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Diversão

Há 30 anos, José é requisitado nos bailes e cobra R$ 15 para dançar

Ele e outros convidados das festas são a salvação de quem não tem parceiro na noite

Por Natália Olliver | 22/04/2025 07:32
Há 30 anos, José é requisitado nos bailes e cobra R$ 15 para dançar
Sem parceiro para o baile, quem não quer ficar só olhando tem que pagar personal dancer (Foto: Osmar Veiga)

Não é de hoje que quem manda bem nos bailes cobra pela noite de passos para quem não tem parceiro, mas recentemente, no clube de dança Janete Martins, conhecemos algumas histórias de quem, há décadas, virou parceiro requisitado nos bailes, sem cometer a gafe de pisar no pé da parceira, como muitos fazem até hoje. E alguns lucram bem, viu: R$ 15,00 a cada cinco músicas.

É o caso de José Milton Barbosa, de 75 anos, que há 30 anos dança e hoje é um dos mais velhos no local. Quem indica os serviços dele é Tereza Brites, filha de uma das irmãs viúvas que recentemente contaram sua busca por namorados para acompanhar na dança. Ela mesma já contratou o dançarino para alegrar a noite da mãe e das tias na pista. E deu certo!

Há 30 anos, José é requisitado nos bailes e cobra R$ 15 para dançar
José Milton Barbosa dança há 30 anos e cobra R$ 15 por cinco músicas (Foto: Osmar Veiga)

José comenta que cobra R$ 15 para dançar o que ele chama de seleção, que contém cinco músicas sem pausas. Isso se for apenas uma mulher. Já aquelas que querem perdurar a festa até o final, o valor fica em R$ 150. Se for mais de uma, sobe para R$ 200.

“Sou de Rio Brilhante, mas criado em Dourados. Eu sempre dancei, sou profissional há 30 anos. Todo mundo que dança cobra, porque eu sou o mais velho da turma, não vou ganhar também?”, brinca. A procura, segundo ele, é constante e não faltam clientes. “Eu amo o que eu faço, danço porque eu gosto e preciso ganhar. As mulheres procuram muito, meu celular estoura.”

Há 30 anos, José é requisitado nos bailes e cobra R$ 15 para dançar
Baile realizado em homenagem a Maria Metello, em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)

Não foi só José Milton que dançou com as irmãs viúvas, Maurílio Jorge dos Santos também já foi pago para balar com elas. Aos 64 anos ele conta que foi convidado para ser personal recentemente, mas que já dançava desde a pandemia de covid-19. O valor cobrado é o mesmo do amigo José Milton, R$ 15 a sequência e R$ 200 quando é mais tempo.

Danço com todo mundo que gosta de dançar. Tem dama que ninguém tira elas para dançar. Antes eu fazia de graça. Ai tem umas que só querem dançar com você ei não dá porque assim é namoro. Se fosse assim arrumava uma namorada. Gosto de dançar com todas. Falta homens para dançar nos bailes. Eu uni o útil ao agradável".

A procura é grande, mas ele ressalta que para que elas realmente gostem, o homem precisa ser cheiroso e cavalheiro. "Tem que estar limpinho e cheiroso aí as mulheres procuram bastante. Tem que ser cavalheiro mesmo".

Mais novo na profissão, Rodrigo Lucas, de 29 anos, dança há um ano nos bailes com a mulherada. Ele conta que a procura é maior na faixa de 50 a 60 anos. Para ele, o negócio surgiu como ideia das amigas do estúdio onde ele faz aulas.

“As mulheres começaram a me convidar: ‘Quer ir no baile com a gente?’ Como já existe isso, vários homens fazem, e minhas amigas falaram que eu daria um bom personal. Elas falaram de dar uma ajuda de custo no início e tudo. Eu ia até de graça porque gostava. Me apaixonei pela dança mesmo.”

O trabalho custa R$ 200 por três horas dançando, mas, assim como José, o preço aumenta caso Rodrigo tenha que dançar com as amigas da contratante, por exemplo.

“Comecei assim, aí fiquei conhecido nos bailes. Elas querem tranquilidade e respeito, então elas preferem contratar. É algo profissional. A gente vem para trabalhar e elas, para se divertir. Tenho um emprego e estou conseguindo conciliar, mas dá pra viver disso sim."

Maria Mendes, de 60 anos, é professora aposentada e recorreu a Rodrigo para poder dançar na festa. Apesar de ouvir que essa era uma boa saída para não ficar só vendo as pessoas dançarem, ela demorou para, enfim, contratar.

Há 30 anos, José é requisitado nos bailes e cobra R$ 15 para dançar
Maria Mendes contratou Rodrigo Lucas para dançar nos bailes da melhor idade (Foto: Osmar Veiga)

“Faz pouco tempo. Eu sempre gostei de dançar, mas estou aprendendo. Não é sempre que contrato. Eu chamei ele, ele vem e dança só com você. A não ser que tenha mais amigas que queiram também. Eu pago até o final do baile. Aqui é o que tem”. Tímida, ela prefere não ser fotografada dançando.

Para ela, o problema é a concorrência, com muitas mulheres para poucos homens. “Tem muito casal no baile e, quando não tem, são 10 homens para 100 mulheres, por exemplo, e não é todos que dançam, principalmente comigo que sou mais baixinha. Achei uma pessoa maravilhosa, me sinto bem”.

Há 30 anos, José é requisitado nos bailes e cobra R$ 15 para dançar
Mulheres recorrem a personais dancers para ter com quem dançar nos bailes (Foto: Osmar Veiga)

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