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Política

Mulher que diz ter sido ofendida por Marun quer indenização de R$ 20 mil

Chamado de “ladrão”, atual ministro devolveu dizendo que adjetivo seria para a “p... que te p...”; ofendida mãe da mulher envolvida em entrevero foi à Justiça

Humberto Marques | 10/04/2018 17:00
"Quem não quiser ser ofendido, que não ofenda", disparou Marun. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
"Quem não quiser ser ofendido, que não ofenda", disparou Marun. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Video que circula em redes sociais rendeu ao ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, o deputado federal licenciado Carlos Marun (MDB), ação na Justiça estadual na qual é cobrada indenização por dano moral. Os fatos ocorreram rapidamente: ofensa disparada de um lado e a “resposta” de Marun, imediata, que depois se desdobrou em um princípio de discussão.

A data era 16 de novembro de 2017. O local, a frente do Centro de Convenções Albano Franco. Eis o cenário: o encerramento de uma entrevista a diferentes veículos de imprensa do Estado, pela manhã, quando um casal passa de moto pela avenida Mato Grosso, avista o deputado e xinga Marun de “ladrão”. “Ladrão é a p... que te p...”, respondeu o deputado, ainda naquele momento um dos líderes da tropa de choque do presidente Michel Temer na Câmara Federal.

Pouco depois, em um novo corte no vídeo que circulou por redes sociais, a cena mostra um princípio de discussão entre Marun e o casal, que parou a moto e foi ao local, envolvendo ainda uma terceira pessoa –possivelmente o motorista do hoje ministro, que tentava impedir os envolvidos de filmarem o parlamentar. “Não vou filmar quem?”, pergunta um interlocutor.

“Vocês são vagabundos”, devolveu Marun, de dentro de um carro, repetindo a afirmação ao ser abordado pelo rapaz. “A população...”, dizia este. “A população me dá votos. Você é vagabundo, você é vagabunda”, interrompe o ministro, que ainda pediu que o casal “aprenda a respeitar”.

Ação tramita na 10ª Vara Cível do Fórum de Campo Grande. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)
Ação tramita na 10ª Vara Cível do Fórum de Campo Grande. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)

Ofendida – A ação não é patrocinada pelo rapaz ou a garota envolvidas no entrevero, e sim pela mãe da jovem. “Ela se sentiu muito abalada, envergonhada, oprimida pelo ministro que perseguiu sua filha. A mãe sofreu ofensas porque ele [Marun] disse na frente das câmeras que sua filha seria filha de uma p...”, explicou o advogado André Bueno Guimarães, um dos responsáveis pelo caso.

“Todo mundo viu, foram imagens expostas para o Estado inteiro, que ganharam contorno nacional”, emendou o defensor. O vídeo foi veiculado por emissoras de TV, compartilhado em diferentes perfis de redes sociais e repercutido também por veículos e sites de imprensa e blogs políticos.

Já a denúncia destaca outros fatos noticiados sobre Marun –desde sua visita, na prisão, ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, custeada com recursos públicos (na ordem de R$ 1,2 mil, devolvidos pelo então deputado à Casa) até a “dancinha” em plenário quando do arquivamento de acusação contra Temer. Quanto a acusação em si, os advogados da autora frisam que ela foi adjetivada negativamente e muito humilhada

Diante das ofensas, a autora pede indenização de R$ 20 mil a título de danos morais “ou outra quantia fixada equitativamente pelo juiz”, com juros e correção monetária a partir da data dos fatos, destaca a acusação à Justiça.

O pedido inicial incluía o assessor de Marun, citado como “Homem desconhecido”, o que já foi alvo de decisão da juíza Sueli Saldanha, da 10ª Vara Cível de Campo Grande, depois de pedir que a ação fosse emendada –pois as condutas atribuídas ao suposto motorista não tinham sido especificadas–, excluindo-o do polo passivo.

Embora como ministro Marun tenha foro privilegiado, o mesmo, conforme especialistas consultados pela reportagem, vale apenas para ações na esfera criminal. Desta forma, o pedido de indenização, que tramita na esfera cível, correrá no Judiciário sul-mato-grossense.

Resposta – Ao Campo Grande News, o ministro informou que aguarda ser citado para que seu advogado apresente a defesa. Mas ressaltou: “quem não quiser ser ofendido que não ofenda”, repetindo manifestação semelhante à divulgada na ocasião.

À época, Marun emitiu nota sobre o episódio, na qual destacou ter sido “agredido por ofensas em uma rua de Campo Grande. Reagi com ofensas as ofensas que recebi. Infelizmente, muitos pensam que nós políticos devemos ter sangue de barata e aceitar isto calados. Não nos conhecem, mas nos agridem. Nada sabem da nossa vida, das nossas famílias, mas se sentem no direito de nos ofender”.

No material, o emedebista reforça que, muitas vezes, políticos são filmados sendo ofendidos “para nos ridicularizar”. “Não somos e nem devemos ser bonecos para quem impropérios devem entrar por um ouvido e sair pelo outro”. Garantindo preferir ser exposto a ser motivo de chacota por quem lhe ofendeu, Marun qualificou o homem e a garota envolvidos como “exibicionistas” que tentaram se colocar como representantes do povo –e destacou sua resposta: “A população vota em mim. Você é vagabundo. Você é vagabunda. Aprende a respeitar quem você não conhece seu m...”.

“Não aceito e não aceitarei ofensas a mim, a minha família, a minha cidade, ao meu Estado e ao meu país. Quem com o ferro fere, com ferro será ferido”, finalizou o ministro.

Confira abaixo vídeo com as imagens que culminaram no pediod de indenização.

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