Alok e Brô MC’s lançam disco com 90% das faixas em guarani-kaiowá
Grupo conta que não tem medo não agradar e está apostando em um cenário mais aberto à cultura

Sem medo de não agradar e apostando em um cenário mais aberto à cultura indígena, o Brô MC's lança nesta quinta-feira o tão sonhado álbum “Retomada”, feito em parceria com DJ Alok. Ao Lado B, os músicos contam que 90% das músicas do disco são cantadas na língua nativa guarani-kaiowá. O projeto já estava pronto desde 2019, mas só agora entra nas plataformas digitais.
RESUMO
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Brô MC’s, grupo de rap indígena de Mato Grosso do Sul, lança hoje o primeiro álbum de estúdio, “Retomada”, em parceria com o DJ Alok. O disco, com 90% das letras em guarani kaiowá, celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas e integra a coleção 'Som Nativo' do Instituto Alok, que visa preservar línguas originárias. Com nove faixas, o álbum aborda temas como a luta pela terra, a preservação da cultura indígena e a resistência diante das adversidades. O grupo, formado por Kelvin, Bruno, Charles e Clemerson, das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, usa a música para denunciar as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas e levar sua mensagem para um público mais amplo. Entre as músicas de destaque, estão “Até o Fim” e “Cemitério”, que retrata a realidade dos Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul.
Esse é o primeiro disco de estúdio do grupo mais antigo de rap indígena de Mato Grosso do Sul e estará disponível no dia 8, às 18h nas plataformas. Kelvin, um dos integrantes, conta que o projeto tem 9 faixas e conta com a participação da deputada federal Célia Xakriabá.
O álbum chega para celebrar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, neste sábado (9). Ele faz parte da coleção 'Som Nativo', do Instituto Alok. Junto dele, mais oito álbuns feitos por músicos de diferentes etnias brasileiras. O objetivo é fortalecer a preservação das línguas originárias e evidenciar sua riqueza musical.
“Estávamos só esperando o sinal verde para lançar. Estamos super felizes, uma alegria imensa de finalmente poder mostrar o novo trabalho. O ‘Retomada' é mais que uma palavra, é um poder de existência, de poder levar a palavra para os nossos irmãos através da música. Estamos mostrando que o Brô está ativo e com uma nova cara no rap indígena”.
Ele acrescenta que, antes do álbum completo, eles já traziam em singles assuntos que falavam sobre as dificuldades que os indígenas passam ao longo da vida, a luta para manter a língua originária viva e mensagens de otimismo para os povos guarani-kaiowá.
“O álbum é uma narrativa, para nós o nome tem um significado grande, que é uma forma da gente se fortalecer culturalmente e na linguagem. De retomar a nossa origem. Para nós, a palavra é vida, é proteger não só a terra ancestral, mas a natureza e o meio ambiente”, completa.
Falar sobre as tragédias vividas pelos povos indígenas do Estado sempre foi um desafio para o grupo, que enfrentou além das dificuldades enfrentados por qualquer músico: provar a própria existência. Depois de mostrar que eles tinham voz, era hora de fazer a música ser ouvida.
Kelvin ainda explica que foi preciso coragem para denunciar a situação dos povos indígenas nas músicas. “Até então não se sabia sobre os povos indígenas Guaranis e Kaiowás de Mato Grosso do Sul, e a partir das nossas denúncias, através das nossas músicas, isso fez com que chegassem informações até as pessoas que realmente se importam com indígenas e de chegar aos ouvidos de ativistas e autoridades políticas”.
Ao todo, são mais de 15 anos de carreira. O grupo é formado, além de Kelvin, pelos amigos Bruno, Charles e Clemerson. Todos vieram das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados.
Entre as conquistas estão, desde o reconhecimento de sua existência enquanto músicos até convites para tocar em eventos da ONU (Organização das Nações Unidas), no Museu do Grammy, e participar do Rock in Rio em 2024, onde tocaram a música “Até o Fim”.
“A gente aborda muito sobre a questão fundiária, sobre o esquecimento dos povos que a galera faz com os povos aqui em Mato Grosso do Sul, falamos sobre a pandemia que tivemos e fazemos o rap motivacional de como ser indígena, de como não desistir do que a pessoa quer. Falamos muito esse tema, de nos fortalecer por ser indígena, das coisas que encontramos no decorrer da nossa vida”.
Para Kelvin, a faixa 'Até o Fim"é uma das favoritas deles. Outra que também marca a trajetória é a canção “Cemitério”.
“Essa música é importante, mas temos a Cemitério, que é pesada, fala sobre os povos indígenas guarani-kaiowá daqui de Mato Grosso do Sul. Eu acho que com o novo álbum podemos mostrar o nosso trabalho para mais público, para o mundo. Através da música a galera entende mais sobre a cultura indígena e língua indígena dos Guarani Kaiowá”.
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