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Política

Duas noras de Magali recebiam sem trabalhar em gabinete, aponta Gaeco

Magali Picarelli foi alvo da Operação Urutau, que investiga suspeita de crimes na execução de convênios da Prefeitura

Mayara Bueno | 16/12/2016 12:05
Aline Palma Padilha, a ex nora, com Kamila de Souza. (Foto: Reprodução Facebook)
Aline Palma Padilha, a ex nora, com Kamila de Souza. (Foto: Reprodução Facebook)

Alvo da Operação Urutau, a vereadora Magali Picarelli (PSDB) deu emprego para duas noras que não teriam nem sequer trabalhado efetivamente. As duas são alvo de ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que investiga crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa, peculato e improbidade administrativa na execução dos convênios da Omep (Organização Mundial pela Educação Pré-Escolar) e Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária.

Nesta semana, a própria defesa da vereadora confirmou que uma das duas funcionárias, Aline Palma Padilha, se tratava de uma ex-nora de Magali. No entanto, conforme dados levantados pela reportagem, a outra servidora, Kamila de Souza, é a atual esposa do filho da parlamentar.

Ambas eram vinculadas ao convênio da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) com a Seleta, recebiam salários por da verba pública, foram cedidas para o gabinete na Câmara Municipal, mas, não cumpriam o expediente.

Segundo dados levantados pela reportagem, as duas servidoras não foram encontradas exercendo qualquer função no Legislativo Municipal. Inclusive, constatou-se que ambas trabalhavam em um cerimonial de casamentos, atendendo como cerimonialistas o dia todo.

A defesa confirma que se trata da atual e ex nora da vereadora, mas nega que elas não trabalhavam ou que houve qualquer irregularidade na cedência delas. “O MPE fala isso, mas não é verdade. Uma ficou oito meses e outra um ano. Elas confirmaram que trabalharam, tinha controle de frequência”, disse o advogado Carlos Marques. Ele defende as ex-funcionárias e Magali.

Sobre a suspeita de que as ex-servidoras não cumpriam o expediente no gabinete, mas em uma empresa de cerimonial, o advogado afirmou que o trabalho no outro emprego acontecia somente aos fins de semana, quando havia casamento. A reportagem do Campo Grande News ligou para a vereadora, mas as ligações não foram atendidas, assim como a secretaria de Assistência Social.

Aline e Kamila foram intimadas a depor na quinta-feira (16) e, segundo Carlos, apresentaram documentos que comprovam o trabalho exercido, como folha de frequência, dados referentes às rescisões, à cedência e retorno à Seleta.

Investigação – A suspeita de irregularidades nos convênios já é divulgada há quase um ano, mas esta semana voltou a ser repercutida com a deflagração da Operação Urutau, que apontou uma série de crimes envolvendo os contratos e prendeu a presidente da Omep, Maria Aparecida Salmaze, além de outras duas funcionárias.

Quem toma conta das investigações é o MPE por meio de pelo menos duas promotorias. Até agora, foram encontradas ilegalidades, como funcionários fantasmas, contratados que foram indicados políticos, salários diferentes recebidos por pessoas que exerceram os mesmos cargos, entre outros.

Em abril, a Justiça determinou a extinção de todos os convênios do Município com as duas entidades e demissão dos 4,3 mil mantidos com verba pública. Havia prazo para os desligamentos, mas diante fatos como a suspeita de desvio de R$ 26 milhões por parte das entidades, a Justiça determinou a suspensão imediata dos contratos.

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