Em ano de eleição, os mais velhos dão mil motivos para todos votarem
Convicção sobre a importância do voto é fruto da consciência de cumprir com dever cidadão
A eleição de outubro deste ano para presidente, vice-presidente, senador, deputado federal e deputado estadual promete ser um levante do povo brasileiro em relação à conscientização do poder do voto.
Prova disso é o número de eleitores que têm o voto facultativo e que mesmo assim querem participar da maior festa democrática. Adolescentes de 16 e 17 anos tem mostrado o interesse pela política nos últimos meses. Entre janeiro e março de 2022, o Brasil ganhou 1.144.481 novos eleitores na faixa etária de 15 a 18 anos.
A procura pelo documento é a maior registrada quando comparada às últimas Eleições Gerais, de 2018 e 2014, quando foram emitidos 877.082 e 854.838 novos títulos, respectivamente. Além dos novos, os mais velhos também dão exemplo em participação e incentivo.
São pessoas que fazem a diferença nas urnas e dão show de exemplo de cidadania. A política para eles é como respirar, é vital todos os dias. O Campo Grande News conheceu o apaixonado pelo PT, o aposentado Militino Domingos de Arruda, 77 anos.
Mas se engana quem pensa que ele sempre foi assim, um eleitor convicto de suas opiniões a ponto de escrever frases em todo seu veículo vermelho. Tudo começou há 35 anos, após uma conversa com um amigo sindicalista, em Corumbá. "Foi o suficiente para abrir minha cabeça. Na conversa com ele, eu peguei o que é política. Fico revoltado da maioria das pessoas não entenderem, e nem procurarem entender e verem o PT como pessoas ladronas, mentirosas, é muito triste isso aí", argumentou.
Quem já viu o carro dele pelas ruas da Capital pode acreditar, ali dentro está um cidadão que exala política por onde passa. "Fisicamente estou exaurido. Estou prestes a fazer 78 anos e não posso me exceder. Por isso, uso as redes sociais e o meu carro. Mesmo deitado, estou bolando uma frase para o dia seguinte."
Militino afirma que se completar 100 anos ainda vai continuar votando. "É um ato de civilização. As pessoas adultas não se educam mais. Os jovens tinham que ter estímulo de política nas escolas, mas infelizmente isso não interessa para o regime capitalista. Por isso, é triste ver quem foi eleito, tem muita porcaria de gente. Por isso as pessoas que não entendem, votam neles. Eles mentem e iludem mesmo. Sou realista, mas não fatalista."
Do outro lado ideológico, a aposentada, Jani Maria José Guedes, 70 anos, continua na linha de frente do PSDB. Trabalhando ativamente no partido, ela teve o primeiro contato com a política aos 12 anos, quando o padrinho dela era prefeito de Três Lagoas.
"Quando ele ia nos eventos, ele me levava. Eu ia, subia em cima dos caminhões, antigamente não tinha palanque, me colocava do lado dele, porque ele disse que dava ideia. Não imaginava que isso ia tornar o que me tornei. Eu fui me apegando cada dia mais na política, era algo bom, importante, tinha que participar para estar dentro do que estava acontecendo", justifica.
Para ela, os integrantes do partido são como uma família. "Não poderia viver sem eles", justifica. Ela nunca faltou a uma eleição. "Ia em todas, com chuva, sem chuva, trabalhava até o último momento da votação, ia no Tribunal Eleitoral apurar a votação. Só vou deixar de votar quando eu morrer. Acho importantíssimo o nosso voto e a política."
O consenso entre ela e Militino está nos jovens. Os dois acreditam que eles são o futuro do país e precisam participar. "Fico triste que muitos jovens não dão o devido valor a uma eleição. Eles serão os futuros gestores do nosso país, como vão ser se nunca quiseram participar de nada ou saber o que é . Política é algo dinâmico. Temos a livre e espontânea vontade de escolher. Temos essa liberdade no país. O jovem está perdendo tempo se não participar", acrescentou.
A responsabilização sobre as decisões dos políticos eleitos é o principal argumento de Jani. "As pessoas que estão desanimadas, no meu prédio mesmo, muitos idosos não querem votar e eu argumento, se amanhã ou depois o gestor não for bom, você não vai poder falar nada, porque você não fez sua parte de votar. Não deveria nem existir voto em branco e também todo mundo deveria ser obrigado a votar. Se deixar de lutar, vai ficar pior ainda, além de ser um exemplo. Vou continuar fazendo minha parte e meu recado é não desanime, votem."
Prazo - Em 2022, o cadastro eleitoral seguirá aberto até o próximo dia 4 de maio, data-limite que o eleitor tem para solicitar o título, transferir o domicílio eleitoral e regularizar eventuais pendências com a Justiça Eleitoral.
Serviços como emissão da primeira via do título (alistamento), mudança de município (transferência), alteração de dados pessoais, mudança do local de votação por justificada necessidade de facilitação de mobilidade e revisão para a regularização de inscrição cancelada podem ser feitos, remotamente, por meio do sistema Título Net.