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Comportamento

Há 20 anos, Terezinha mudou a vida da família com caldo de cana

Família inteira é responsável por plantar e colher a cana que é comercializada na calçada da casa de Terezinha

Por Idaicy Solano | 02/01/2025 06:35
Há 20 anos, Terezinha e sua família adoçam a vida da vizinhança com caldo de cana (Foto: Jefferson Duarte)
Há 20 anos, Terezinha e sua família adoçam a vida da vizinhança com caldo de cana (Foto: Jefferson Duarte)

Há 20 anos, a autônoma Terezinha Jacinto da Silva, de 50 anos, é responsável por adoçar a vida da vizinhança com seu carrinho de caldo de cana, na calçada da casa de sua família. O ofício, que começou da necessidade de sustentar a casa e garantir estudo aos filhos, se tornou a atividade econômica principal e mudou a vida de toda a família.

Com plantação própria, toda a cana comercializada é plantada, colhido e tratada por Terezinha, o esposo, os filhos, as noras e até os netos, que também contribuem tanto na plantação quanto na venda do caldo de cana, que se tornou famoso na cidade de Rio Brilhante, no interior do Estado.

"O caldo de cana pra mim é primeiramente Deus, segundo minha família. Ele mudou minha vida, porque me deu condições de criar os filhos, eu sobrevivo disso. Aluguel, alimento, faculdade de nora, tudo vem do caldo de cana. E sou muito grata por Deus ter me dado essa oportunidade”, declara.

Com plantação própria, toda a cana comercializada é plantada, colhido e tratada por Terezinha e sua família (Foto: Jefferson Duarte)
Com plantação própria, toda a cana comercializada é plantada, colhido e tratada por Terezinha e sua família (Foto: Jefferson Duarte)
Família trocou moto por carrinho de caldo de cana, e empreendimento se tornou um sucesso (Foto: Jefferson Duarte)
Família trocou moto por carrinho de caldo de cana, e empreendimento se tornou um sucesso (Foto: Jefferson Duarte)

Terezinha conta que, quando se casou, se mudou para a roça com o marido, onde começou a trabalhar como cozinheira. O casal teve três filhos, e conforme as crianças cresciam, a mulher viu a necessidade de deixar o campo e voltar para a cidade, para que os filhos pudessem estudar. O marido, no entanto, continuou na fazenda para trabalhar.

Sozinha na cidade com os filhos, Terezinha se viu em uma situação de necessidade, pois precisava trabalhar para ajudar a sustentar a casa. Foi quando ela decidiu rezar, e pedir para Deus que ele abrisse as portas para ela.

Na mesma época, a autônoma precisou acompanhar a cunhada, adoentada, em um hospital de Dourados. Bem de frente para o hospital, Terezinha lembra de ter avistado um carrinho de cana para vender. Essa foi a "porta" que ela tanto pediu para ser aberta, e foi aí que a sua história começou.

"Perguntei ao meu marido se não tinha como arrumar um dinheiro pra gente comprar, mas a gente ganhava muito pouco. Mas ele tinha uma moto, conversou com o rapaz, e eles trocaram a moto pelo carrinho. Ficamos a pé, mas pelo menos eu ia trabalhar”, relata.

Dona terezinha é responsável por plantar e colher a cana utilizada na bebida comercializada na cidade (Foto: Jefferson Duarte)
Dona terezinha é responsável por plantar e colher a cana utilizada na bebida comercializada na cidade (Foto: Jefferson Duarte)
Esposo, filhos, netos e noras contribuem com Terezinha na plantação e colheita da cana (Foto: Jefferson Duarte)
Esposo, filhos, netos e noras contribuem com Terezinha na plantação e colheita da cana (Foto: Jefferson Duarte)

Sem cana para trabalhar, nem o conhecimento para a produção da bebida, Terezinha começou apenas com um carrinho e um sonho. O primeiro insumo foi doado pelo tio, que tinha uma pequena plantação no quintal, e conforme vendia a bebida, ia utilizando parte do dinheiro para comprar mais cana.

Conforme o negócio ia dando certo, a família decidiu arrendar uma área no assentamento para poder plantar. Hoje, Terezinha conta uma área arrendada de um hectare e meio de plantação de cana-de-açúcar sob comando dela e da família.

Terezinha e o marido são responsáveis por cortar a cana, enquanto uma das noras lixa e a outra moi para vender o suco no quintal da casa da família. Quanto aos netos, eles auxiliam na plantação de novas mudas de cana. Os filhos de Terezinha trabalham em usina e nas horas vagas também trabalham junto com ela na plantação.

De segunda a quinta-feira, o caldo de cana é vendido no quintal da casa da família, que virou ponto de encontro na cidade, onde muitos moradores se reúnem para conversar, compartilhar histórias e sorrisos. Nas sextas-feiras e sábados, Terezinha vende a cana na feira da cidade.

"É muito gratificante não só pra mim, mas também para a minha família, fico muito emocionada de ver o que aconteceu, as pessoas chegando, me dando abraço, falando que eu mereço tudo que aconteceu e está acontecendo. É muito bom, muito bom mesmo”, expressa.

A história de dona Terezinha e sua família também virou documentários, sob a direção de Jefferson Duarte. O curta, chamado “Entre Canaviais e Corações: A Doce Jornada de Dona Terezinha do Caldo de Cana”, foi realizado através de recursos da Lei Paulo Gustavo, com o apoio do Governo Federal, da Prefeitura Municipal de Rio Brilhante e da FUNCERB (Fundação de Cultura, Esporte e Lazer de Rio Brilhante). Clique aqui para assistir.

Dona Terezinha e sua família, em frente à barraca de caldo-de-cana na feira de Rio Brilhante (Foto: Jefferson Duarte)
Dona Terezinha e sua família, em frente à barraca de caldo-de-cana na feira de Rio Brilhante (Foto: Jefferson Duarte)

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