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Dicas para você se sair bem na redação do ENEM

Por Nedilson Santos (*) | 20/10/2015 14:50

A proximidade do ENEM reatualiza anualmente o receio e a insegurança da maioria dos estudantes no que diz respeito à redação. Muito dessa insegurança é resultado da pouca prática textual escrita – em moldes próximos ao solicitado no exame – da maioria dos participantes.

Como diz o poeta João Cabral de Melo Neto, “para aprender da pedra, frequentá-la”. Portanto, para ser um redator competente, é necessário que a pessoa se predisponha a praticar a escrita com certa constância e disciplina. No caso da redação, tal prática irá garantir uma mínima intimidade com essa modalidade da linguagem e isso tornará mais fácil a expressão das ideias do redator num momento de tensão.

Outro aspecto a ser considerado na hora da produção do texto é seu aspecto formal. Geralmente, pede-se que o candidato componha uma redação com até trinta linhas e tal número acaba se constituindo numa orientação para que o estudante estruture o seu texto em cinco ou, pelo menos, quatro parágrafos. Essa disposição de parágrafos facilita a organização da ideias e a percepção, por parte do redator e do corretor, do percurso textual INTRODUÇÃO → DESENVOLVIMENTO → CONCLUSÃO.

Uma questão formal que causa grande “ruído” na escrita é a falta de legibilidade da letra, pois há caligrafias de candidatos que desafiam a experiência e ampla capacidade de decodificação dos corretores. Além disso, não merecem o sentido etimológico da palavra caligrafia (bela escrita). Caso você se identifique com esse tipo de situação, procure utilizar letras de forma – caprichando nelas, é claro – a fim de evitar o condicionamento, na sua escrita, da letra cursiva ilegível. Além disso, obedeça o recuo da primeira linha de cada parágrafo e nunca pule linhas entre eles.

Ainda partindo de um ponto de vista formal, o estudante pode estruturar seu primeiro parágrafo de acordo com o número máximo de linhas projetadas para cada um deles. Considere-se, então, um parágrafo inicial com sete linhas, no qual as três iniciais possuem a função de introduzir objetivamente o tema com uma contextualização concisa. Essa introdução pode já sugerir, ou até mesmo explicitar, a opinião do redator em relação ao tema proposto, construindo, através dos elementos de coesão adequados, um relação de sentido que facilitará a percepção de unidade do texto.

As quatro linhas seguintes do primeiro parágrafo seriam dedicadas à exposição – por tópicos – dos argumentos que o redator utilizará no desenvolvimento de seu texto. Nesse sentido, o redator pode optar por dois tópicos argumentativos, cada um deles exposto em duas linhas; dessa maneira teria-se uma organização formal que já estaria a serviço do encadeamento de ideias do redator. Esquematicamente dizendo, teria-se um primeiro parágrafo com o seguinte formato:

1___________________________________________
2______ Introdução objetiva e concisa do tema______
3__________________________________________

4______ Exposição do 1º tópico argumentativo______
5___________________________________________

6______ Exposição do 2º tópico argumentativo _____
7___________________________________________

É claro que os elementos de coesão devem ser bem utilizados a fim de manter uma relação de sentido eficiente entre essas três partes citadas. Em certo sentido, esse redator já teria, inclusive, a própria disposição do seu texto final, pois os dois tópicos argumentativos seriam retomados respectivamente nos dois parágrafos seguintes. Ou seja, o segundo parágrafo do texto retomaria, objetivamente, um dos tópicos argumentativos expostos no primeiro parágrafo.

Agora transformado também em TÓPICO FRASAL, esse argumento deverá ser explicado, justificado, ilustrado com dados da realidade que possam ser percebidos por todos e, se possível, referendado por outros autores A mesma coisa ocorreria com o terceiro parágrafo que retomaria o segundo tópico argumentativo exposto inicialmente e que deveria passar por todo o processo envolvendo o parágrafo anterior.

Por fim, o redator deverá elaborar uma conclusão relacionada ao tema e, de preferência, aos dois argumentos expostos. É necessário também, segundo a exigência do exame, que essa conclusão contenha uma proposta de intervenção plausível e objetiva, mesmo que simples. Esse é, no entanto, um assunto para uma outra conversa.

(*) Nedilson Santos é professor de Literatura e Produção Textual do Colégio Marista Glória, da Rede de Colégios do Grupo Marista.

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