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Comportamento

Gislayne começa a cumprir lista de desejos que câncer quase impediu

Ângela Kempfer | 18/01/2022 09:24
Gislayne, a tia (rosa) e a filha (de preto) no alto do morro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gislayne, a tia (rosa) e a filha (de preto) no alto do morro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Gislayne Barros era o tipo de mulher cheia de planos, mas também repleta de compromissos como mãe e professora de Educação Infantil. Até que o câncer apareceu e ensinou que viver é presente, não tem como vacilar.

Dois anos após a última sessão de quimioterapia, no fim de semana passada, ela subiu até o topo do Morro do Ernesto, em Campo Grande, ao lado da filha Victhória e da tia do ex-marido, que veio de São Paulo para acompanhar o momento.

É o primeiro desejo de uma lista de planos que, por pouco, o linfoma Hodgkin não a impediu de realizar.

O segundo sonho a morte já comprometeu. "Tinha combinado de viajar para a Escócia com uma amiga que eu já tinha havia 19 anos, mas ela faleceu de covid", lamenta.

E assim, a morte apresenta seu principal significado: que o importante é hoje. "Eu vivia atarefada com minha profissão, a casa. Isso era tão cansativo que acabava deixando tudo que era divertido para 'amanhã", lembra

Mas ainda apareceram novas prioridades para a "segunda chance" de Gislayne. "Viajar agora é meu foco principal, mas também quero ajudar minha filha e ver ela realizar o sonho de cursar Medicina e também vou estudar para passar em concurso público", diz.

Primeiro da lista 

Antes do diagnóstico em 2019 e do início das sessões de quimioterapia, os convites para ver a paisagem lá do alto do morro eram constantes. "Mas eu sempre dizia agora não", lembra.

Ela levou uma bandeira com agradecimento por ser curada. (Foto: Arquivo pessoal)
Ela levou uma bandeira com agradecimento por ser curada. (Foto: Arquivo pessoal)

Na primeira conversa séria com o médico, a sinceridade foi um golpe: "Ele disse que eu tinha 80% de possibilidade de cura, mas 20% de dar errado", conta. O tratamento inicial envolvia 16 sessões de quimioterapia. Caso a doença não regredisse, viria mais uma etapa, desta vez, de quimio e radioterapia. Na pior das hipóteses, a sobrevivência dependeria de um transplante de medula óssea.

Mas tudo deu certo de saída na primeira fase e, há dois anos, Gislayne tentava recuperar a imunidade e a resistência física para cumprir a primeira promessa da lista. "No meio do caminho, ainda peguei covid, mas agora, estou vacinada e me senti segura", diz.

O percurso foi feito em 1h20, mais longo que o normal, com paradinhas para descansar. Na bagagem, além da alegria de ter recuperado as forças para uma atividade exaustiva, Gislayne levou uma faixa para agradecer a Deus, sem esquecer dos médicos que, segundo ela, foram os anjos desta história. "Foi fé e ciência. Vários amigos eram contra quimio, diziam que ia acabar comigo, mas eu acredito na ciência e fiz".

Agora, serão mais 3 anos de acompanhamento, exames periódicos, até a cura ser oficial. "Comecei fazendo exames semanais, hoje, são semestrais já. Quero compartilhar isso para as pessoas entenderem que câncer não é sentença de morte", completa.

Em 2019, ex-marido fez sessão de fotos para registrar início da luta contra a doença. (Foto: Kleber Alves de Moraes)
Em 2019, ex-marido fez sessão de fotos para registrar início da luta contra a doença. (Foto: Kleber Alves de Moraes)


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