pipoca, suco gelado e salada de frutas, pacientes internados em longa duração puderam sair da rotina para uma tarde de cinema. Um escape para a solidão e a dura rotina de internação.
No telão, Will Smith salvando o planeta de alienígenas em “MIB Homens de Preto 3”. Além dos pacientes, acompanhantes também foram convidados para a primeira sessão do projeto piloto de humanização dentro do hospital, uma iniciativa que pretende ser mensal dentro da unidade.
“Queremos dar um momento de descontração, lazer e encontro para pacientes e familiares, que muitas vezes estão há dias ou meses aqui dentro, isolados”, explica Elina Arakaki, terapeuta ocupacional da Santa Casa.

Segundo ela, o ambiente hospitalar pode ser duro, especialmente para quem está internado por longo período. “Temos pacientes com mais de 120 dias aqui. Ficam longe da família, muitos vêm do interior ou até de países vizinhos, como Bolívia e Paraguai. É uma solidão imensa. E a gente se torna essa família temporária, oferecendo apoio além da medicação”, detalha.
Com o ‘mimo’ recebido, por um momento Márcio até esqueceu da realidade dura da internação. “Foi muito bom, poderia ter todo dia. Agora, vou esperar a continuação do filme, porque é bem legal”, finaliza o jovem.
Antes da sessão, uma equipe da Santa Casa avalia os pacientes que têm condições clínicas para participar do projeto, que é exclusivo para pacientes considerados de longa permanência, com mais de 10 dias de internação.
“O paciente que está há muito tempo internado enfrenta desgaste emocional. Eles ficam restritos, sem com quem conversar, sem estímulo. E isso pode, sim, afetar a recuperação”, finaliza Elina.
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