Em MS sobra vaga até para quem não é qualificado, garante presidente da Fiems
Sérgio Longen defende que indústria tem emprego “para quem quer trabalhar” e explica o que impede contratação
Mato Grosso do Sul tem emprego sobrando, principalmente na indústria, um dos mercados que mais cresce no Estado, e boa parte das oportunidades são para quem não tem experiência e quer ser treinado. Mas se há vagas de sobra, por que há desempregados? O que falta para o “match” entre o trabalhador e a empresa?
Em entrevista ao podcast Na Íntegra, do Campo Grande News, o presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul) e patrão há pelo menos três décadas, Sérgio Longen, revelou o que atrapalha as contratações e sugeriu soluções. “Antigamente, as pessoas até brincavam que só tinham emprego para quem era qualificado. Não é verdade. Hoje, tem emprego para quem quer trabalhar”, afirma.
Empreendedor nato, Longen foi dono de loja de produtos agropecuários e postos de combustíveis antes de se aventurar na indústria. Em 1994, iniciou as operações de sua primeira fábrica em Mato Grosso do Sul, a Semalo. Além disso, está há 17 anos à frente da entidade que representa o setores que gera emprego para o sul-mato-grossense.
Para o presidente da Fiems, a concessão de benefícios sociais, por exemplo, é um dos obstáculos para que empresas consigam atrair a mão-de-obra. “Nós precisamos buscar pessoas que querem trabalhar e a gente tem que encontrado dificuldade. Muitas pessoas estão nos benefícios que recebem do governo federal, estadual e municipal. Tenho cobrado isso bastante do governador, para que a gente seja é bastante criterioso [na concessão dos benefícios]. Temos procurado discutir com os entes públicos, a dificuldade que muitas vezes o governo cria com os benefícios”.
Na leitura do empresário, a solução é simples: basta mudar o modelo de concessão e permitir que as pessoas possam receber o benefício mesmo tendo vínculo formal de trabalho. Nessa linha de raciocínio, o trabalhador poderia aumentar a renda familiar sem abrir mão do emprego seguro.
Hoje, se pessoa for trabalhar, ela perde o benefício. Então, ela prefere ficar fazendo o bico e receber o benefício. Nós precisamos mexer nessa forma, né? Muitas vezes a pessoa precisa do benefício, mas ela não trabalha para não perdê-lo. O benefício é mais garantido, né? Então a gente precisa mexer nisso”, opina Sérgio Longen.
Outro projeto que está sendo pensado pela Fiems, em parceria com Câmara de Campo Grande, por exemplo, tenta atrair para a indústria a mão-de-obra feminina, principalmente: mães que não vão em busca de emprego enquanto têm filhos pequenos.
“A gente está discutindo um projeto de PP [Parceria Público-Privada] para creche. O vereador Carlão [Carlos Augusto Borges, presidente do Legislativo municipal] têm participado, alguns vereadores também. Nós acreditamos que num modelo moderno, que as empresas possam pagar para que as mães deixem seus filhos numa creche para irem trabalhar”, revelou no podcast. Veja:
Em outro momento da entrevista, Longen também falou sobre as oportunidades, a maior parte gratuitas, que a Fiems e o “Sistema S” oferecem para quem quer se qualificar, afinal a industrialização é caminho sem volta, o futuro. “As pessoas precisam se envolver mais na qualificação, precisam entender que a educação faz parte da indústria. Isso aconteceu no agro, né? Com muita clareza. Antigamente, a gente tinha aquela condição: ‘se você não estudar, você vai para a roça’. Hoje, para ir para roça, você precisa estudar. E na indústria é assim também. A grande frente de desenvolvimento do Estado é indústria que é a agroindústria. Nós estamos transformando aquilo que produzimos”.
O presidente da Fiems contou um pouco da sua história, deu dicas para quem está à procura de trabalho e para quem quer investir, falou sobre a desoneração da folha de pagamento e carga tributária.
Confira a entrevista na íntegra a seguir:
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