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Política

Senadores de MS avaliam que missão alertou sobre “perde-perde” entre países

Comitiva encerrou 3 dias de reuniões nos EUA afirmando ter reaberto diálogo com parlamentares e empresários

Por Jhefferson Gamarra e Fernanda Palheta | 30/07/2025 14:55
Senadores de MS avaliam que missão alertou sobre “perde-perde” entre países
Agenda com a comitiva de senadores brasileiros e senadores do EUA: Mark Kelly, Chris Coons e Jeanne Shaheen (Foto: Divulgação)

A missão oficial do Senado brasileiro, composta por oito senadores de diferentes partidos, encerrou nesta quarta-feira (30) a série de reuniões em Washington destinada a abrir diálogo com autoridades e empresários dos Estados Unidos sobre a tarifa de 50% que o governo norte-americano pretende aplicar a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

RESUMO

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Senadores brasileiros concluíram missão em Washington para discutir a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A comitiva, composta por oito senadores, buscou alertar autoridades americanas sobre os prejuízos da medida para ambos os países. Reuniões com congressistas democratas e republicanos, além de representantes do setor privado, visaram restabelecer a diplomacia parlamentar e abrir caminho para futuras negociações entre os governos. A missão enfatizou o impacto negativo da tarifa para economias de ambos os países, incluindo estados americanos com fortes laços comerciais com o Brasil. A compra de óleo e fertilizantes russos pelo Brasil também foi discutida, com americanos expressando preocupação sobre o financiamento indireto da guerra. A comitiva considera a missão um primeiro passo para fortalecer a posição brasileira no Congresso americano, apesar da decisão final sobre a tarifa caber ao Executivo dos EUA. Os senadores sistematizarão os resultados e apresentarão recomendações ao governo brasileiro.

Segundo os senadores de Mato Grosso do Sul, Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP), integrantes da comitiva, o objetivo principal da viagem foi conscientizar os americanos de que a medida trará perdas para ambos os países, além de criar canais para futuras negociações conduzidas pelos Poderes Executivos. Os parlamentares destacaram que, embora não tenham poder para negociar em nome do Brasil, conseguiram restabelecer a “diplomacia parlamentar”, que vinha sendo pouco explorada entre as duas nações.

A agenda em Washington incluiu encontros com 9 parlamentares norte-americanos, sendo oito democratas e um republicano, além de representantes da iniciativa privada. Entre os congressistas visitados estão os democratas Tim Kaine, Ed Markey, Mark Kelly, Chris Coons, Jeanne Shaheen, Martin Heinrich e a deputada Sydney Kamlager-Dove, co-presidente do Brazil Caucus, além do republicano Thom Tillis, aliado do ex-presidente Donald Trump.

Uma reunião prevista com o senador Lindsey Graham, próximo a Trump, não se concretizou. Questionado, Nelsinho Trad disse que não houve explicação sobre a ausência. “Era um encontro com cinco senadores na mesma sala, ele confirmou presença, mas não apareceu. Ninguém soube informar o motivo”, relatou em coletiva.

De acordo com os senadores, as conversas buscaram apresentar os impactos da tarifa não apenas para a economia brasileira, mas também para estados americanos com laços comerciais importantes com o Brasil. “Fomos claros ao mostrar que essa política pode prejudicar agricultores e empresas dos Estados Unidos, criando uma situação de perda para os dois lados”, afirmou Trad.

O coordenador da missão destacou que a viagem cumpriu seu objetivo central. “Viemos fazer diplomacia parlamentar, que estava fria. Conseguimos reaquecer e distensionar o relacionamento, levando a mensagem de que precisamos manter um canal aberto de diálogo. Não temos competência para negociar, mas abrimos caminhos para que essa relação possa ser melhor azeitada”, disse Trad.

O senador afirmou ainda que o tema das tarifas deverá ser inserido em debates internos no Congresso americano após os encontros. “Por termos tratado do assunto em vários gabinetes, acreditamos que ele seguirá na pauta deles”, declarou.

A comitiva deverá se reunir no início da próxima semana, já no Brasil, para sistematizar os resultados da missão e encaminhar recomendações ao Executivo, responsável por eventuais negociações com o governo norte-americano.

Além da questão tarifária, um ponto sensível levantado nas reuniões foi a relação comercial do Brasil com a Rússia, especialmente na compra de óleo e fertilizantes. Tereza Cristina explicou que o tema foi abordado tanto por congressistas democratas e republicanos quanto por representantes do setor privado americano.

“Eles têm a visão de que qualquer país que continue comprando da Rússia ajuda a financiar a guerra, e isso pode levar a sanções futuras contra esses parceiros comerciais. O assunto foi recorrente nas conversas e precisa estar no nosso relatório final”, afirmou a senadora.

Ela também destacou que parlamentares norte-americanos consideraram importante a carta enviada pelo Congresso brasileiro solicitando o adiamento da medida tarifária. “Dissemos que o Brasil é o único país com um prazo tão curto para receber essas tarifas. Se conseguirmos apoio do Senado americano, isso pode dar mais tempo para negociar”, completou.

Os parlamentares reforçaram que nunca houve expectativa de resolver a questão durante a viagem. “Ninguém imaginava sair daqui com tudo solucionado. Essa história está só começando. Mas conseguimos abrir canais de conversa com republicanos e democratas para mostrar que a decisão é prejudicial para todos”, resumiu Nelsinho Trad.

Segundo ele, o trabalho agora é manter a interlocução com congressistas e empresários dos dois países e apoiar o governo brasileiro nas tentativas de reverter ou postergar a aplicação das tarifas.

Com isso, a missão se encerra com o entendimento de que a ida a Washington foi um passo inicial para diminuir tensões diplomáticas e fortalecer a pauta brasileira no Congresso americano, embora a decisão final sobre a tarifa continue nas mãos do Executivo dos Estados Unidos.