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Cidades

Com redução na imunidade, 3ª dose de vacina para idosos deve se confirmar

Estudos indicam necessidade de reforçar imunidade contra a covid, com doses de quaisquer vacinas

Guilherme Correia e Gabriela Couto | 16/08/2021 11:49
Profissional de saúde aplica dose de vacina contra a covid-19 no braço de uma mulher, em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Profissional de saúde aplica dose de vacina contra a covid-19 no braço de uma mulher, em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Com estudos e análises que indicam a redução da imunidade contra a covid-19, passados alguns meses da aplicação da vacina, autoridades locais de saúde têm percebido a necessidade do uso de uma terceira dose contra a doença, sobretudo para pessoas mais velhas.

Nesta manhã (16), o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, destacou que a vacinação acelerada em Campo Grande torna mais evidente os dados sobre esse fenômeno.

O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, defende a terceira dose contra a covid para idosos. (Foto: Marcos Maluf)
O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, defende a terceira dose contra a covid para idosos. (Foto: Marcos Maluf)

Mauro Filho garante que a pasta tem analisado indicadores para priorizar determinados grupos, mas que a Capital já verifica redução na proteção fornecida pelos antígenos. Além disso, uma pequena parcela da população pode não ter os efeitos esperados da vacina, já que ela foi testada em grupos muito específicos antes de ser aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) destaca pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, Universidade de Oxford e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que deverá analisar os benefícios de uma terceira dose em 1,2 mil voluntários que tomaram duas doses de Coronavac.

"Tem que observar os números, se duas doses não está sendo ou está sendo dentro do esperado. Acho que dá para melhorar, existe uma falha vacinal de 5% a 8% e acho que [a terceira dose] consegue melhorar isso".

Por ora, a previsão inicial é de que seriam contempladas as pessoas mais velhas, que já tomaram duas doses e que têm apresentado a redução na imunidade. "Acho importante essa terceira dose, por público, acima de 90 anos, de 80 anos, e assim por diante", explica.

O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, também comentou sobre a eventual importância da terceira dose, quando apresentava os números da covid-19 no Estado. "Temos estudos demonstrando, não só do Brasil, mas em outros países e outros estados, por entidades que têm credibilidade", pontuou.

[Estudos indicam] que depois de determinado período do processo vacinal, seja com doses da Coronavac, Astrazeneca, Pfizer ou vacina única da Janssen, diminui o processo de imunidade adquirida pós-vacina", diz Resende.

Eficácia das vacinas - O pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Julio Croda, pontua que, passados sete meses de vacinação, idosos podem apresentar “imunossenescência”, uma alteração no sistema imunológico relacionada com um envelhecimento do mesmo e consequente, declínio da proteção fornecida pelo imunizante.

Se por um lado, conforme reportado pelo Campo Grande News no começo de agosto, as mortes de idosos têm sido cada vez mais comuns, mesmo com as duas doses no braço, por outro lado, as vítimas mais jovens têm reduzido por conta da abrangência da vacinação.

Segundo levantamento feito pela reportagem, com dados da SES do começo do mês, a média de idade das vítimas da covid-19 cresceu em julho. Ou seja, há mais pacientes idosos que pacientes jovens.

Segundo Croda, a redução em geral das mortes por covid no Estado pode indicar que os antígenos têm sido cada vez mais importantes para a proteção de jovens que já foram vacinados. “Maior proteção para os jovens, por isso, abaixam e sobem [os índices] à medida que se vacinam eles", diz Croda.

Segundo apurou este jornal, no mês retrasado, cerca de 97% das pessoas que morreram de covid-19, entre janeiro e junho deste ano, não tinham tomado as duas doses de vacina e passados 15 dias após a segunda aplicação, garantindo maior eficácia do imunizante.

Naquele momento, especialistas apontaram que as vacinas podem estar relacionadas com a queda nos casos graves da pandemia, ainda que não sejam garantia de 100% de proteção em nenhuma faixa etária.

Em meados de março, várias pessoas com 90 anos ou mais foram protegidas com o começo da vacinação. Em abril, foi noticiada redução de vítimas idosas, acima de 80 anos, enquanto jovens eram cada vez mais afetados pelo coronavírus. Em maio, a maioria das vítimas passou a ser pessoas com menos de 70 anos e no mês seguinte, mortes de pacientes com 60 anos ou mais também apresentaram leve redução.

Priorizados no começo da campanha e com menor imunidade, idosos poderão receber terceira dose de vacina contra covid. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Priorizados no começo da campanha e com menor imunidade, idosos poderão receber terceira dose de vacina contra covid. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Deverá ser realidade - No começo do mês, a prefeitura de Campo Grande solicitou ao Ministério da Saúde que permitisse o uso de doses para novas aplicações e, na última semana, a SES levantou o aumento de mortes por covid de pacientes mais velhos. Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, isso será levado à pasta federal e discutido junto a outros estados brasileiros.

"Entendemos que é importante a discussão da terceira dose, [aplicar] vacinas diferentes em idosos", disse Resende, ao lembrar que gestantes vacinadas com primeira dose de Astrazeneca puderam fazer "intercambialidade" dos imunizantes - ou seja, tomar a segunda dose de uma outra patente da vacina.

Por fim, o titular da pasta estadual destacou que o reforço de dose, que poderá ter início em Mato Grosso do Sul, não deverá ir de encontro à vacinação de crianças e adolescentes, incluídos recentemente no calendário. "Cada município cria seu próprio calendário, tem município com número expressivo de adolescentes e vai começar acima de 17 anos, abaixar para 16 anos e assim por diante", exemplificou.

Considerado toda a população sul-mato-grossense, de mais de 2,8 milhões de habitantes, cerca de 65% tomou ao menos uma dose e 37% foram imunizados. Em relação apenas aos adultos, há 88% vacinados e 50,8% imunizados.

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