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Política

Sem contato desde atos em Brasília, casal de Dourados aguarda soltura da filha

Irmã de mulher presa na capital federal conversou com a reportagem

Jéssica Benitez | 24/01/2023 18:03
Silvia Adriana Nogueira está entre moradores de MS presos em Brasília (Foto Reuters)
Silvia Adriana Nogueira está entre moradores de MS presos em Brasília (Foto Reuters)

No dia em que soprou as velas em comemoração aos 51 anos, a desenvolvedora de software Sílvia Nogueira dos Santos foi presa nos atos antidemocráticos ocorridos em Brasília. Desde aquele 8 de janeiro a família, que mora em Dourados, não conseguiu mais contato com ela e obteve notícias após longos cinco dias “no escuro”, através de um advogado de Goiânia que semanalmente vai à capital federal defender grupo de 12 presas, todas pelo mesmo motivo.

A professora Ângela Nogueira, 54 anos, é irmã de Sílvia e contou ao Campo Grande News como tudo ocorreu. Embora seja do estado de São Paulo, a família mora na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul há mais de 30 anos. Sílvia foi a única que retornou a terras paulistas e por lá permaneceu 20 anos. Voltou a residir com os pais pouco antes de começar a pandemia e nunca mais se afastou.

Idosos, o pai de 86 anos e a mãe de 77 anos, são os mais afetados pela prisão justamente porque o convívio era diário. “Meu pai, que está enfrentando um câncer chora todo dia”, contou a educadora. Segundo ela, a irmã embarcou rumo a Brasília dois dias antes dos atos para auxiliar na cozinha do acampamento bolsonarista.

Na manhã do domingo em que tudo aconteceu, ela ligou para contar que os companheiros de causa compraram bolo para comemorar a chegada de seus 51 anos e, sabendo que à tarde haveria manifestação, garantiu para família que não participaria porque seria caminhada de 7 quilômetros, distância muito grande para enfrentar com dores que sentia no joelho.

“Ela não foi, não tinha como. O joelho estava machucado há dias. Não sabemos o porquê da prisão dela”, desabafou. Os familiares só descobriram sobre a prisão quando não houve mais contato. “Ficou tudo negro pra gente. Tudo uma bagunça. Não tínhamos mais notícias. Já estávamos buscando meios de tentar tirá-la de lá quando um advogado entrou em contato”, relata.

De acordo com a professora, o advogado a acompanhou na audiência de custódia e tentou provar com fotos e registro de horários que a irmã não estava entre os que depredaram os prédios do Congresso Nacional e Palácio do Planalto, no entanto, não conseguiu a liberação.

Sílvia, então, foi encaminhada à penitenciária feminina do Distrito Federal conhecida popularmente como Colmeia e ainda permanece presa. “O advogado faz a visita toda quarta-feira e repassa as informações pra gente. Ela está bem, estão em grupo. Ele levou kit higiene e o que ela estava precisando. Agora vai entrar com recurso para tentar liberdade de novo”.

Ângela acredita na teoria de que pessoas infiltradas ao movimento foram responsáveis pelo vandalismo que destruiu parte dos prédios da Câmara Federal, Senado, STF (Supremo Tribunal Federal) e Palácio do Planalto. “Ficaram 60 dias em frente aos exércitos e nada parecido aconteceu, por que fariam isso lá? Fizeram armadilha para eles e quando a verdade vir à tona todos vão saber”, opinou.

Situação – A ação movida pelo STF corre em segredo de Justiça, mas a Corte faz atualizações acerca dos encarcerados. Até o último dia 20, após audiências de custódia, 942 pessoas seguiam presas e 464 obtiveram liberdade, com uso de tornozeleira, além de outras condições impostas pela Justiça.

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