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Política

Sob risco de afastamento, vereadores atacam Bernal e se justificam

Antonio Marques | 29/09/2015 13:25
O presidente em exercício da Câmara, Flávio César, ocupou a maior parte da sessão de hoje para relembrar os fatos que levaram à cassação do prefeito Alcides Bernal (Foto: Antonio Marques)
O presidente em exercício da Câmara, Flávio César, ocupou a maior parte da sessão de hoje para relembrar os fatos que levaram à cassação do prefeito Alcides Bernal (Foto: Antonio Marques)

Apesar de o presidente em exercício da Câmara Municipal, Flávio César (PTdoB), ter declarado, a caminho do Plenário, que a Casa estaria totalmente tranquila no aspecto de dar continuidade e sequência aos trabalhos, a sessão desta terça-feira foi atípica, sem aprovação de projetos, marcada por tensão, lembranças e críticas dos vereadores em relação à administração do prefeito Alcides Bernal (PP) que gerou o processo de cassação e, consequentemente, deu origem ao pedido do MPE (Ministério Público Estadual) à justiça para o afastamento de 17 dos 28 parlamentares, uma vez que o presidente Mário César (PMDB) já foi afastado no dia 25 de agosto.

Flávio César enfatizou que não havia nada a se fazer diante de algo que, concretamente, não existia até então. Sobre o fato das informações divulgadas atrapalharem os trabalhos na Câmara, ele disse que “de forma alguma, a Casa continua a todo vapor”. Porém, o presidente usou a Tribuna por mais de 40 minutos para fazer um relato dos fatos que anteciparam as ações dos vereadores durante a primeira parte do mandato do prefeito Alcides Bernal.

Durante o discurso, que pelo regimento não poderia passar de sete minutos, Flávio César criticou a forma como o prefeito, há época, agia em relação aos vereadores, com superioridade e até arrogância. “Ele (Bernal) chegava a humilhar os vereadores quando dizia que iria transferir a Câmara para o prédio da antiga rodoviária”, criticou Airton Saraiva (DEM), o mais incisivo e ríspido nas intervenções contra o prefeito.

Antes de iniciar a sessão, os vereadores realizaram reunião na sala da presidência da Casa e definiram o rito dos trabalhos no Plenário, relembrar o caso que levou 23 dos 29 parlamentares a votarem em favor da cassação de Bernal, em março de 2014. Com a cedência de mais tempo por parte dos colegas para continuar seu discurso, Flávio César fez o papel do comandante da nau, dar a linha para o debate, como tentativa de justificar à população que o trabalho feito pela “CPI do Calote” e a Comissão Processante foi o mais correto e dentro da legalidade.

Mesmo com 24 vereadores no Plenário, ao final da sessão não houve quórum para votação de um único projeto que estava na pauta, pois a maioria deixou o local mais cedo, diante de boatos de que a qualquer momento os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) poderiam chegar à Câmara para entregar a decisão da justiça sobre o pedido de afastamento dos nobres edis.

Enquanto os parlamentares citados no pedido de afastamento do MPE se revezavam nos apartes e discursos no Plenário para desabafar sobre os motivos que os levaram a votarem pela cassação do prefeito Bernal, os vereadores que não constam da lista do Gaeco permaneceram em silêncio. A vereadora Luiza Ribeiro (PPS) disse que o assunto que estava sendo debatido era vencido na Casa. “Essa agenda não está mais na Câmara e sim com a justiça e na polícia, que vai atuar do ponto de vista criminal. Não pertence mais a nós. Temos outros assuntos mais importantes a serem tratados”, observou.

Marcos Alex (PT) concordou que o silêncio no momento seria uma boa opção, mas disse entender o fato dos colegas estarem debatendo o assunto, uma vez que estavam usando o espaço próprio para esclarecer os acontecimentos que “está provocando a instabilidade política na cidade. É o assunto do momento e a Casa não pode ficar indiferente aos fatos”, comentou.

O atual presidente das comissões de Ética e Processante, João Rocha (PSDB), também ocupou a Tribuna para elogiar as falas dos colegas e criticou o fato das informações serem divulgadas na imprensa, “deixando pairar no ar” que os vereadores fizeram algo errado, quando cassaram o prefeito Bernal. “Temos convicção que os senhores fizeram uma investigação responsável e votaram convictos diante do relatório da Processante da época”, declarou.

Questionado se os discursos dos vereadores prenunciavam o fim da relação com o prefeito Alcides Bernal neste retorno ao cargo, Chiquinho Teles discordou. Para ele, as falas apenas faziam uma lembrança dos acontecimentos da época para relembrar ao povo e à imprensa o trabalho feito na Câmara e as razões que os levaram a votar pela cassação.

Ao final, Flávio César declarou que era homem de bem, chefe de família, cristão e que estava com a consciência tranquila e continuaria cumprindo seu papel enquanto presidente em exercício da Câmara. “Confio nas instituições e acredito no trabalho do Ministério Público e Tribunal de Justiça, que estão cumprindo seus papéis. Confio e tenho convicção no meu trabalho e dos meus 23 colegas que votaram naquele dia. Que a justiça seja feita”, concluiu.

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