"Vocês jogaram na lama nome do meu filho", diz PM após sepultamento
O estudante de 20 anos foi assassinado com seis tiros de fuzil calibre 762, na terça-feira, dia 9. Polícia investiga se alvo não seria o pai, PM reformado Paulo Roberto Xavier, denunciado por envolvimento em jogatina
“Vocês (imprensa) buscaram coisa de dez anos atrás para jogar na lama o nome do meu filho”. Essa foi a declaração do capitão reformado da PM (Polícia Militar), Paulo Roberto Teixeira Xavier, logo após o sepultamento do filho, o acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier.
O estudante de 20 anos foi assassinado com seis tiros de fuzil calibre 762, na terça-feira (9), em Campo Grande. O crime aconteceu na porta da casa da família, no Jardim Bela Vista, quando o rapaz manobrava a caminhonete S10 do pai, enquanto o militar estava no carro do filho.
Por isso, uma das linhas de investigação é que a artilharia estava direcionada para o capitão. Ele foi preso em 2009, durante a Operação Las Vegas, que investigava a jogatina, com exploração de caça-níqueis em Mato Grosso do Sul e ramificações na Bolívia. A morte do jovem teria sido engano cometido pelos atiradores.
Xavier falou com a reportagem do Campo Grande News após sepultamento no Memorial Park. Bastante irritado, disse que todas as reportagens feitas sobre o caso são “podres, fedidas, nenhuma foi séria”.
O capitão reclamou que não foi abordada a absolvição de todos os processos, o que teria ocorrido há dois anos. No sistema do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), constam três processos, por falsidade ideológica, em grau de recurso e dois em andamento, referente à usucapião e enriquecimento ilícito. Não foi encontrada a absolvição citada.
O militar não deu margem a muitos questionamentos. Além de mostrar seu desagrado com a imprensa, falou sobre o filho. “Ele era uma pessoa maravilhosa, um filho exemplar, um destaque na faculdade”.
No Memorial Park, viaturas da PM e do Batalhão de Choque estavam posicionados na área de acesso ao sepultamento.
Condenação - Paulo Roberto Teixeira Xavier foi condenado a 7 anos de prisão regime fechado por falsidade ideológica, por manter um estabelecimento comercial, o que é proibido para oficial e corrupção passiva. Em 2011 ele conseguiu Habeas Corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) e 4 anos depois foi preso no Maranhão, por porte ilegal de armas. Em 2017 ele acabou reformado pela PM.