Feminicídio de bebê é uma entre 20 tragédias envolvendo crianças e adolescentes
Entre acidentes de trânsito e abusos, Sophie Eugênia é marca triste do ano, morta pelo pai aos 10 meses
Do feminicídio de uma bebê de 10 meses à morte de um garoto de 17 anos em confronto policial, em 2025, ao menos 20 crianças e adolescentes morreram em Mato Grosso do Sul, segundo dados publicados no portal Campo Grande News. Os casos atravessam todo o ano e envolvem acidentes domésticos, violência, doenças, tragédias no trânsito e crimes cometidos dentro e fora de casa, tanto na Capital quanto no interior do Estado.
RESUMO
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Em 2025, Mato Grosso do Sul registrou 20 mortes de crianças e adolescentes, incluindo casos de violência, acidentes domésticos e tragédias no trânsito. Entre os casos mais impactantes está o feminicídio de Sophie Eugênia Borges, bebê de 10 meses, assassinada junto com sua mãe pelo próprio pai. Os registros mostram que crianças frequentemente foram vítimas em ambiente familiar, enquanto adolescentes sucumbiram principalmente à violência armada e acidentes de trânsito. Afogamentos, confrontos policiais e casos de negligência também compõem o cenário de perdas precoces que marcaram o estado durante todo o ano.
O levantamento mostra que, na maioria dos casos, as mortes de crianças acontecem em situações ocorridas dentro do ambiente familiar ou sob a responsabilidade direta de adultos, já as dos adolescentes estão relacionadas a casos de violência armada ou acidentes de trânsito, mas em todas as faixas etárias também há os casos de doenças e afogamentos.
Neste ano, o primeiro registro de morte infantojuvenil foi em 4 de janeiro, quando uma criança de 5 anos morreu após se afogar na piscina da própria casa, em Anastácio. Ela chegou a ser transferida para a Santa Casa de Campo Grande, mas não resistiu. Já no dia 9 de janeiro, um bebê de 1 ano se afogou dentro de uma bacia em São Gabriel do Oeste e morreu na Santa Casa de Campo Grande.
O caso, no entanto, aconteceu em setembro do ano anterior. A mãe chegou a ser presa pelo crime classificado como homicídio. A menina passou meses no hospital, recebeu alta, mas em janeiro de 2025 não resistiu às complicações do afogamento e morreu.
Dois meses depois, em 17 de março, um bebê de 6 meses morreu na Santa Casa da Capital, e o padrasto passou a ser investigado por suspeita de homicídio e maus-tratos. O rapaz de 25 anos cuidava da criança que rolou e caiu da cama. O delegado Pablo Gabriel Farias da Silva, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) chegou a afirmar na época que as lesões poderiam ter sido causadas pela queda.
Três dias depois, em 20 de março, outro bebê, de 1 ano e 11 meses, morreu após se afogar na piscina da casa da cuidadora, no Bairro Indubrasil, em Campo Grande. A mulher chegou a ser presa pelo homicídio culposo, mas pagou fiança de R$ 5 mil e foi liberada. Os vizinhos da babá de 50 anos afirmaram que o caso se tratava de uma “fatalidade” já que ela era muito responsável.
Em 19 de maio, uma menina de 8 anos morreu por dengue, em Naviraí, sendo a primeira morte infantil pela doença confirmada no Estado em 2025. No mesmo mês, a bebê Sophie Eugênia Borges, de 10 meses, foi assassinada pelo pai João Augusto Borges de Almeida, sendo a mais nova vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul.
João matou a bebê e sua mãe, Vanessa Eugênia Medeiros, na casa onde moravam. Ele as asfixiou e depois carbonizou seus corpos em um terreno na região do Indubrasil. O crime foi classificado como duplo feminicídio após ele confessar que agiu para não pagar pensão e por sentir ódio da filha desde que ela nasceu.
Em 25 de junho, uma criança de 9 anos morreu após um acidente envolvendo um carro e uma carreta, na BR-163, região do Jardim Colúmbia, em Campo Grande. A batida aconteceu na madrugada do dia anterior e a vítima estava no Chevrolet Tracker junto com o pai, a irmã e uma quinta pessoa não identificada. Eles voltavam de Goiás para Mato Grosso do Sul.
