Bloco devolve vida à Orla e mostra que festa também existe fora da Esplanada
Com espuma e comida, matinê Barra da Mãe conquistou de vez quem gosta de levar os filhos para o Carnaval

Esquecida na programação de Carnaval, o cenário histórico da Orla Morena recebeu um bloco que, embora aberto para todos os públicos, foi composto por crianças, mulheres e idosos. O lugar ganhou vida com a chegada da Cia Barra de Saia, que estreou no Carnaval nesta segunda e mostrou que a festa também pode existir fora do tumulto da Esplanada Ferroviária.
Com espuma e comida, a matinê, o Barra da Mãe conquistou de vez quem gosta de levar os filhos para o Carnaval, mas foge do que é feito entre a Avenida Mato Grosso e Calógeras. Inclusive, esse foi um dos motivos que atraiu os foliões para Orla.
Angela Montealvão, idealizadora do bloco, explica que montar um do zero é difícil, mas que se surpreendeu com a forma que as pessoas abraçaram o Bara de Saia. Ela fazia parte do tradicional Capivara Blasé.
“Eu fico encantada, porque quando a ideia surgiu eu jamais imaginei que ela fosse se materializar com essa potência. E eu não posso dizer que foi feito sozinha, porque as pessoas, de forma muito encantada, foram agregando, trazendo serviços, apoio, auxílio, e a gente estreou o bloco. Acredito que nesse tamanho aqui não é digno de uma estreia, mas sim do tamanho de um caminho percorrido”.
Além do próprio bloco ser uma novidade para os foliões mirins, o Cia traz um jeitinho diferente de pular Carnaval, de maneira itinerante, ou seja, não é fixo. As atividades para as crianças começaram no palco do Teatro da Orla com o grupo Batucando Histórias e depois seguiram até a Conveniência do Gibinha, famosa na região. Angela ressaltou que até os moradores ajudaram na limpeza do espaço.
Durante a folia, pinturas, salgadinhos e bolos foram oferecidos para as crianças. Músicas infantis e brincadeiras de infância como pular amarelinha foram resgatadas.
Vestida de ‘Seu Boneco’, da Escolinha do Professor Raimundo, Mariana Caítani levou o filho Antônio de 6 anos para curtir com as crianças. Embora não morem perto, ela conta que adorou a ideia de ocupar uma região ‘"não vista".
“Não moramos aqui perto mas achei uma ótima ideia. Tem lugar para estacionar. O cortejo ser nesse espaço que é tão amplo, tira um pouco do Centro e aproveita um pouco mais a cidade. Isso dá vida e traz visibilidade para um ponto totalmente esquecido”, disse.
Grávida do segundo filho, Mariana comenta que deixou de curtir o Carnaval como antes, mas que tenta estimular no pequeno o gosto pela festa. “Incentivo ele o gosto, a parte de se fantasiar ele adora muito”.
Até a Manuela de 11 meses estava na folia. A mãe Brenda de Assis, de 20 anos, fez questão de levar o bebê. Nascida em berço de samba e Carnaval, ela conta que desde pequena teve contato com os blocos e espera passar isso para os filhos. A tia, Ariana de Assis Veloz, também levou os dois filhos para lá e comemorou o lugar escolhido.
“É muito bom, eu gosto do Carnaval e sempre vamos na Esplanada, as crianças amam. Mas moro aqui pertinho”, comenta Ariana, “Ano passado a Esplanada estava longe para gente, e eles ficaram doidos para vir. Sou carnavalesca”, completa Brenda.
Falando em comemoração, Angela celebrou a decisão de ter escolhido a Orla como novo ponto para o Carnaval de Campo Grande e afirmou que o espaço é ideal para um futuro trio elétrico.
“Aqui é um espaço que eu sempre namorei. Sempre fui muito encantada pela Orla. Eu acho que é um espaço que por natureza respira cultura e faltava algo. Futuramente quando o bloco crescer e nós tivermos um grande trio elétrico, aqui tem condições técnicas de receber esse caminhar”.
Além das crianças, Eveline Olive, de 41 anos, não abriu mão de levar a avó, Teresinha Olive, de 87, para cair da folia. Parte da família estava com elas. O som dificulta a conversa com Teresinha, mas a neta fala pelas duas. Eveline conta que a avó tem Alzheimer e que ela sempre gostou de Carnaval.
“Ontem fui em um e ela ficou chateada porque não tinha nada de fantasia. Falei que tinha aqui e que iria comprar uma para ela. Comprei uma de flor ela não quis, disse que queria de orelhinha. Ela veio toda de rosa e apaixonada pela cor.”
O bloco estar mais próximo é uma facilidade, já que a avó está na cadeira de rodas. “Gostei, isso é ter inclusão e atividade para gente. Traz vida para cá. Eu não teria coragem de levar ela no Valu, por exemplo. Então isso inclui todo mundo”.
Marlene Borega também é uma vizinha da Orla e acompanhou a neta na matinê. Para ela, além de ser parte do lazer participar do bloco, é uma oportunidade de quem mora ali não precisar se deslocar para o Centro.
“É uma boa, foi mais tranquilo que em outros lugares que estão mais cheios e uma oportunidade de quem não pode se deslocar curtir aqui. Isso atrai muitos idosos, aqui de manhã tem ginástica e tem muitos idosos. É uma oportunidade para não depender de ônibus para ir para os lugares”.
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