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Diversão

1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade

Escolas de samba celebraram figuras marcantes da cultura, da literatura e da história na segunda-feira

Por Jéssica Fernandes | 04/03/2025 07:02
1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade
Herdeiros do Samba abriram o desfile em Campo Grande, na noite de segunda-feira. (Foto: Paulo Francis)

Com um desfile de encher os olhos, homenagens e enredos marcantes, as Escolas de Samba fizeram sua estreia no Carnaval 2025, na Praça do Papa. Na segunda-feira (03), Herdeiros, Vila Carvalho, Catedráticos e Igrejinha encantaram o público durante toda a noite.

RESUMO

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O Carnaval 2025 em Campo Grande teve início com desfiles emocionantes na Praça do Papa. Na primeira noite, Herdeiros do Samba, Vila Carvalho, Catedráticos e Igrejinha encantaram o público com enredos marcantes e homenagens. Herdeiros do Samba celebrou a escritora Nirce Ortega, enquanto a Vila Carvalho destacou a força de Dona Inêz. A Catedráticos do Samba fez uma viagem pelos quadrinhos, homenageando o vereador Ronilço Guerreiro. A Igrejinha encerrou a noite exaltando a comunidade quilombola de Furnas do Dionísio. O evento foi marcado por arquibancadas lotadas e muita emoção dos participantes e espectadores.

O presidente da Lienca (Liga das Escolas de Samba de Campo Grande), Alan Catharinelli, disse que as escolas brilhariam na avenida em um ano que promete ser bastante disputado. “Foi um ano de muita preparação, muita ansiedade, e estamos prontos para receber toda a população. Nossas escolas de samba já vão brilhar na avenida. Está bem concorrido. As escolas são lindas, alegres.”

À espera do desfile, Lúcia Xavier, de 71 anos, fã de Carnaval e integrante de uma família envolvida na folia, comentou sobre a emoção de acompanhar a festa. “Minha filha desfilou em Florianópolis, e aqui ela desfilou na Igrejinha. Este ano, estou participando, e meu sobrinho vai receber uma homenagem, o Ronilson Guerreiro”, contou.

1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade
Lúcia Xavier garantiu lugar perto da passarela para ver as apresentações. (Foto: Paulo Francis)

Em uma noite de arquibancadas lotadas, Roberto Mattos, de 45 anos, garantiu lugar no gradil, bem perto da avenida. Ele relatou sua ligação de longa data com o Carnaval de Campo Grande e sua participação em mais de uma escola.

“Eu sou componente de uma escola de samba há 31 anos, da Unidos do Cruzeiro. Fui mestre-sala por 15 anos, hoje já entreguei o posto. Faço parte da organização e amanhã minha escola desfila. Torço para todas, o Carnaval de Campo Grande vem melhorando muito. Hoje eu vim assistir e vou desfilar também pela Catedráticos”, declarou.

Herdeiros do Samba: De Baiana a Imortal

1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade
Vestindo tons dourados, Nirce Ortega desfilou pela agremiação Herdeiros do Samba. (Foto: Paulo Francis)

A Herdeiros do Samba brilhou ao contar a história de Nirce Ortega de Oliveira, escritora nascida em Corumbá. Por volta das 20h25, a escola iniciou o desfile com o samba-enredo marcado pelo refrão:

“Roda Baiana encante essa passarela. A Herdeiros a aplaudindo. Esta é a ala mais bela. Sua Paixão Vermelho e Branco de você fez Imortal. Desfilando e escrevendo a História do Carnaval”

A trajetória de Nirce, de 72 anos, foi representada desde a infância até sua atuação na Igrejinha e seu ingresso na Academia Brasileira de Letras. Batizada como “Renascer da Fênix”, a comissão de frente veio seguida pelo carro abre-alas “Linda Baiana”.

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Elementos infantis narraram parte da história da matriarca. (Foto: Paulo Francis)

Vestindo tons dourados e amarelos, Nirce desfilou pela escola, vivendo um capítulo especial de sua própria história. “É a melhor coisa do mundo. Você fica nas nuvens, não acredita que é você”, disse emocionada.

A escritora também relembrou o momento em que conheceu a escola e agradeceu a homenagem da presidente Fátima da Luz. “Acho que em 2018, a Fátima deixou eu ver a escola. Aí eu escrevi o livro 'Paixão Vermelho e Branco'. Ela está me homenageando hoje, então sou muito grata”, afirmou.

