“Nível crítico”: expedição com pesquisadores revela degradação do Rio Miranda
Rio está com lâmina de água abaixo de 50 cm em trechos que já registraram 5 metros de profundidade
O IHP (Instituto Homem Pantaneiro), em colaboração com várias instituições, alerta que o nível do curso d’água do Rio Miranda, um dos principais tributários do rio Paraguai, que forma o Pantanal, está em “crítica situação”. O nível do curso d’água rio está com lâmina de água abaixo de 50 cm em trechos que historicamente já registraram mais de 5 metros de profundidade.
Na região de nascente do Rio Miranda, ao longo de 70 km, foram identificados 53 hectares de passivos ambientais que necessitam de recuperação. Constatações foram feitas durante a Expedição Rio Miranda, realizada na última quinta-feira (5).
O biólogo Wener Hugo Moreno, do IHP, destacou que áreas de preservação permanente (APP) que deveriam ter uma proteção de 50 metros estão ausentes em vários pontos. “A falta de vegetação permite que o rio carregue sedimentos, afetando a navegabilidade, a profundidade e causando prejuízos aos proprietários. Em alguns casos, proprietários perderam áreas significativas devido à erosão,” explica.
Também presente na expedição, a doutora em Geografia e professora da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Cristiane Dambrós, detalhou as análises realizadas durante a expedição, que incluíram a verificação da presença de poluentes e o estudo das condições de sedimentação e erosão.
“Observamos comprometimento na biodiversidade e processos erosivos intensificados, além de bancos de areia que estão começando a se consolidar em ilhas,” explicou Cristiane.
Já o presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Miranda e do IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena), Eduardo Foley Coelho, enfatizou a necessidade de um esforço conjunto para reverter a degradação. “A apresentação dos resultados da expedição ao Comitê e à sociedade civil visa sensibilizar todos os envolvidos para que medidas eficazes sejam adotadas,” afirmou.
De acordo com o IHP, um relatório detalhado sobre os passivos identificados e informações adicionais de monitoramentos serão submetidos ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Miranda e ao Ministério Público Estadual para futuras decisões e ações.
Participaram da expedição o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, o IGMA (Instituto Guarda Mirim Ambiental de Jardim), IASB, o Ministério Público Estadual – promotoria de Jardim, a Polícia Militar Ambiental, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a UEMS campus de Jardim e o Exército Brasileiro (4ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada).
Bacia - A bacia do Rio Miranda abrange os municípios de Terenos, São Gabriel do Oeste, Campo Grande, Bandeirantes, Dois Irmãos do Buriti, Aquidauana, Rochedo, Maracaju, Bodoquena, Bonito, Nioaque, Sidrolândia, Corguinho, Jardim, Corumbá, Miranda, Ponta Porã, Rio Negro, Guia Lopes da Laguna, Porto Murtinho e Anastácio.
Com uma área de 44.740 km², a bacia abriga cerca de 50% da população de Mato Grosso do Sul e integra a Bacia do Alto Paraguai.
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