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Dengue: O avanço presente da doença do passado

Por Jan Carlo Delorenzi (*) | 05/05/2015 13:43

Os números alarmantes mostrados pelo Ministério da Saúde sobre o avanço da Dengue no Brasil no de 2015 revelam uma situação desalentadora. A Dengue é uma doença cujos surtos endêmicos e epidêmicos são relatados no Brasil desde a segunda metade do século XIX. Observar números de mais de 746 mil casos em apenas 3 meses e meio do décimo quinto ano do século XXI é simplesmente inaceitável.

Uma outra situação ainda mais séria relaciona-se ao estado de São Paulo. Considerado o mais desenvolvido e rico do Brasil, registra mais da metade das notificações nacionais e também o maior número de óbitos registrados pela doença. A pergunta que se faz, portanto é: Em que estamos falhando?

Pensar em apontar culpado ou culpados para a situação da Dengue é uma ingenuidade, uma vez que trata-se de uma doença complexa, ainda que seu agente causador, o Vírus da Dengue (em seus diversos sorotipos) e o seu agente Transmissor, o Aedes aegypti, sejam bastante conhecidos. Entretanto, é fato que há falhas severas tanto por parte do poder público quanto por parte da população, ao não darem a devida atenção aos aspectos mais sérios na transmissão da doença.

Como a Dengue não possui tratamento medicamentoso ou vacina que possa ser usada na prevenção o foco para evitar a disseminação, morbidades e mortes causadas por essa doença está em, justamente, evitar a reprodução dos mosquitos vetores. Nesse momento atual, essa é a alternativa que dispomos. É importante lembrar que o mosquito Aedes aegypti já foi erradicado do Brasil (na década de 1950) quando assumiu-se medidas de controles sérias e severas. Foi possível uma vez. É possível novamente. Basta que haja um esforço conjunto da população e do poder público nessa direção.

Outro aspecto importante é que a Dengue é considerada uma entre as 17 Doenças Tropicais Negligenciadas, aquelas para as quais não foram desenvolvidos novos medicamentos nos últimos 40 anos. Há um esforço de organismos internacionais aliados à Organização Mundial de Saúde para alterar essa perspectiva. Ainda há muito a ser feito. Sendo assim, mais uma vez, a alternativa que dispomos de forma imediata é o controle do vetor.

(*) Jan Carlo Delorenzi é doutor em Ciências Biológicas (Biofísica). Professor de Imunologia e Saúde Pública – Universidade Presbiteriana Mackenzie. Investigador Sênior em Pesquisa Clínica. Conferencista na área de Doenças Tropicais Negligenciadas.

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