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Comportamento

Tachinha se tornou ‘imortal’ com Flamengo e chance à turma dos 30+

Ex-jogador faleceu no domingo (15); apesar da dor, amigos e familiares destacam a bagagem deixada pelo craque

Por Aletheya Alves | 16/12/2024 13:12
Jogadores Jorginho e Tachinha, no Operário. (Foto: Arquivo/Operário F.C)
Jogadores Jorginho e Tachinha, no Operário. (Foto: Arquivo/Operário F.C)

Flamengo, Operário, Comercial, Santa Cruz e ASA F.C são times na bagagem de Valmir da Costa Flores, o Tachinha, e sempre foram motivo de orgulho para o campo-grandense, que faleceu neste domingo (15). Com a partida do jogador, não faltam boas memórias narradas pela família e amigos, incluindo a memorável loja Tachinha Esportes, a fundação de seus próprios times e a garantia de que a turma dos “30+” não ficaria de lado.

RESUMO

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Valmir da Costa Flores, conhecido como Tachinha, foi um influente jogador de futebol amador e um grande incentivador do esporte em Campo Grande. Desde sua infância, Tachinha se destacou no futebol, fundando seu próprio time e jogando em clubes renomados como Flamengo e Operário F.C., onde conquistou diversos campeonatos. Além de suas habilidades em campo, ele foi pioneiro ao abrir oportunidades para jogadores acima de 30 anos, criando um legado que perdura até hoje. Tachinha é lembrado não apenas por suas conquistas esportivas, mas também por seu papel como mentor e amigo, impactando a vida de muitos ao seu redor, mesmo enfrentando desafios como o Alzheimer nos últimos anos de sua vida.

Para quem não conhece o ex-jogador, aqui vai um resumo unindo o que está destacado no memorial da Praça Esportiva Belmar Fidalgo e lembranças recuperadas por seu filho, Jonatas Cavalcante Flores, de 51 anos:

Tachinha durante celebração de seu aniversário em 2023 ao lado do filho Jonatas. (Foto: Arquivo pessoal)
Tachinha durante celebração de seu aniversário em 2023 ao lado do filho Jonatas. (Foto: Arquivo pessoal)

Ainda na infância, Valmir se tornou Tachinha após ser chamado assim por seu amigo, Luís Anache. O apelido veio durante uma brincadeira com intuito de chamar o amigo de chato.

Tachinha sempre foi apaixonado por futebol e, na década de 1950, fundou seu próprio time, o “7 de Setembro F.C”. Na adolescência, integrou o Santa Cruz e, quando servia na Base Aérea, entrou para o ASA (time da Base).

“Em 1964, foi para o Rio de Janeiro. Jogou no Flamengo, nos juvenis, ao lado do grande Fio Maravilha. Retornando, continuou no ASA F.C., porém o E.C. Comercial o contratou em 1965, quando, na oportunidade, conquistou o bicampeonato. Transferindo-se para o Operário F.C., foi campeão em 68 e bicampeão em 69, pelo Galo, da Avenida Bandeirantes”, é descrito no memorial.

Jonatas, filho de Tachinha, recebendo amigos do pai durante o velório. (Foto: Marcos Maluf)
Jonatas, filho de Tachinha, recebendo amigos do pai durante o velório. (Foto: Marcos Maluf)

Nas memórias do filho, está um dos marcos mais lembrados por quem conhecia o Tachinha: a fundação de seu time de futebol de salão. Nesse período, o jogador havia aberto sua loja de esportes e levou seus amigos para integrarem a equipe em quadra.

“Participou da Copa Morena, da Taça Canarinho e seguiu até a década de 1990, quando encerrou o time”. Para Jonatas, o pai sempre foi e continua sendo uma referência, alguém que realmente movimentou o cenário do esporte regional.

E, dentro de casa, foi “o melhor pai do mundo”. Caracterizado como brincalhão, mas sempre respeitoso, Valmir ganhava todos na risada e, infelizmente, enfrentou os últimos anos de vida com Alzheimer.

Jonatas explica que o diagnóstico veio em 2016 e, desde então, precisou ser acompanhado de perto.

Matéria publicada no jornal Correio do Estado sobre jogadores da década de 1960. (Foto: Arquivo/Correio do Estado)
Matéria publicada no jornal Correio do Estado sobre jogadores da década de 1960. (Foto: Arquivo/Correio do Estado)
Tachinha integou time da Base Aérea durante sua juventude. (Foto: Arquivo/Correio do Estado)
Tachinha integou time da Base Aérea durante sua juventude. (Foto: Arquivo/Correio do Estado)

Com o futebol, amizades de vida

Conhecido como “Branco”, o guarda civil metropolitano Airton João Gasparetto destaca que, além de brilhar como jogador, Tachinha foi pioneiro em abrir espaço para a turma dos 30 anos. Isso porque, segundo ele, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, os campos eram focados nas novas gerações, e ter mais de 30 anos era praticamente sinônimo de exclusão.

