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Política

Líder do Centrão, Ciro Nogueira é confirmado ministro de Jair Bolsonaro

Senador do PP chamou Bolsonaro de fascista em 2017 e elogiou Lula como melhor presidente

Nyelder Rodrigues | 22/07/2021 09:02
Ciro Nogueira abraçando Bolsonaro durante agenda pública do presidente no Piauí, base eleitoral do senador (Foto: Arquivo/Isac Nóbrega/Ascom)
Ciro Nogueira abraçando Bolsonaro durante agenda pública do presidente no Piauí, base eleitoral do senador (Foto: Arquivo/Isac Nóbrega/Ascom)

Um dos líderes do bloco de parlamentares chamado Centrão - conhecido por ter articulação com qualquer que seja o governo em troca de espaço no Executivo e recursos em emendas - ganhou espaço especial na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido): o senador Ciro Nogueira (PP) foi confirmado hoje pelo presidente como novo chefe da Casa Civil.

"Realmente deve acontecer semana que vem, está praticamente certo. Vamos botar um senador aqui na Casa Civil que pode manter diálogo melhor com o parlamento brasileiro", afirmou Bolsonaro.

Ciro terá em mãos agora uma das pastas mais estratégicas do Governo Federal e o status de ministro. Senador pelo Piauí, ele se licencia do cargo e quem fica em seu lugar no Senado é sua mãe, Eliane Nogueira, que é sua primeira-suplente.

A nomeação do parlamentar na Casa Civil já vinha sendo cogitada anteriormente, mas sua oficialização só veio em publicação extra do DOU (Diário Oficial da União), em mais uma tentativa de Bolsonaro em buscar governabilidade.

Nas eleições de 2018, o então candidato a presidência Jair Bolsonaro criticou justamente tal forma de "se fazer política", com ele e seus apoiadores dando declarações públicas contra esse mesmo Centrão que hoje ele tem como aliado.

Um ano antes, Ciro Nogueira se posicionou como ferrenho opositor a Bolsonaro, afirmando que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve e ainda classificou Bolsonaro como fascista, tendo restrições a ele. "Tem um caráter fascista. Muito preconceituoso", destacou o senador para a TV Meio Norte.

Além disso, Nogueira foi alvo da Lava Jato, acusado de receber em 2014 e 2015 propina no valor de R$ 7,3 da Odebrechet em troca de atuação favorável a Braskem no Congresso. Ele também foi acusado de tentar atrapalhar as investigações, comprando o silêncio de um ex-assessor que colaborou com a operação.

Outra situação envolvendo o parlamentar piauiense é o suposto pagamento para ele de propina, por parte do PT, para que oferecesse seu apoio ao partido nas eleições de 2014 e depois para se posicionar contra o impeachment de Dilma Rousseff. O dinheiro viria de propinas pagas pela JBS, conforme indicou a Lava Jato.

Nova pasta - Outra novidade trazida por Bolsonaro ao Governo é a recriação do Ministério do Trabalho e Emprego, que atualmente faz parte do Ministério da Economia, de Paulo Guedes. A mudança abre mais espaços para aliados, contrariando discurso de campanha de Bolsonaro, de enxugar a máquina.

Ele recebeu a faixa presidencial com 23 ministérios, com compromisso de reduzir para 15 pastas, mas acabou empossando 22 ministrosCom a recriação da pasta do Trabalho voltará a 23.

Com Ciro na Casa Civil, o atual comandante da pasta, general Luiz Eduardo Ramos, irá para a Secretaria-Geral da Presidência, enquanto o atual secretário-geral, Onyx Lorenzoni, liderança do DEM no Governo, deve assumir o ministério recriado.

A chegada de Ciro Nogueira ao Governo Federal pode render importante apoio a Bolsonaro, já que além de senador, Nogueira é presidente do PP, sigla que conta hoje com 41 deputados federais e sete senadores.

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