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Lado Rural

Manejo das pastagens é estratégia eficiente para bons resultados do rebanho

Atenção com o pasto garante dieta de qualidade para os animais e, consequentemente, maior ganho de peso diário

José Roberto dos Santos | 07/07/2023 16:04
Bovino criado em regime extensivo; negligência do produtor quase sempre termina em degradação das pastagens. (Foto: Divulgação)
Bovino criado em regime extensivo; negligência do produtor quase sempre termina em degradação das pastagens. (Foto: Divulgação)

De uma forma simplista, o manejo das pastagens consiste em entregar “na boca do boi” o que há de melhor no pasto. Nestes sistemas de produção a pasto, quanto melhor for este manejo, melhor será a dieta que os animais irão receber. Com isso, o GMD (Ganho Médio Diário) será melhor. Em Mato Grosso do Sul, o rebanho bovino é de cerca de 18,6 milhões de cabeças, desse total só algo em torno de 3% é terminado em confinamento, o restante é todo tratado em regime extensivo, isto é, a pasto.

“A equação é simples: quanto maior o GMD, maior a lucratividade no sistema de produção”, avalia o pesquisador da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), Flávio Dutra. No entanto, na opinião do pesquisador, o pecuarista é negligente com o pasto e, com isso, os resultados de desempenho animal são baixos. “Como agravante, vem a degradação das pastagens, o que causa um aumento no prejuízo do produtor”.

A opinião do pesquisador é reforçada pela médica veterinária, Júlia Marques. Para ela, o pecuarista deve compreender que a arroba mais barata que existe é a produzida em pastagens de qualidade. “O manejo das pastagens é uma solução econômica e uma estratégia eficiente para bons resultados do rebanho”, afirma.

Pastagens bem manejadas devem proporcionar o GMD estabelecido dentro do planejamento prévio, bem como o ganho por área. Essas duas variáveis devem ser trabalhadas em conjunto, pois o ganho médio diário é que “paga a conta” de cada animal e o ganho por área atua como redutor de custo fixo. Os dois, bem alinhados, garantem a lucratividade do sistema de produção.

Manejo nas épocas secas e chuvosas

De uma maneira geral, o pecuarista precisa respeitar a característica da espécie forrageira da propriedade, na experiência da médica veterinária. Nas chuvas, de forma prática, esse manejo precisa levar em conta a altura da planta.

Em sistemas rotacionados, o pecuarista precisa considerar a altura ótima de entrada, pois se passar desse ponto, haverá muita morte de folhas e, com isso, prejudicará a qualidade da dieta dos animais, comprometendo o desempenho. Por outro lado, deverá respeitar a altura ótima de saída, pois são as folhas remanescentes que serão responsáveis pela realização da fotossíntese e com isso, iniciar um novo ciclo de crescimento.  Se o pecuarista quebrar essa regra, irá prejudicar, ora o animal e ora o pasto e os dois sairão perdendo.

Gado criado a pasto em propriedade rural; pecuarista precisa estar atento ao momento de entrada e saída do gado. (Foto: Divulgação)
Gado criado a pasto em propriedade rural; pecuarista precisa estar atento ao momento de entrada e saída do gado. (Foto: Divulgação)

Na seca, fase mais crítica da produção de carne, esse manejo deve ser pensado no período de chuva anterior, pois, no período das secas, o pecuarista irá manejar o estoque de forragem que foi armazenado anteriormente. Nesse caso, trata-se do diferimento das pastagens no final do período das águas para serem usadas no período da seca, e aqui novamente, o pecuarista precisa ser muito hábil pois, se diferir no momento errado, haverá um crescimento exagerado da planta forrageira, muita morte de folha precocemente e pior, um elevado grau de tombamento das plantas no momento do uso no período seco.

O ponto mais importante nesse período de transição de seca para chuva é a estrutura do pasto, com cuidados direcionados para que a pastagem não fique rapada demais e nem com excesso de folhas. “A estrutura desse pasto irá interferir bastante na formação do pasto de chuva, no consumo do suplemento e no desempenho do rebanho durante a época de transição e, também, no período de chuvas”, reforça a Júlia Marques.

Transição      

O animal que sofreu restrição alimentar na seca inicia o período chuvoso com os órgãos viscerais em menor tamanho e metabolismo reduzido, para economizar energia durante a fase de restrição nutricional. “Para esse animal voltar ao normal e ganhar peso em uma qualidade satisfatória, leva um tempo. Por isso, a ideia do manejo de condicionamento é acelerar a recuperação dos animais através da intensificação nutricional por 30 a 50 dias durante o período de transição”, explica a médica veterinária.

Desta forma, na época em que o pasto estará na melhor qualidade nutricional, o animal consegue aproveitar ao máximo. Essa recuperação do metabolismo pode ser feita com suplementos proteico e energéticos de forma adequada. “A ideia é recuperar esse animal o mais rápido possível, para que ele volte a depositar carne e o pecuarista consiga aproveitar mais a pastagem que estará mais propícia”, recomenda a Coordenadora.

“O ponto mais importante nesse período de transição de seca para chuva é a estrutura do pasto, formar corretamente o pasto de águas. Outro ponto importante é recuperar rapidamente os animais que sofreram na seca por meio do manejo de condicionamento. Atitudes corretas nesta fase propiciam maiores ganhos zootécnicos e financeiros para a fazenda”, finaliza Júlia.

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