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Cidades

Com mais de 1 assassinato por dia, agosto sangrento já teve 35 mortes em MS

No mesmo mês do ano passado foram 22 crimes, entre homicídios e feminicídios, no Estado

Liniker Ribeiro | 25/08/2021 18:03
Cinco das 35 pessoas que foram mortas a tiros, facadas ou asfixiadas, em agosto de 2021 (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Cinco das 35 pessoas que foram mortas a tiros, facadas ou asfixiadas, em agosto de 2021 (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O mês de agosto ainda nem terminou e já contabiliza mais assassinatos do que o oitavo mês inteiro do ano passado, em Mato Grosso do Sul. Conforme estatística da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), 35 pessoas tiveram suas vidas tiradas entre o dia 1º deste mês e o início da tarde desta quarta-feira (25). Em 2020, foram registradas 26 mortes por homicídio doloso e/ou feminicídio, nos 31 dias de agosto.

Das 35 vítimas deste ano, 6 foram mulheres assassinadas por seus companheiros. Os corpos de três delas só foram encontrados após serem enterrados em covas improvisadas. Caso de estupro de uma criança, de 11 anos, que em seguida foi jogada em pedreira, em Dourados, também chocou ao longo do mês, assim como corpos carbonizados encontrados às margens da BR-262, na Capital.

A morte mais recente foi registrada nesta quarta-feira. Logo no início da tarde, Jeferson Souza Pereira, de 34 anos, morreu após ser baleado na Rua Salinas, no Jardim Campo Belo. Câmeras de segurança flagraram perseguição que terminou na morte.

Nas imagens é possível ver o momento que o casal desse de um carro e corre para o outro lado da rua. A namorada de Jeferson tenta defendê-lo, e até entra na frente do atirador, no entanto, não consegue impedir a execução. Ele foi atingido com quatro tiros no abdômen e um tiro em cada braço. O autor do crime fugiu correndo após os disparos.

Principais casos  – O “agosto sangrento” registrou a primeira morte no dia 4, quando o corpo de Laís de Jesus Cruz, de 29 anos, foi encontrado em fossa aberta nos fundos da casa que ela morava com o marido, Pabilo dos Santos Trindade, de 35 anos, suspeito de matar a esposa asfixiada, após agressão na cabeça. O crime aconteceu na cidade de Sonora, a 364 km da Capital.

Laís de Jesus Cruz foi morta e enterrada em cova improvisada, em Sonora (Foto: Sidney Assis)
Laís de Jesus Cruz foi morta e enterrada em cova improvisada, em Sonora (Foto: Sidney Assis)

Mesmo negando o crime, apesar de indícios indicarem a autoria, Pabilo se tornou réu por três crimes: feminicídio, fraude processual e ocultação de cadáver.

No dia seguinte, a cerca de 260 km do primeiro, um segundo cadáver feminino foi desenterrado. O corpo de Elisiane da Silva Alves, de 40 anos, foi encontrado em cova rasa, numa fazenda de Chapadão do Sul.

O auxiliar de mecânico José Edilson Ramo da Silva, de 34 anos, companheiro da vítima, foi preso, após confessar o crime para a família e a polícia ser avisada por anônimo. Amigas da vítima registraram o desaparecimento dela, na terça-feira (3), já suspeitando que José Edilson tivesse relação com o sumiço. A investigação levou até ele, que tentou culpar outra pessoa pela morte, mas admitiu ter enterrado o corpo de Elisiane.

Só no dia 8 de agosto, três assassinatos foram registrados, no Estado. Rosimeire Soares Oliveira, de 38 anos, foi morta pelo cunhado durante discussão em família, em residência na cidade de Nova Andradina, a 300 quilômetros da Capital. O marido dela também foi atingido por tiros e trazido para tratamento em Campo Grande.