A ligação de Branco com o ex-jogador começou graças à loja e ao time de Valmir. Em 1981, ao se mudar para Campo Grande para servir ao Exército, Airton foi convidado a integrar o grupo de Tachinha.

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Eu comecei a jogar bola e eles viram que eu tinha algo diferente, então me chamaram para jogar no time dele. Na época, eu precisava de um emprego e ele falou ‘olha, todo mundo fala do nosso time, mas dinheiro aqui a gente não tem. Como posso te ajudar?’. Eu expliquei que minha família era grande e que eu precisava de emprego. Por indicação dele, consegui trabalhar em um banco e fiquei jogando no time”, relata Branco.

Pensando sobre a parceria que cultivou, Branco define Tachinha como um pai. E a mesma relação pode ser aplicada quando se fala do futebol. É aqui que ele destaca a importância do incentivo para a turma dos jogadores com mais de 30 anos.

“Mesmo depois que ele fechou a loja, a gente mantinha time e fomos pioneiros em fazer campeonatos acima de 30, 40 e 50 anos. Hoje, se temos campeonatos acima de 60 anos, é graças a ele. Na época, no time dele, muitos ex-profissionais jogaram no time dele com certa idade. E a gente sabe que, além de o esporte levar você para uma vida saudável, ele te garante bons relacionamentos”, pontua o guarda.

Registro de Tachinha durante jogo de futebol com amigos. (Foto: Arquivo pessoal)
Registro de Tachinha durante jogo de futebol com amigos. (Foto: Arquivo pessoal)
Ex-jogador recebendo premiação em campeonato de futebol. (Foto: Arquivo pessoal)
Ex-jogador recebendo premiação em campeonato de futebol. (Foto: Arquivo pessoal)

Na lista de amigos, o engenheiro civil aposentado Wilson Cabral define Tachinha como um irmão na vida pessoal e, falando do futebol, um verdadeiro craque. “Quando eu era garoto, já ouvia falar dele como jogador do Comercial e Operário. Em 1977, jogava futebol em um time chamado Oshiro, e ele foi para lá jogar, já era veterano, mas logo nos tornamos muito amigos”.

Com a abertura da loja, o relacionamento se tornou mais próximo, tanto que Cabral migrou para o time do comerciante ao lado de outros colegas. As lembranças são de uma época em que as vendas eram boas para Tachinha e com possibilidade de muitas viagens para jogar bola.

“Ele era um gênio. Para você ter uma ideia, eu não o conhecia ainda, mas ele foi para o Flamengo. Na época, isso aqui era o fim do mundo, mas ter uma pessoa que foi para o Flamengo era uma grandeza. Isso nos dava orgulho”, exemplifica Cabral para dimensionar a importância do amigo.

Wilson explica que em 1996 houve o fim do time, mas isso estava longe de significar o encerramento da amizade.

Ainda sobre o legado de Tachinha, o engenheiro aposentado destaca que até hoje se fala em como o amigo foi o melhor jogador de futebol amador da época.

Mesmo veterano, era um craque, um gênio dentro da quadra. Sou até suspeito de falar, mas jogava muito! Com ele, conquistamos a Copa Morena, a Taça Canarinho, os Jogos Abertos e a Taça Estadual. Ele era um jogador espetacular, na frente, era uma beleza ver ele jogar", garante Cabral.

Também engenheiro civil, o antigo secretário de obras de Campo Grande, José Nina ainda era criança quando conheceu o jogador. Por volta dos 8 anos de idade, pulava o muro do Belmar Fidalgo para assistir aos treinos que ocorriam ali.

Nesse período, Tachinha jogava no time amador do ASA F.C, time da Base Aérea, segundo as memórias de Zé Nina. “Quando eu tinha 14 anos, comecei a jogar no juvenil e o Tachinha orientava o pessoal do Dom Bosco. Foi ali que começamos a ter mais amizade. Começamos a jogar futebol de salão, depois ele montou o time dele com amigos nossos, como o Cabral”.

Nina permaneceu integrando o time e, mesmo após o fim da trajetória do grupo em campo, a parceria seguiu. “Nós ficamos amigos, tipo irmãos mesmo e envelhecemos juntos”, diz.

Com tanto a dizer sobre o amigo, para Marcelo Darzi, Tachinha se tornou imortal e isso precisa ser levado adiante. Por parte dos familiares e amigos, ele conta que a memória do ex-jogador não irá se apagar, mas é necessário ampliar o empenho.

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Além de atleta, ele era um grande incentivador. Adorava futebol, esporte e hoje a gente vê o esporte mais modesto, mas naquele tempo era muito praticado. Ele vai deixar um legado de esporte, de incentivo e tenho certeza que vão haver campeonatos com o nome deles, times, enfim, é algo que vai ficar e que precisa ser visto por muitas gerações”, completa Darzi.

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