“Deixe que digam, que pensem, que falem…”

Vivemos em uma era onde a opinião alheia parece estar mais acessível e presente do que nunca. Redes sociais, conversas no trabalho, comentários entre amigos – as vozes externas nos cercam. É quase como se a vida de todos estivesse sob um holofote, aberta a críticas, julgamentos e conselhos não solicitados. Porém, há algo profundamente libertador em adotar a postura do famoso verso: “Deixe que digam, que pensem, que falem.”

A Armadilha da Aprovação

Desde cedo, somos ensinados, mesmo que de forma sutil, a buscar aprovação. Seja nas notas escolares, na forma como nos comportamos ou nas escolhas de vida, parece que o “olhar do outro” sempre pesa. Essa busca por validação se transforma em um ciclo exaustivo, no qual moldamos nossas decisões para agradar ou, pelo menos, evitar o julgamento alheio.

No entanto, viver com base na opinião dos outros é como construir uma casa na areia. O vento muda, as opiniões também, e o que era aceito hoje pode ser criticado amanhã. Entender que não é possível agradar a todos é o primeiro passo para uma vida mais autêntica.

A Liberdade de Não Se Importar

Quando nos desprendemos da necessidade de aprovação, ganhamos algo valioso: liberdade. Liberdade para sermos quem realmente somos, para fazermos escolhas alinhadas aos nossos valores, e, acima de tudo, para viver sem o peso do julgamento constante.

Isso não significa ignorar críticas construtivas ou ser indiferente ao impacto de nossas ações nos outros. Pelo contrário, trata-se de distinguir entre opiniões que nos ajudam a crescer e aquelas que só nos aprisionam. Nem toda crítica é válida e nem toda opinião merece atenção.

O Custo da Opinião Alheia

Se preocupar excessivamente com o que os outros pensam pode nos afastar de nossos sonhos e nos paralisar diante de decisões importantes. Quantas vezes deixamos de agir por medo do que “vão pensar”? Cada escolha adiada por esse motivo é uma oportunidade perdida de viver plenamente.

Mais ainda, basear nossas decisões na opinião alheia nos desconecta de quem realmente somos. O resultado? Uma vida construída em torno de expectativas externas, que pode parecer perfeita aos olhos dos outros, mas que nos deixa insatisfeitos por dentro.

Como Viver Sem Se Importar (Demais)

    1.    Reforce sua identidade: Conheça seus valores, princípios e o que realmente importa para você. Isso será sua âncora diante das tempestades de opiniões externas.

    2.    Escolha suas influências: Nem todas as vozes merecem ser ouvidas. Escute pessoas que têm experiência ou sabedoria, mas saiba ignorar julgamentos vazios.

    3.    Aceite que errar faz parte: O medo de julgamentos muitas vezes vem do medo de errar. Entenda que os erros são parte natural do crescimento.

    4.    Pratique a autocompaixão: Seja gentil consigo mesmo. Saber que você está fazendo o melhor que pode é mais importante do que qualquer validação externa.

    5.    Lembre-se da impermanência das opiniões: O que pensam de você hoje será irrelevante amanhã. Priorize o que é duradouro.

“Deixe que digam, que pensem, que falem” é mais do que um verso de uma música; é um mantra para quem busca uma vida leve, autêntica e alinhada ao que realmente importa. A tranquilidade de viver sem se importar com a opinião alheia não é arrogância, mas um ato de coragem e autoconhecimento.

No final, é a sua vida – e ninguém pode vivê-la por você. Então, que digam, que pensem, que falem… você tem coisas melhores para fazer.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.

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