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Política

"Tive problema sério de fígado", diz senadora de MS após usar ivermectina

Senadora fazia perguntas para executivo de indústria fabricante do medicamento usado no kit covid

Nyelder Rodrigues | 11/08/2021 16:54
Senadora de MS durante sua participação na CPI da Covid nessa quarta-feira. (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)
Senadora de MS durante sua participação na CPI da Covid nessa quarta-feira. (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia realizada pelo Senado voltou à ativa, após o recesso parlamentar e continua com as sessões recheadas de questionamentos ao convidados ou convocados a prestar esclarecimento. Porém, nessa tarde, o principal destaque veio de uma revelação da senadora Soraya Thronicke (PSL).

Sul-mato-grossense e alinhada em grande parte, com as ideias do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Soraya revelou que por causa da covid, contraída em abril deste ano, ela passou a se medicar com a ivermectina, mas sofreu problemas de saúde posteriormente, por causa do uso excessivo da medicação incluída no kit covid.

"Eu mesmo tive problemas. Tomei aleatoriamente a ivermectina, pois sou leiga no assunto e não precisa de receita para comprar, e tive um problema sério no fígado", frisa, durante os questionamentos feito ao diretor da Vitamedic, Jailton Batista.

Logo em seguida, ela ainda continuou os questionamentos, em tom de desabafo. "Hoje em dia, estou freando muito, mas ia na onda do abuso da ivermectina. Posso falar porque sofri. Sabe-se lá quantos se intoxicaram com ivermectina".

Para Soraya, as indústrias farmacêuticas responsáveis pela fabricação do medicamento tentaram manipular a comunidade científica para encontrar um caminho para a venda desenfreada do remédio. "Enganaram a população brasileira. Pensaram, já que eu fabrico isso aí, vou me aproveitar. Enganaram os leigos, os gestores", completa.

Ao final, ela ainda pediu que a CPI convocasse José Alvas Filho, dono da Vitamedic, que também faz parte da indústria farmacêutica fabricante da ivermectina - medicamento já contestado anteriormente por grande parte da comunidade científica.

Além de se mostrar ineficaz no tratamento da covid, ele também é apontado como causador de vários efeitos colaterais graves, causando até hepatites. No caso, a ivermectina é um remédio indicado para tratamento de parasitas e vermes.

De acordo com a assessoria de imprensa da senadora, Soraya teve problemas de saúde, após ter tido covid-19 e, ao procurar ajuda médica para essa situação em específico, acabou sendo orientada a suspender o uso da ivermectina imediatamente. "Ela defende que as pessoas não se automediquem e sigam apenas orientações do seu médico", diz.

Críticas aos fabricantes - Os senadores presentes na sessão, acusaram a empresa farmacêutica Vitamedic de lucrar milhões de reais com a venda de ivermectina, à custa de milhares de vidas perdidas para a covid-19.

Pressionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Jailton alegou não dispor de todos os números de vendas e faturamento da empresa antes e depois da pandemia. Admitiu, porém, que a venda da ivermectina saltou de 2 milhões de unidades de quatro comprimidos em 2019 para 62 milhões no ano passado.

Somente com a ivermectina, a empresa faturou R$ 15,7 milhões em 2019, número que passou a R$ 470 milhões em 2020 e, de janeiro a maio deste ano, já atinge R$ 264 milhões. A medicação teve aumento de demanda na casa dos 1.105% em 2020 e o preço da caixa com 500 comprimidos subiu 226% no mesmo período.


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