Sem guerra: paciência é a chave para adaptar pets aos novos agregados
Adestrador dá dicas de como agregar sem estressar os bichinhos e tornar o processo menos difícil para tutores
Com certeza você já passou por isso ou presenciou tentativas frustradas de fazer cães e gatos conviverem no mesmo ambiente. Apesar da boa intenção, a chegada de um novo animalzinho pode ser traumática, tanto para o dono quanto para os bichinhos, caso não seja feita da maneira correta. Afinal, é possível agregar sem estressar?
O adestrador Anderson Pestille explica que sim, porém o processo pode ser lento. Para ele, não existe uma receita milagrosa; cada caso é único e deve ser avaliado individualmente. Inclusive, o problema também pode ser enfrentado por tutores de gatos que desejam adotar um segundo felino e não sabem qual gênero seria a melhor escolha, macho ou fêmea.
Com 10 anos de experiência no ramo, Anderson pontua que o estresse adaptativo faz parte do processo, mas o que não pode ocorrer é um estresse crônico.
“O animal que já mora na casa precisa ter uma socialização, precisa saber ler o comportamento do outro, entender as linguagens e sinalizações para interagir com ele e lidar com essa nova situação sem grandes prejuízos.”
Ele acrescenta que não há uma regra sobre qual deve ser o sexo do novo integrante da família, mas que animais de sexos opostos podem se adaptar melhor.
“Mesmo sendo de sexos opostos, alguns animais podem apresentar resistência devido a problemas pré-existentes na socialização. Isso já ocorre antes mesmo da chegada do novo indivíduo ao lar. Além disso, a castração também é um fator importante. Se o animal já for castrado, pode ser que, mesmo sendo do sexo oposto, a aproximação não seja tão tranquila assim.”
O estresse crônico pode se manifestar de diversas formas, como alergias, problemas gastrointestinais e de pele. A socialização entre o animal residente e o recém-chegado pode ser comprometida caso o mais velho tenha um temperamento dominante, faça guarda de recursos e proteja comida e brinquedos.
"Deixar esses animais sem supervisão pode causar problemas. A maneira correta, além de garantir que o animal tenha características como socialização e interações amistosas, é proporcionar um ambiente adequado. No caso do cão, é essencial ter um espaço para suas necessidades sanitárias. Já para o gato, é importante um ambiente adaptado, com aparadores e telas.
Ou seja, é aconselhável que os donos não deixem comedouros ou caminhas no mesmo espaço. Cada animal precisa ter seu próprio local e seus pertences. Isso não significa que não possam estar juntos no ambiente. Aliás, se um deles for territorialista, separá-los constantemente pode piorar a situação, segundo Anderson.
“Você alimenta a ideia de territórios e, sempre que um invadir o espaço do outro, isso pode gerar brigas. O ideal é, com supervisão, técnicas adequadas e um acompanhamento cuidadoso, promover essa aproximação para que convivam em harmonia. As maiores demandas estão relacionadas a cães, porém gatos também podem passar por essa situação.”
Em 2015, o adestrador iniciou sua carreira por causa de sua própria cachorra, chamada Melalina.
“Quando ela era filhote, perdi uma máquina de lavar por causa dela, porque a deixava sozinha em casa e não fiz sua socialização com gatos. Ela destruiu a máquina. Então comecei a estudar comportamento felino, a treinar alguns gatos e, hoje, não consigo ter um em casa por conta dela. Sei que, na minha presença, ela respeita. Já trouxe gatos aqui, mas acredito que, sem supervisão, ela poderia machucá-los.”
Uma das estratégias recomendadas para apresentar um gato a um cachorro é, primeiro, acostumá-los ao cheiro um do outro. Em seguida, permitir que tenham contato visual à distância. Só depois deve ocorrer a aproximação supervisionada.
Os próximos passos dependem do comportamento de ambos. É fundamental lembrar que o processo exige paciência. Seja entre um gato e um cachorro ou entre dois cães, o procedimento é o mesmo, especialmente se o “dono da casa” for dominante.
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