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Meio Ambiente

Veterinários atendem diversas espécies que tentam sobreviver ao fogo em MS

Até setembro desse ano, o Cras já atendeu 2.867 animais, grande parte em decorrer de incêndios

Por Gabi Cenciarelli | 15/09/2024 07:21
Animais que foram resgatados e estão sendo tratados no Cras (Foto: Divulgação)
Animais que foram resgatados e estão sendo tratados no Cras (Foto: Divulgação)

O Pantanal está em situação de crise climática e o Estado inteiro em alerta para incêndios. O total prejuízo desse fogo ainda não é previsto, mas quem vive com as cicatrizes agora, e correm o risco de nunca se recuperarem, são os animais.

Do início do ano até setembro, o Hospital de Animais Silvestres Ayty, administrado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), já prestou atendimento a 2.867 animais. Nos anos anteriores, a média é de 2.500 atendimentos nos 12 meses, uma clara demonstração da crescente demanda por cuidados especializados.

Mamíferos, como onças-pintadas e tamanduás, compuseram 14,48% dos atendimentos, representando 415 animais. De acordo com o Imasul, esses resgates frequentemente resultam de incêndios, acidentes rodoviários e invasão de áreas urbanas. No hospital em Campo Grande, pelo menos 12 animais vítimas de queimadas já foram tratados em 2024.

Esse cuidado especializado muitas vezes é direcionado aos filhotes que são feridos nos incêndios, acabam perdendo as famílias e precisam ser reabilitados para voltar a natureza. Esses são conhecidos como "órfãos do fogo".

Para alguns animais nessa situação, o prejuízo pode ser irreversível. Isto é, muitos não podem voltar para natureza. A gestora do hospital especializado, Aline Duarte, explica que a chance de retorno à natureza depende de diversos fatores, como a gravidade das lesões e o estado do animal no resgate. Durante a recuperação, eles precisam se adaptar ao cativeiro e responder ao tratamento.

"No caso dos filhotes, o processo é mais delicado. Eles precisam passar mais tempo no CRAS, desenvolvendo habilidades de sobrevivência e mantendo o distanciamento necessário dos humanos para que possam ser reintegrados à natureza", relatou a especialista.

Anta

Filhote de anta resgatada nos incêndios de 2024 no MS (Foto: Divulgação Cras)
Filhote de anta resgatada nos incêndios de 2024 no MS (Foto: Divulgação Cras)

É a situação de muitos animais que estão no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). Em setembro, um filhote de anta sofreu queimaduras graves nas quatro patas e não vai poder se alimentar ou movimentar sozinho na natureza.

Gatos Palheiros

filhote de gato palheiro resgatado em incêndio do Pantanal (Foto: Divulgação/ Cras)
filhote de gato palheiro resgatado em incêndio do Pantanal (Foto: Divulgação/ Cras)

No mesmo mês, dois filhotes de gatos palheiros foram regatados pela PMA (Polícia Militar Ambiental) no fogo do Pantanal em Miranda, e também não se sabe se vão poder voltar ao habitat natural.

Lobinhos

Filhotes de lobos resgatados em incêndio em Dourados (Foto: Divulgação/ Cras)
Filhotes de lobos resgatados em incêndio em Dourados (Foto: Divulgação/ Cras)

Além deles, dois filhotes de lobinhos também foram resgatados em um incêndio em área urbana em Dourados esse ano. Os dois com a saúde comprometida.

A gestora do hospital indica o quanto os incêndio são prejudicais para os animais. "Eles perdem seu habitat natural, incluindo abrigo, fontes de alimento e água. As queimaduras resultantes causam lesões físicas graves, além de os animais frequentemente sofrerem desidratação, desnutrição e problemas respiratórios devido à inalação de fumaça."

De acordo com ela, os animais resgatados nessas situações chegam ao CRAS geralmente debilitados, desidratados, desnutridos e, em muitos casos, com ferimentos graves e queimaduras severas, e lutam pra sobreviver.

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