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Política

Diretor da JBS entrega anotações sobre R$ 30 milhões para Michel Temer

Fabio Serapião, Beatriz Bulla e Fábio Fabrini (Estadão Conteúdo) | 19/05/2017 15:02
Ricardo Saud, diretor da J&F, dona da JBS, que também fez delação (Foto: Reprodução / Internet)
Ricardo Saud, diretor da J&F, dona da JBS, que também fez delação (Foto: Reprodução / Internet)

O diretor de relações Institucionais da holding J&F Ricardo Saud entregou no seu acordo de colaboração com a Procuradoria-geral da República uma série de planilhas e anotações relacionadas ao repasses das empresas do grupo para o presidente Michel Temer. Em um das anotações, Saud elenca cinco repasses atrelados a Temer que somam R$ 30 milhões.

Para os investigadores que atuaram em inquéritos sobre a JBS, a atuação de Saud era indispensável para a inserção e aproximação de diretores da JBS no meio político. O diretor da empresa é visto como o "Cláudio Melo Filho" da holding J&F. Melo Filho é ex-diretor da relações Institucionais da Odebrecht e assinou acordo de colaboração premiada no qual relatou o pagamento de propina para diversos políticos.

O primeiro repasse, de acordo com a anotação, foi de R$ 15 milhões e não está apontada qual a data em que foi efetuado. A frente do valor está a anotação: "A pedido Edinho PT".

O segundo, de R$ 9 milhões, também não explicita a data e está atrelado ao "Diretório Nacional do PMDB".

O terceiro pagamento, de R$ 2 milhões, aparece com a data de 29 de agosto de 2014 e é acompanhado da seguinte frase: "Campanha Paulo Skaff, autorizado por Temer, pagar para empresa JEMC, escritório de consultoria de Duda Mendonça, publicitário do mesmo". Sobre esse repasse, o diretor ainda juntou uma cópia da nota fiscal do pagamento à empresa de Duda Mendonça.

O quarto pagamento, cuja data foi apagada e no valor de R$ 3 milhões, está acompanhado na anotação do seguinte apontamento: "Temer pede para repassar à Eduardo Cunha. Valor entregue em espécie no Rio de Janeiro".

Por último, o repasse de R$ 1 milhão efetuado dois de setembro de 2014 está ao lado da anotação: "Temer pede para entregar ao Sr Yunes. O valor em espécie Florisvaldo entregou em espécie".

Outro que aparece nos documentos é João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer. Coronel da Polícia Militar aposentado, ele é dono da Argeplan Arquitetura e Engenharia, empresa que faz parte de um consórcio que ganhou concorrência para executar serviços relacionados à usina de Angra 3 - cujas obras são investigadas na Operação Lava Jato.

No material entregue à PGR, Ricardo Saud juntou documentos relacionados a Argeplan, de Lima Filha. Em um desses documentos com os endereços da Argeplan, Saud faz uma anotação a caneta na qual diz: "Endereço onde Florisvaldo entregou dinheiro do MT". Florisvaldo Oliveira é funcionário do grupo J&F e também assinou acordo de colaboração.

Defesas – A reportagem procurou os citados e aguarda resposta com posição sobre fatos abordados.

Na quarta-feira, dia 17, o presidente Michel Temer soltou a seguinte nota: "O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.

O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.

O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados."

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