No segundo semestre, novas ocorrências reforçaram o número de perdas. Em 28 de agosto, uma menina de 6 anos foi estuprada e encontrada morta na casa de Marcos Willian Teixeira Timóteo, um conhecido da família, na Vila Carvalho. Marcos Willian Teixeira Timóteo morreu ao ser baleado pela polícia horas depois. O caso comoveu a cidade, assim como o da bebê Sophie.
Em 16 de outubro outro afogamento resultou na morte de um bebê de 11 meses. A criança caiu na piscina de plástico no quintal da casa onde a família morava em São Gabriel do Oeste. O menino chegou a ser socorrido e encaminhado para a Santa Casa em Campo Grande, mas não resistiu e horas depois morreu.
No dia 23, uma criança de 5 anos foi encontrada morta em casa, no Jardim Santa Emília, com sinais de desnutrição grave. A menina apresentava malformação cerebral, estava em estado de desnutrição grave e dependia totalmente de cuidados. Ela foi vista com vida pelos familiares por volta do meio-dia e às 15h foi encontrada pela mãe já sem sinais vitais.
Em 6 de setembro, um adolescente de 15 anos morreu após cinco tiros no peito em frente a uma casa na Rua Boa Vizinhança, na Vila Nhanhá, em Campo Grande. O irmão ficou ferido. Os atiradores estavam em uma motocicleta preta e as vítimas estavam sentadas em frente à residência. Ambos foram socorridos, mas o mais jovem não resistiu aos ferimentos.
Já no mês seguinte, Henrique Cardoso Salmazo, 17 anos, acabou morrendo em um acidente de trânsito em Dourados. O caso aconteceu no dia 18 de outubro, quando o carro onde o garoto estava bateu contra um muro de um condomínio na Avenida Dom Redovino Rizzardo. O condutor do veículo, Felipe Matheus Araújo Neriz, 18 anos, chegou a ser preso em flagrante.
No dia 1º de novembro, mais um afogamento com morte. Neste caso, o adolescente de 17 anos tentava atravessar um lago na região norte da Capital, mas acabou se afogando. O local fica próximo ao condomínio Alphaville, na Avenida Abadia de Oliveira Lima. A equipe do Corpo de Bombeiros tentou reanimar o garoto que estava acompanhado da namorada e mais dois amigos.
Ainda em novembro, 3 mortes aconteceram quase que na sequência. No dia 24, 2 adolescentes morreram afogados em uma represa na Aldeia Te’yikuê, em Caarapó. Eles entraram na água sem supervisão e não conseguiram retornar à margem. Quando o Corpo de Bombeiros chegou, os garotos já estavam mortos.
No dia seguinte, 25 de novembro, um jovem de 17 anos morreu após confronto com policiais, no bairro Portal Caiobá. O caso aconteceu na Rua Wega Neri e o garoto era procurado pela Justiça por envolvimento em série de homicídios. A equipe do BPChoque (Batalhão de Choque) chegou até o adolescente após denúncias anônimas.
Os militares encontraram o garoto na porta de uma casa com um homem não identificado. Quando viu os policiais, o adolescente correu para os fundos da casa. Os militares o encontraram agachado no telhado, e ele apontou um revólver para um dos servidores, que acabou atirando para se defender.
Conforme noticiado na época, o menino caiu no quintal de uma vizinha ainda segurando a arma e foi baleado mais duas vezes. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu durante o atendimento médico no HR (Hospital Regional) de Campo Grande.
Em 21 de dezembro, uma menina de 11 anos morreu em um acidente na BR-262, em Campo Grande, na mesma colisão que matou o bisavô. No dia 22, um adolescente de 16 anos morreu após capotar o veículo que dirigia em uma estrada vicinal entre Coxim e Alcinópolis, sendo arremessado para fora do carro e tendo a cabeça esmagada.
Os registros reunidos desenham um ano marcado por perdas precoces, com histórias interrompidas em diferentes fases da infância e da adolescência. São dados que atravessam meses, cidades e contextos distintos, deixando números que representam vidas encerradas antes do tempo em Mato Grosso do Sul.





