ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 28º

Política

Paulo Duarte quer lei para restringir o plantio de soja no Pantanal

Parlamentar lembra que o vizinho Mato Grosso discute a proteção da região

Adriel Mattos e Gabriela Couto | 07/06/2022 09:50
Duarte mostrou imagens de satélite comprovando existência de área plantada. (Foto: Divulgação/Alems)
Duarte mostrou imagens de satélite comprovando existência de área plantada. (Foto: Divulgação/Alems)

Durante a sessão desta terça-feira (7) da Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual Paulo Duarte (PSB) denunciou plantações irregulares de soja na região do Pantanal. Ele apresentou imagens de satélite de propriedades em Aquidauana e Coxim.

“São 288 hectares de área, de uma propriedade em Aquidauana; e 317 hectares em Coxim. Não estamos aqui para falar contra produtores rurais, precisamos discutir uma legislação sobre isso”, disse.

Duarte afirmou ainda já ter apresentado a situação ao presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS), Marcelo Bertoni. “A Famasul teve a sensibilidade de ouvir, e vou levar isso para debater com a classe, com a promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público e com o governo”, destacou.

O parlamentar ainda citou que existe recomendação para evitar a cultura do grão na região pantaneira, mas defendeu uma lei que proíba a prática, que está em discussão em Mato Grosso. “É uma cultura importante para o Estado, somos um dos poucos que estamos expandindo nossa área plantada. A proposta aqui é que tenha uma legislação regulando isso”, defendeu.

Em seguida, ele lembrou da questão climática, que já afeta o Pantanal. “Esta época, em junho, era para o ser o pico da cheia. Por que a Globo escolheu voltar a gravar agora? Porque acharam que iam encontrar o Pantanal tomado de água, mas há quase sete anos, só tem seca. Essa região está sofrendo com o clima, isso não é questão de ambientalista chato. Não adianta tapar os olhos, estamos vendo onde passava balsa no Rio Paraguai, em Corumbá: está seco”, afirmou.

Apoio – Durante assinatura de convênios para obras com as prefeituras de Alcinópolis, Ladário, Novo Horizonte do Sul, Rio Brilhante, Rio Negro e Rochedo, mais cedo, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se manifestou favorável a uma eventual proibição.

“É uma discussão válida, soja na planície pantaneira é inviável. Hoje é algo que precisamos ter uma preocupação, olhar se existe área de amortecimento, planalto, que hoje tem grande atividade agropecuária, é possível conciliar produção com sustentabilidade. Já recebi um abaixo-assinado sobre isso e temos que discutir com muita maturidade”, comentou.

Projeto no estado vizinho – Está tramitando na Assembleia mato-grossense um projeto que altera a chamada Lei do Pantanal, visando impedir o plantio de soja no bioma. A matéria vem sendo alvo de intensa discussão desde o início do ano.

Produtores da região defendem a medida. “Nós somos os primeiros a não querer levar ações de impacto para o Pantanal. Estamos em um momento entre a cruz e a espada, essa é a última oportunidade que temos. Se essa lei não for aprovada, nós, pantaneiros, podemos arrumar nossas malas e ir embora. Os poucos que lá ficaram precisam de apoio pra poder recomeçar a vida novamente, porque o que nós fizemos durante todos esses anos foi preservar e conservar o Pantanal”, declarou o pecuarista Cristóvão Afonso da Silva, em reunião da comissão de Meio Ambiente na semana passada.

A secretária de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, reforçou que o projeto foi construído com debate da classe produtora. “Esse projeto foi construído a várias mãos, com muita responsabilidade, com transparência e o homem pantaneiro foi ouvido durante todo o processo. Não é o objetivo de todo o grupo que discutiu esta minuta trazer prejuízo ambiental ao Pantanal. Ao contrário, nós queremos melhorar o Pantanal, trazer exploração sustentável dentro das melhores técnicas que forem possíveis, tanto do ponto de vista científico quanto do ponto do conhecimento do pantaneiro”, pontuou.

Nos siga no Google Notícias