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Política

Delator diz que Delcídio e Reinaldo tinham acordo para pagar conta eleitoral

JBS teria adiantado R$ 12 milhões para campanha e um se responsabilizou pela dívida do outro: pagaria quem ganhasse

Lucas Junot | 19/05/2017 16:30
À esquerda, Delcídio do Amaral, com o governador Reinaldo Azambuja, em encontro pré-eleitoral, em 2014 (Foto: Reprodução)
À esquerda, Delcídio do Amaral, com o governador Reinaldo Azambuja, em encontro pré-eleitoral, em 2014 (Foto: Reprodução)

Wesley Batista, um dos donos da JBS, em delação premiada no dia quatro de maio, revela suposto acordo de cavalheiros feito em 2014 entre o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), então candidatos ao Governo do Estado nas eleições daquele ano.

O delator diz que a empresa chegou a fazer adiantamentos em dinheiro para campanha eleitoral e que a conta seria paga pelo vencedor do pleito.

No depoimento, prestado na sede da PGR (Procuradoria Geral da República), Wesley falou do esquema sem que fosse questionado. Ele estava sob juramento de não omitir qualquer fato, sob pena de ter seu acordo de delação premiada cancelado.

“Tem um fato que eu acho que vale ressaltar no Mato Grosso do Sul, acho que é um fato relevante”, disse ele.

Em seguida, o empresário conta que seu irmão – também delator – Joesley Batista autorizou adiantamento de R$ 12 milhões para a campanha de Delcídio, que seriam cobrados posteriormente, caso o petista ganhasse, por meio do esquema de concessão de benefícios fiscais com redução de alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Mato Grosso do Sul.

“O Joesley autorizou adiantamento pro Delcídio do Amaral, pra campanha dele, pra ser descontado se ele fosse governador, nesse esquema [incentivos fiscais]. Ficou lá o conta corrente [sic] que o Joesley negociou com o Delcídio e com o Reinaldo que, se o Reinaldo ganhasse, um ia pagar a conta do outro”, revelou Wesley.

De acordo com o empresário, o pagamento foi feito por meio de notas fiscais frias e dinheiro em espécie, cujos comprovantes e cópias foram entregues aos investigadores e integram o chamado “anexo Mato Grosso do Sul”, formato organizado pelo próprio empresário.

“Esses R$ 12 milhões foram dados pra descontar disso [incentivos], ele sendo eleito. Como ele não foi eleito, foi o Reinaldo, o Joesley falou 'oh, a conta do Delcídio é sua”, finalizou o delator.

Wesley não cita no depoimento se o governador Reinaldo Azambuja recebeu valores, nem tampouco se pagou a conta.

Até o momento, o Governo do Estado não se manifestou sobre o assunto. A assessoria de Delcídio disse que ele está no pantanal, incomunicável.

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