A outra vítima do dia foi Diego Barbosa de Souza, 34 anos, morto com três facadas em um bar localizado na Rua Raimundo Alves da Silva, no Centro de Nova Alvorada do Sul, distante 120 quilômetros de Campo Grande. O suspeito pelo crime, Elson Suemar Lopes de Lima, 26 anos, foi preso em flagrante. A terceira vítima do dia foi Renato Bogarin, 21 anos, esfaqueado em frente ao Mercado Nosso Lar, em Sanga Puitã, distrito de Ponta Porã, distante 323 quilômetros da Capital.

Carro da funerária e moradores de aldeia, após menina ser encontrada morta. (Foto: Gaudêncio Benites)
Carro da funerária e moradores de aldeia, após menina ser encontrada morta. (Foto: Gaudêncio Benites)

Bárbaro – No dia 9, um dos casos mais chocantes dos últimos tempos foi registrado em Dourados. Menina de 11 anos foi estuprada e jogada de paredão de pedra localizado na Reserva Indígena da cidade.

O corpo foi encontrado por familiares, que saíram à procura da criança por ela não ter voltado para casa desde ontem à tarde. No topo do paredão, de pelo menos 20 metros, foram encontradas as roupas da menina. A suspeita é que ela tenha sido jogada ainda com vida e morreu ao bater nas pedras.

Ailton foi morto após ser levado de casa por falsos policiais (Foto: Reprodução/Facebook)
Ailton foi morto após ser levado de casa por falsos policiais (Foto: Reprodução/Facebook)

"Operação" para matar – No dia 11, Ailton Franco da Silva, 24 anos, foi encontrado morto em estrada vicinal próximo a Avenida Guaicurus, na região da rodovia BR-262, em Campo Grande, um dia após ser “preso” por falsos policiais, que o buscaram em casa fortemente armados.

O corpo do jovem foi encontrado em área de mata por um morador da região. No local, foram encontrados, pelo menos, 20 capsulas de pistola 9mm deflagradas.

CarbonizadosDois corpos foram encontrados carbonizados em área queimada, às margens da BR-262, em Campo Grande. Até o momento, apenas um dos corpos foi identificado como sendo Priscila Gonçalves Alves, de 38 anos.

O corpo encontrado sem as pernas, estava em vala de aproximadamente 100 metros do local onde foram encontrados restos mortais carbonizados, sem a cabeça e uma das pernas, de um homem. A polícia trabalha para confirmar a identificação dessa vítima, mas a principal suspeita é que ela seja o marido de Priscila, Pedro Vilha Alta Torres, de 45 anos.

Um dos corpos encontrados carbonizados em área às margens da BR-262
Um dos corpos encontrados carbonizados em área às margens da BR-262

Primeiro na Capital A morte de Silvana Domingos dos Santos, de 31 anos, é o primeiro caso investigado como feminicídio, em Campo Grande, este ano.

Conforme a delegada Bárbara Camargo Alves, o ex-namorado de Silvana foi ouvido e além de responder as perguntas, apresentou um álibi para o dia do crime. Apurações concluíram que a mulher foi assassinada entre 17h20 e 17h30 da terça-feira, dia 17 de agosto.

Silvana foi encontrada em cima da cama, apenas de calcinha e com ferimentos na cabeça. Inicialmente, a polícia suspeitou que ela havia sido morta com três tiros na parte posterior do crânio. Mais tarde a perícia constatou que as lesões eram resultado de pancadas consecutivas, feitos com pedaço de madeira ou ferro. O objeto usado, no entanto, não foi localizado.

Fronteira - O servidor público municipal Gilmar Alfonso Canofe, 36, foi executado a tiros, na manhã desta quinta-feira (19), no centro de Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. O assassinato ocorreu no cruzamento das ruas Guia Lopes e Antônio João, em frente à sede da prefeitura.

Vigia na Escola Conceição Capiberibe Saldanha, no Residencial Emílio de Andrade, Gilmar seguia em uma moto Kenton de origem estrangeira. No semáforo, ele foi alvejado pelos tiros e morreu no meio da rua. Pelo menos 18 cartuchos deflagrados foram recolhidos no asfalto, indicando que o atirador usava arma semiautomática.

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