Unidos da Vila Carvalho: A força de Dona Inêz

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Dona Inêz inspirou o Carnaval 2025 da Unidos da Vila Carvalho. (Foto: Paulo Francis)

A Unidos da Vila Carvalho emocionou a Passarela do Samba com a história de Dona Inêz, matriarca da escola. Às 21h22, o carro abre-alas “Renascer das Cinzas” simbolizou os momentos difíceis da matriarca, que, com sua força, renasceu das adversidades.

Na comissão de frente, jovens passistas representaram a infância de Inêz, alternando entre brincadeiras e as responsabilidades de ajudar a mãe nas tarefas de casa. O casal de mestre-sala e porta-bandeira trouxe uma arara azul, símbolo da escola, representando a fidelidade e o amor à comunidade.

Ao som do samba-enredo “Inêz: de Matriarca à Força da Nação Feminina da Nação Verde e Rosa”, a Unidos da Vila Carvalho celebrou a força das mulheres que, como Dona Inêz, são pilares de sua comunidade.

1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade
Mestre-sala e porta-bandeira da Unidos da Vila Carvalho. (Foto: Paulo Francis)

No fim do desfile, Inêz de Castro, de 83 anos, ainda no carro alegórico, destacou o que significa ser homenageada pela escola com a qual compartilha meio século de vivências. “Há quase 50 anos que estou aqui. O significado da Vila Carvalho é tudo, tenho filhos e netos aqui”, pontuou.

Catedráticos do Samba: Uma viagem pelos quadrinhos

Terceira escola da noite, a Catedráticos entrou na avenida às 22h30. O samba-enredo “Gibiteca: Ler, Cantar e Sambar é Muito Melhor” fez um convite para viajar pelas páginas da imaginação sem limites.

Esse convite ficou claro através do refrão "Vem viajar, eu vou me perder. Nas páginas de um sonho, venha renascer. Entre quadrinhos, histórias sem fim. A Gibiteca é a alma que vive em mim”.

1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade
Princesas e outros personagens de livros tiveram destaque nas alegorias. (Foto: Paulo Francis)

Nos carros alegóricos e nas alas, cada detalhe foi pensado como um verdadeiro almanaque de histórias ilustradas, exaltando desde os primeiros fanzines até os mangás.

O vereador Ronilço Guerreiro, homenageado da noite, falou sobre a emoção de ver sua história transformada em Carnaval. “Na Gibiteca tem uma frase: tudo aqui um dia já foi um sonho”, destacou.

Ele também recordou o momento em que encontrou um gibi do Zé Carioca no lixão e, anos depois, fundou uma das maiores gibitecas do Brasil. “Esse gibi me levou a criar o projeto social, e hoje temos 25 mil gibis”, declarou.

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Ronilço foi homenageado pela Catedráticos do Samba na segunda-feira. (Foto: Paulo Francis)

Igrejinha: Furnas do Dionísio - Liberdade e conquista de um quilombo

Fechando a noite, a Igrejinha exaltou a força da comunidade quilombola de Furnas do Dionísio. Às 23h57, a bateria deu o tom da celebração, destacando o momento em que a agremiação pediu a bênção de Nossa Senhora para um desfile tranquilo.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representou os “Guardiões das Memórias”, papel que, na comunidade quilombola, cabe aos mais velhos, responsáveis por preservar e transmitir os valores ancestrais.

1ª noite de desfile é marcada por homenagens, tradição e ancestralidade
Carro alegórico da Igrejinha também trouxe elementos em homenagem a Dionísio. (Foto: Paulo Francis)

Com o forte refrão: “Respeita o tambor, é ancestralidade. Ao som do meu tambor, salve a liberdade. Sou eu, me livrei das senzalas e venci. É Furnas do Dionísio, pode aplaudir”, a escola fechou a noite com chave de ouro.

A rainha da escola, Selma Prestígio, que desfila há 14 anos e nos últimos quatro ocupa um posto de destaque, falou sobre a escolha do tema. “Ano passado homenageamos a Tia Eva e muitos descendentes do Dionísio desfilam na nossa escola, então nada mais justo do que homenagear Furnas. A Igrejinha para mim é vida, seremos campeões este ano”, declarou.

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