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Comportamento

Horta bem cuidada em escola motiva meninada a comer salada fresca

Criada há 8 anos, horta escolar do Prof. Leandro reúne 20 pessoas em projeto que leva mais verde à mesa

Por Mylena Fraiha | 19/09/2024 06:30
Aluna cuida das alfaces da horta da Escola Estadual Prof. Silvio Oliveira dos Santos (Foto: Juliano Almeida)
Aluna cuida das alfaces da horta da Escola Estadual Prof. Silvio Oliveira dos Santos (Foto: Juliano Almeida)

Há oito anos, a horta da Escola Estadual Prof. Silvio Oliveira dos Santos tem trazido frutas e verduras para a mesa e para o cotidiano de seus estudantes, professores e funcionários. A escola, localizada no bairro Aero Rancho, em Campo Grande, já mobiliza cerca de 20 pessoas no plantio e cuidados da horta.

A ideia surgiu em 2016, quando o professor de matemática e atual diretor da escola, Leandro Colombo Pedrini, de 41 anos, decidiu incorporar sua experiência pessoal em um projeto de sustentabilidade no colégio estadual. "O projeto começou como parte de uma iniciativa de sustentabilidade na escola, que incluía reciclagem de papel e reutilização da água do ar-condicionado", explica o diretor.

Natural de Jales, no interior de São Paulo, Leandro cresceu no campo e trouxe consigo a paixão pela terra e pela sustentabilidade. "Morei no sítio até os 22 anos, e aprendi muita coisa lá. Meu pai ainda tem o sítio".

O atual diretor da escola, Leandro Pedrini, observa a plantação no canteiro onde iniciou o projeto há oito anos (Foto: Juliano Almeida).
O atual diretor da escola, Leandro Pedrini, observa a plantação no canteiro onde iniciou o projeto há oito anos (Foto: Juliano Almeida).

A horta, com 120 metros distribuídos em dois canteiros, produz uma variedade de hortaliças, como alface, couve, almeirão, cebolinha, salsinha, alho-poró, rabanete, tomate, manjericão e pepino. Além disso, a escola já conta com diversas árvores frutíferas, como pitanga, laranja, acerola, goiaba e limão. Algumas ainda estão em fase de crescimento, como as árvores de jabuticaba, romã, pitaia e uva.

Cerca de 20 pessoas, entre professores e alunos, estão diretamente envolvidas no cuidado da horta. A cada ano, um novo professor assume a liderança do projeto. Em 2024, o responsável é o professor de química, Paulo Veronez, que dá continuidade ao trabalho iniciado há oito anos.

Hoje, no mundo em que vivemos, os meninos só sabem ir ao mercado para adquirir e consumir. Então, esse tipo de iniciativa é uma forma de mostrar para eles como o alimento é produzido, o tempo de cultivo de uma planta e quanto tempo ela leva para ficar pronta para o consumo", comenta Paulo.

Professor Paulo Veronez e duas alunas trabalham em plantação de hortaliças (Foto: Juliano Almeida)
Professor Paulo Veronez e duas alunas trabalham em plantação de hortaliças (Foto: Juliano Almeida)

O professor de química também destaca que os estudantes começam a modificar sua percepção ambiental ao compreenderem o ciclo de produção de alimentos. "Quando começam a entender o que é a horta, o funcionamento dela, como os alimentos são produzidos, eles começam a mudar a consciência ambiental, entendendo que precisam cuidar do planeta e que conseguem produzir os próprios alimentos em casa, como em um canteirinho com alface e cheiro-verde. Essa parte é muito gratificante".

Uma das estudantes que participa do projeto é Giovanna Rafaela Ricarde Macena, de 17 anos. Ela está no terceiro ano do ensino médio, mas participa do projeto desde o 9º ano do ensino fundamental e está até hoje. “Eu sempre gostei muito de terra, mexer com terra, mexer com plantações e semente. Sempre gostei muito. Isso me incentivou, me motivou a participar do projeto”.

Segundo o diretor Leandro, a escola também tem feito parcerias para melhorar a compostagem e conseguir materiais para plantio e manutenção. "Agora, também fazemos compostagem com os resíduos de alimentos coletados pelas alunas. Esse processo foi aprimorado com a ajuda de alunos de biologia da UFMS, que nos orientaram a usar a compostagem diretamente no solo”.

Hoje, a escola conta ainda com o apoio da empresa Targil Agroempreendimentos, que fornece equipamentos essenciais para o manejo da horta, como mangueiras de irrigação, caixas d'água e enxadas.

Parte das hortaliças cultivadas é utilizada na merenda e distribuída entre professores, funcionários e alunos (Foto: Arquivo pessoal)
Parte das hortaliças cultivadas é utilizada na merenda e distribuída entre professores, funcionários e alunos (Foto: Arquivo pessoal)

Aprendizado - De acordo com o diretor, a horta não apenas incentiva a participação dos estudantes, mas também contribui diretamente para a alimentação escolar. Parte das hortaliças cultivadas é utilizada na merenda, o que, segundo o professor, tem aumentado o consumo de verduras e frutas entre os alunos.

Os estudantes também relatam que acompanhar o processo de produção dos alimentos é uma experiência valiosa proporcionada pela horta, como destaca a aluna Giovanna Rafaela. “Eu já consumia bastante verduras antes desse projeto, e depois que ele se iniciou, nossa curiosidade aumenta para ver o processo de produção dos alimentos que fazem parte do nosso dia a dia”, comenta.

Alunas do terceiro ano trabalham em plantação de hortaliças (Foto: Juliano Almeida).
Alunas do terceiro ano trabalham em plantação de hortaliças (Foto: Juliano Almeida).

Outra estudante, Julia Victoria de Oliveira, também de 17 anos e aluna do terceiro ano, relata que sua relação com o meio ambiente mudou bastante por conta da horta escolar. Hoje, ela tenta incorporar hábitos mais sustentáveis no dia a dia.

“Comecei a refletir mais sobre meus hábitos. Hoje, tento ser mais consciente em várias áreas da minha vida, como reduzir o consumo de plástico, separar o lixo para reciclagem, economizar água e energia, ser mais sustentável, e comprar produtos ecológicos de marcas que respeitam o meio ambiente. Acho que é um processo de aprendizado e ajuste contínuos, mas sinto que pequenas mudanças no dia a dia fazem diferença quando pensamos no coletivo”, comenta Julia.

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