De volta às origens, bloco faz pré-carnaval para mostrar poder do Bairro Amambaí
Intenção do bloquinho do Teatro Imaginário Maracangalha e da Presidente da Associação do bairro é ocupar a região mais antiga da cidade, hoje esquecida, com alegria e cultura
O bloco Evoé Baco, do Teatro Imaginário Maracangalha, faz pré-carnaval pelo bairro Amambaí hoje, a partir das 18h, com vontade de devolver à região o status de lugar importante na cidade.
Os integrantes do Maracangalha, em sua maioria atores, artistas e músicos, tem na arte o ganha pão diário e ideologia de vida. Então, o que para muitos é só folia, para essa galera é mais uma oportunidade de luta por projetos que valorizem o poder da cultura.
O pré-carnaval é o início da comemoração dos sete anos do Evoé Baco. Por isso, a organização do evento escolheu realizar o cortejo no bairro em que tudo começou, o Amambaí. "Nossa sede está aqui. Como comemoramos por muitos anos no São Francisco decidimos voltar pra cá", comenta o responsável pelo Imaginário Maracangalha, Fernando Cruz.
O bairro Amambaí é um dos mais antigos da cidade e, hoje, parece esquecido, por conta do abandono do prédio da antiga rodoviária, pela consequente ocupação do espaço por dependente químicos e falta de projeto especifico para incentivar a espaços culturais na região.
"Esse é um dos motivos pelo qual escolhemos esse endereço, para trazer alegria a essa região que carrega tanto da história de Campo Grande", finaliza Fernando.
O evento faz parte uma série de iniciativas culturais com a intenção de levar cor ao cinza que se tornou parte da região, e atrair a atenção do poder público para a potencialidade de um dos bairros mais antigos de Campo Grande, que de acordo com a Presidente da Associação de Moradores e responsável pelo prédio da rodoviária antiga, Rosana Neli, possui 70% da rede hoteleria de toda a cidade.
O sonho de Rosana começa por transformar a rodoviária desativada em 2011 em um centro cultural, com cinemas a preço democrático e teatros. Determinada, ela diz que não sai da administração, voluntária, enquanto não ver seu sonho se tornar realidade. "Já estou há três anos e não pretendo sair, quero ver isso aqui mudar", conta.
Ela adianta, inclusive, que o diálogo com a Prefeitura Municipal parece estar avançado. "O problema é que o prédio, em si, é privado, então se uma a parte pública melhorar a gente espera que todo o resto caminhe junto", explica. A área pública toma conta de 14% de toda a rodoviária antiga.
Enquanto essas ações não tomam forma, Rosana vai fazendo o que pode, inclusive com os dependentes químicos que tomaram conta da região. "Esses usuários não são criminosos. O perfil deles é outro sabe? Aqui existe um problema de saúde pública, social, eles precisam de tratamento. Eu nunca fui assaltada nessa região".
A presidente, que também mantem como projeto pessoal a administração do bar Bola 7, esquina com o prédio histórico, tem buscado movimentar o espaço com eventos culturais. O último foi o Tá Danda Pinta, bloco LGBT, que atraiu mais de 3 mil pessoas para o bairro Amambaí.
Hoje, o tradicional cortejo do Maracangalha começa na sede do grupo, na Rua Nicollau Fragelli, e segue até o Bola 7, que já foi palco para outro evento do Maracangalha em 2013, o Sarobá.
Lá acontece a primeira etapa do concurso 2ª gira de marchinhas, com participação da orquestra de rua Vai Quem Vem, e apresentação dos vencedores desse mesmo concurso realizado ano passado. "Vai ter também ensaio aberto da Charanga de marchinhas, para provar que a gente faz um carnaval colaborativo, onde cada um faz um pouco e agrega toda a galera", comenta.
A entrada é gratuita mas os artistas esperam arrecadar um quilo de alimento não perecível como contribuição de cada pessoa para ser doado as comunidades indígenas Guarani Kaiowa de Mato Grosso do Sul.
A expetativa, de acordo com Rosane Neli, é de que pelo menos 500 pessoas participem do 1º grito de carnaval do Evoé.
Serviço - O bar Bola 7 fica na rua Joaquim Nabuco, 107. Para saber mais acesse este link.