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Política

Bumlai e Odebrecht reestruturaram o Instituto Lula, diz Delcídio a Moro

O ex-presidente é acusado de ter recebido vantagens indevidas por meio da compra de um terreno para a instituição

Lucas Junot | 22/05/2017 17:51
Delcídio do Amaral teve o mandato de senador cassado por tentativa de obstrução da Justiça e chegou a ser preso em 2015 (Foto: Agência Brasil)
Delcídio do Amaral teve o mandato de senador cassado por tentativa de obstrução da Justiça e chegou a ser preso em 2015 (Foto: Agência Brasil)

Durante depoimento ao juiz Sérgio Moro, na tarde desta segunda-feira (22), o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) confirmou as declarações do pecuarista José Carlos Bumlai, de que a Odebrecht investiu na reestruturação do Instituto Lula.

Ele foi ouvido como testemunha de acusação em um processo da Operação Lava Jato, em que o Ministério Público Federal diz que a Odebrecht pagou propina ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o G1 do Paraná, o ex-senador, que também é delator, afirmou que o pecuarista José Carlos Bumlai lhe disse, à época do concebimento do Instituto Lula, que estava trabalhando na estruturação da organização com a ajuda da Odebrecht.

"Ele [Bumlai] me disse que estavam procurando uma área, me falou que tinha procurado a Odebrecht para a estruturação do Instituto Lula, e, nas últimas conversas, ele praticamente disse que tinha o objetivo de, no curto prazo, colocar o instituto funcionando", disse o delator.

O ex-senador negou ter participado de reuniões com o ex-presidente Lula ou Bumlai para discutir a estruturação do Instituto Lula. De acordo com ele, tudo que ele sabe sobre o assunto foi relatado a ele por Bumlai. Segundo Delcídio, as conversas dele com o pecuarista eram como um jogo de xadrez. “Cada um falava o mínimo necessário”, contou.

Em resposta à pergunta da defesa de Lula, sobre a eventual menção de uma nova sede do instituto, o ex-senador disse que não tinha conhecimento sobre o fato.

“A única coisa que o Zé Carlos Bumlai dizia pra mim era que ele estava cuidando especificamente da implementação do Instituto lula. Mas eu nunca me interessei em saber exatamente onde era, os desafios, nunca, nunca me interessei por isso não. Mas repito aqui o que ele falou pra mim, textualmente”, explicou.

Delcídio disse, ainda, que nunca houve qualquer referência sobre o envolvimento do ex-ministro Antônio Palocci na estruturação do Instituto Lula. Ao juiz Sérgio Moro, a testemunha de acusação disse que Bumlai relatou ter procurado ajuda de Marcelo Odebrecht para a implementação do Instituto Lula, mas não soube dizer se a ajuda era financeira.

O ex-presidente da Construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini e o ex-executivo da construtora Toyo Setal, Augusto Mendonça Neto. Também foram ouvidos.

O ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, falou sobre o funcionamento do cartel e relatou pagamento de propina em contratos com a Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e com Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em consórcios formados pela empreiteira.

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se Avancini fez algum acordo de colaboração com autoridades estrangeiras. O ex-executivo da Camargo Corrêa informou que foi procurado por autoridades americanas, mas o possível acordo não avançou, sendo que não houve qualquer detalhamento de proposta ou fatos a serem delatados.

Augusto Mendonça Neto, executivo da empresa Toyo Setal e delator na Operação Lava Jato, apenas confirmou que a Odebrecht participou do cartel para vencer obras da Petrobras desde quando os acertos começaram e que era uma das empreiteiras líderes. Também eram consideradas "VIPs" no grupo as empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e UTC, segundo o delator.

Processo - Nesta ação penal, Lula é acusado de ter, supostamente, recebido vantagens indevidas da Odebrecht, por meio da compra de um terreno, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e também de um apartamento no mesmo andar do prédio em que ele mora, na mesma cidade. O terreno seria usado para construir uma nova sede para o Instituto Lula.

As audiências com testemunhas de acusação e defesa devem seguir, pelo menos, até 12 de julho.

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