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Meio Ambiente

Pesquisa vai medir impacto do fogo no Pantanal para o aquecimento global

Debate feito hoje vai analisar emissão dos gases do efeito estufa no bioma pantaneiro

Guilherme Correia e Izabela Cavalcanti | 04/08/2022 10:19
Pesquisadores durante debate nesta quinta-feira, em Campo Grande. (Foto: Izabela Cavalcanti)
Pesquisadores durante debate nesta quinta-feira, em Campo Grande. (Foto: Izabela Cavalcanti)

Para além do desmatamento e agronegócio, que já aumentam níveis do aquecimento global, debate entre autoridades e pesquisadores nesta quarta-feira (4) discute o papel dos incêndios no Pantanal para a emissão de gases do efeito estufa no Brasil. É o início de uma cooperação científica, que visa chegar a uma metodologia confiável de estimar a emissão de gás por queimada.

Ao Campo Grande News, a diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar, explica que o órgão realiza levantamento de quanto gás de efeito estufa é emitido no Brasil, por meio do  Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa).

No entanto, o monitoramento carece de informações sobre como os incêndios no Pantanal podem, ou não, contribuir para este fenômeno. “O objetivo é estimar a contribuição do Pantanal para as emissões de gases do efeito estufa do Brasil. Entender a ecologia do bioma, como o fogo atua no bioma, se é um vetor de emissão, ou qual a contribuição dele.”

O engenheiro agrônomo Eduardo Rosa mapeia mensalmente a região pantaneira desde 1985 e afirma que o fogo está muito atrelado à questão da seca, período que se estende, geralmente, entre junho e setembro, e propicia as queimadas.

“A leitura que a gente faz a partir do nosso mapeamento é que o Pantanal, no início da série, alagava muito mais. Ficava até seis meses alagado, então, a janela dele, de abertura para o fogo, era um pouco menor.”

Segundo o Mapbiomas, o Pantanal tem alagado menos e o tempo em que fica inundado diminuiu, conforme levantamento divulgado no ano passado. O estudo indica que o período de cheia durava cerca de seis meses na década de 1980, mas agora, dura apenas dois.

No final da série, ele alaga menos. É um Pantanal que alaga em menor quantidade, em termos de área, e menor tempo. Então, ele está mais suscetível ao fogo”, explica Rosa.

Segundo ele, a última “cheia” foi registrada em 2018, o que provoca crescimento de vegetação, que seca conforme os meses passam. “Quando seca essa vegetação, vira combustível para o fogo.”

Rosa ressalta que o novo pico, desde então, foi registrado em 2020, com cerca de 2 milhões de hectares. “O que a gente vem mostrando é que o Pantanal está mais seco, mais suscetível ao fogo e já teve grandes queimadas. Em 1999, foi a maior queimada que teve no Pantanal, nesses 37 anos de mapeamento."

Neste ano, diz, mapeamento feito por ele indica que região do Rio Negro, no sul pantaneiro, teve mais ocorrências. “A estação seca está entrando, então a preocupação nossa é agora. Os meses que mais pegam fogo são agosto, setembro e outubro”. Conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), há dois anos, houve recorde nos incêndios.

Incêndios florestais entre os municípios de Miranda e Corumbá. (Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul)
Incêndios florestais entre os municípios de Miranda e Corumbá. (Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul)

Aquecimento global - Conforme o diretor do SOS Pantanal, Felipe Dias, a parceria visa levar conhecimentos entre pesquisadores do Pantanal e de outros biomas brasileiros. Segundo ele, os gases de efeito estufa provocam o fenômeno do aquecimento global e, portanto, é importante discutir tais assuntos de forma conjunta.

“Os gases de efeito estufa alteram a temperatura, chuvas, o clima. A ideia é buscar a experiência do Ipam, que já tem muitos anos de estudo. A ideia é que a gente possa trazer esse conhecimento para quem é pesquisador do Pantanal e eles entenderem o que temos aqui.”

Estado - Em Mato Grosso do Sul, o Plano Estadual MS Carbono Neutrovisa neutralizar emissões de gases de efeito estufa a partir de 2030, antecipando em 20 anos a meta de 2050, estabelecida no Acordo de Paris.

De acordo com o plano, em nove anos, o governo atingirá o estágio de ELZ (Estado com Emissão Líquida Zero), ou Carbono Neutro, via ações coordenadas e integradas no agronegócio, mudança do uso da terra, energia, tratamento de resíduos e em processos industriais.

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