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Política

Prática recorrente, Câmara antecipa eleição em 1 ano e meio para fortalecer Papy

Movimento tenta consolidar a liderança até o fim da legislatura e fortalecer o parlamento em ano eleitoral

Por Jhefferson Gamarra e Mylena Fraiha | 08/07/2025 17:11
Prática recorrente, Câmara antecipa eleição em 1 ano e meio para fortalecer Papy
Vereador Papy, presidente da Câmara Municipal de Campo Grande (Foto: Divulgação/CMCG)

A Câmara Municipal de Campo Grande se prepara para repetir uma prática política que, embora polêmica, tem se tornado comum nos últimos anos: a antecipação da eleição da Mesa Diretora. Com articulações em andamento desde o início do ano legislativo, os vereadores devem votar já na próxima semana recondução do atual presidente da Casa, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), para um segundo mandato no comando do Legislativo, válido para o biênio 2027/2028.

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Vereadores de Campo Grande articulam antecipar a eleição da Mesa Diretora para reeleger o atual presidente, Epaminondas Neto, conhecido como Papy (PSDB). A votação, prevista para a próxima semana, visa reconduzi-lo ao cargo para o biênio 2027/2028, com 18 meses de antecedência. A justificativa para a antecipação é garantir estabilidade à Câmara em face das eleições de 2026. A prática, embora polêmica, não fere o regimento interno, desde que a posse ocorra em 1º de janeiro de 2027. Papy afirma que a antecipação é uma tendência em casas legislativas para consolidar a independência do Executivo. A nova composição da Mesa Diretora contempla vereadores de diversas siglas, indicando amplo consenso. Papy conta com apoio declarado de partidos como o PSDB e com a simpatia de oposicionistas, como Marcos Trad (PDT).

A proposta é realizar a eleição com 18 meses de antecedência, um movimento que se justifica, segundo os próprios parlamentares, como uma estratégia para garantir a estabilidade da Câmara em um cenário de proximidade com o calendário eleitoral de 2026.

Embora o regimento interno da câmara preveja que a eleição da nova Mesa ocorra até 22 de dezembro do último ano do mandato em vigor, não há vedação para que o pleito seja antecipado, desde que a posse ocorra no prazo correto, ou seja, em 1º de janeiro do ano seguinte.

O atual presidente da Câmara, afirma que a antecipação não é novidade e que se tornou “tendência” nas Casas Legislativas e que vem sendo discutida internamente há bastante tempo, partindo dos próprios vereadores para consolidar a independência perante ao Executivo.

“Isso é uma tratativa de vereadores, que acabam indo por esse caminho. É uma tendência que as casas legislativas têm tido frente ao executivo, uma forma de você consolidar a independência do poder numa liderança de quatro anos. Mas nós estamos em um processo de discussão, o vereador está muito consolidado no que ele pensa e desde lá de janeiro a gente já tinha algumas ideias de como isso aconteceria”, afirmou Papy.

Segundo o presidente da Câmara, a expectativa é de que a recondução aconteça em breve, possivelmente antes do recesso parlamentar. No entanto, ele ressalta que o assunto está sendo conduzido pelos próprios vereadores e pelas bancadas partidárias, que buscam construir um consenso em torno da decisão. “Não posso adiantar absolutamente nada, até porque optei por me manter distante dessa disputa, justamente por ser o principal interessado. Quero que essa escolha seja fruto de um acordo entre as bancadas, do colégio de líderes. Os vereadores já têm conversado sobre essa possibilidade. Além disso, todos os meus antecessores tiveram quatro anos de mandato, então é algo que, de certa forma, já se tornou natural”, disse.

O parlamentar reforça ainda que, embora ainda não haja uma definição oficial, há consenso entre os vereadores e nenhum movimento de oposição à sua reeleição. “Eu não vejo hoje nenhum outro vereador pleiteando a presidência. A não ser que me tenha alguma surpresa, mas hoje eu não vejo. Acho que está bem consolidada essa ideia de continuidade”, justificou o tucano.

A manobra política tem precedentes claros na história recente da Casa. Quando presidiu o Legislativo municipal, o hoje primeiro-secretário Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB) também foi reconduzido com 1 ano e meio de antecedência, apenas seis meses após sua primeira eleição.

Questionado, Carlão afirmou que não apenas apoia a antecipação atual, como também vê nela um instrumento legítimo para fortalecer a liderança interna da Câmara e garantir estabilidade política em um período que tradicionalmente sofre influências externas por conta das disputas eleitorais.

“Conversando com outros vereadores, todos entendem que é importante decidir isso agora. A Câmara que decide. Ano que vem é eleitoral, e essa definição dá mais força ao Legislativo. A prefeita sabe que o presidente será o mesmo até o fim do mandato. Isso fortalece a Casa institucionalmente”, disse.

Prática recorrente, Câmara antecipa eleição em 1 ano e meio para fortalecer Papy
Atual mesa diretora da Câmara Municipal, que deve ser reconduzida (Foto: Divulgação/CMCG)

Além disso, a nova composição da Mesa Diretora, já praticamente definida, contempla vereadores de diversas siglas, o que reforça a ideia de um amplo consenso multipartidário. A chapa encabeçada por Papy terá André Salineiro (PL) como 1º vice-presidente; Dr. Lívio (União Brasil) como 2º vice; Neto Santos (Republicanos) como 3º vice; Carlão (PSB) como 1º secretário; Luiza Ribeiro (PT) como 2ª secretária; e Ronilço Guerreiro (Podemos) como 3º secretário. Essa distribuição partidária demonstra um acordo costurado entre diferentes forças políticas da Casa.

O apoio formal à reeleição de Papy também já foi manifestado por partidos com peso significativo na Casa. A bancada do PSDB, composta pelos vereadores Victor Rocha, Juari Lopes, Flávio Moura e Sílvio Alves Pena, declarou oficialmente apoio à recondução do atual presidente.

O líder tucano, Victor Rocha, destacou a seriedade da gestão de Papy e seu compromisso com o diálogo institucional. “Nosso apoio é fruto do reconhecimento à seriedade da condução da presidência e à abertura permanente para o diálogo com todas as bancadas. Entendemos que a continuidade dessa gestão é fundamental para que a Câmara siga avançando em prol da população de Campo Grande.”

O vereador e ex-prefeito Marcos Trad (PDT), que atualmente faz oposição ao executivo, demostrou simpatia pela recondução de Papy à presidência, afirmando que não vê nenhum obstáculo jurídico ou político na antecipação e reeleição.

“Até então o vereador Papy têm realizado um trabalho que não compromete a Casa e adquiriu a confiança de seus pares. Não vejo nenhum óbice jurídico-administrativo para sua recondução”, declarou o ex-prefeito.

Embora a eleição deva ocorrer em breve, os efeitos só terão validade a partir de 1º de janeiro de 2027. Até lá, permanece em vigor a atual composição da Mesa Diretora. Internamente, o movimento é tratado como estratégico. Os vereadores acreditam que a antecipação da escolha da nova presidência ajuda a evitar turbulências políticas e permite que o Legislativo enfrente o ciclo eleitoral com uma liderança já definida e respaldada.

Com apoio interno consolidado, base partidária ampla e regimento a favor, a eleição antecipada da Mesa Diretora da Câmara de Campo Grande deve ocorrer de forma tranquila e com vitória certa para o atual presidente. Resta agora apenas a confirmação oficial por parte das lideranças para que o processo seja incluído na pauta de votação.

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