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Política

Relato de Delcídio ajuda MPF a confirmar que Lula sabia de esquema

Ricardo Campos Jr. | 14/09/2016 16:27
Delcídio disse que lula "sabia como a roda rodava". (Foto: arquivo)
Delcídio disse que lula "sabia como a roda rodava". (Foto: arquivo)

O depoimento do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido) ajudou o Ministério Público Federal a confirmar que, segundo as investigações, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabia do esquema de desvio de recursos públicos na Petrobras e ainda o comandava. Segundo o procurador do Ministério Público Deltan Dallagnol, o ex-senador afirmou que o líder do Partido dos Trabalhadores “sabia como a roda rodava”.

Vários acusados no mensalão também deram declarações que reforçam, segundo o MPF, a culpa do ex-presidente. Conforme o órgão, o esquema denunciado entre 2005 e 2006 fazia parte de um quebra-cabeça ligado aos desfalque da Petrobras e uma série de outros crimes.

Existia, conforme Dallagnol, um caixa geral em que os envolvidos não precisavam ser acertado em cada obra um valor de propina certo. A empreiteira pagava montantes fixos em porcentagens que iam para esse “fundo” cujas quantias podiam ser sacadas pelos participantes.

Dessa forma, conforme o procurador Roberson Pozzobon, ocorria a transformação do dinheiro sujo da OAS em dinheiro limpo em benefício de Lula e sua família e há vários conjuntos de atos que demonstram isso, como a reforma e decoração do triplex do Guarujá e o custeio por parte da empresa do armazenamento de itens de Lula em um depósito em SP.

O fato de o ex-presidente não constar como dono do imóvel é justamente é uma forma de “dissimular” a verdadeira propriedade. As investigações apontam que a cobertura valia quase R$ 1,5 milhão, e Lula havia pago até o momento, com valores corrigidos, cerca de R$ 340 mil.

O procurador Julio Noronha diz que após a conclusão do empreendimento, em 2013, o local começou a ser personalizado no interesse de Lula e Marisa. Logo depois, Leo Pinheiro, da OAS, foi ao local com o casal e percorreu toda a unidade. Foi realizada decoração em projeto que adequou a residência às necessidades da família do ex-presidente.

Resultado - Lula foi apontado como o “comandante máximo”do esquema de corrupção. O esquema de propinas servia para alcançar a governabilidade mediante a corrupção, alcançar a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder, juntando recursos para campanhas e enriquecendo os envolvidos.

Em entrevista na tarde desta quarta-feira (14), Dallagnol afirma que o ex-presidente recebeu R$ 3,7 milhões e garante que há 14 conjuntos de provas contra ele. As investigações mostram que todo o esquema movimentou R$ 6,2 bilhões, gerando à Petrobras um prejuízo de R$ 42 bilhões.

Além de Lula, conforme o Portal G1, foram denunciados a esposa dele, Marisa Letícia; o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro; o arquiteto e ex-executivo da empresa Paulo Gordilho; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-executivo da OAS Agenor Franklin Magalhães Medeiros; o ex-presidente da OAS Investimentos Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS.

A situação gerou um esquema que o procurador chamou de “propinocracia”. Ele ressalta que Lula é a “peça central” da Lava Jato e pede o bloqueio de R$ 87 milhões e ressarcimento de mais R$ 87 milhões.

O advogado Edward de Carvalho, que defende Léo Pinheiro e Agenor Franklin Magalhães Medeiros; e Cal Garcia, que representa Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, disseram ao Portal G1 que não vão se manifestar.

Já a defesa de Okamotto emitiu nota dizendo que não houve lavagem de dinheiro e que o Ministério Público criou uma corrução em que não há vantagem ilícita. O valor, segundo ele, é pago para conservação de um acervo considerado patrimônio cultural brasileiro e de interesse público, tendo a nota fiscal sido emitida em nome da empresa que contribuiu com o trabalho, a OAS.

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