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Cidades

Concorrendo com a pandemia, crimes cinematográficos chocaram

Ano registrou desde recruta sendo queimado por sargento até pedreiro serial killer

Aletheya Alves | 28/12/2020 07:29
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, ficou conhecido por "pedreiro assassino" por matar sete homens. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, ficou conhecido por "pedreiro assassino" por matar sete homens. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Apesar de a pandemia de covid-19 tomar conta do cenário mundial, crimes que chocaram e “furaram a bolha” de atenção ao coronavírus marcaram 2020. Ocorrências que vão desde vítima  incendiada até serial killer ilustram o histórico policial do ano em Mato Grosso do Sul, composto por cenas que, infelizmente, vão ficar na memória.

Principal crime em número de leituras, dados disponibilizados pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) indicam que foram 435 homicídios em todo o Estado, destes, 120 foram em Campo Grande.

Iniciando a contagem de crimes que comoveram por ordem cronológica, um recruta de 18 anos do Exército de Campo Grande é o único caso que foge dos homicídios. Em março, o rapaz foi vítima de “trote” na sede da 9ª Companhia da Guarda.

Conforme relatado na investigação, um sargento jogou álcool em gel no rapaz e acendeu uma chama com um isqueiro, que entrou em combustão. Mesmo com os ferimentos, o rapaz só foi levado para o Hospital Militar três dias depois, quando o comandante da unidade ficou sabendo da situação.

Mudando completamente de situação, no mesmo mês, um guarda municipal foi preso por matar duas pessoas em um churrasco.  Valtenir Pereira da Silva, de 35 anos, foi preso por assassinar a ex-namorada, Maxelline da Silva dos Santos, de 28 anos, e Sterferson Batista de Souza. A mulher estava em reunião com os amigos quando Valtenir foi até o local.

Investigação realizada pela polícia indicou que o assassino foi motivado por ódio e vingança, já que considerava os colegas de Maxelline como culpados pelo fim do relacionamento. Durante discussão com a ex-namorada, Valtenir sacou a arma para afastar Kamilla Telis Bispo, de 31 anos.

Mesmo com Maxelline tentando impedir que Kamilla fosse baleada, Valtenir atingiu a mulher enquanto ela tentava fugir. Steferson, que era dono da casa, se aproximou para entender o que estava havendo e também foi baleado. Por último, o guarda matou Maxelline.

 Valtenir Pereira da Silva, de 35 anos, foi preso por assassinar duas pessoas em churrasco. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
 Valtenir Pereira da Silva, de 35 anos, foi preso por assassinar duas pessoas em churrasco. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Seguindo a lista de mortes, abril chegou com a execução do taxista Luciano Barbosa, de 44 anos. O crime levou 40 segundos durante a noite no dia 26. Acionado para uma corrida saindo do Shopping Campo Grande até o Jardim Carioca, o homem foi vítima de latrocínio planejado por Stefanie Paula Prado de Oliveira, de 19 anos, Raynara Laura da Silva Santos, de 21 e adolescente de 17 anos.

Em depoimento, os envolvidos disseram que já haviam negociado o carro de Luciano por R$ 12 mil, mas desistiram durante o trajeto. O veículo seria levado para Sidrolândia e posteriormente, ao Paraguai. De acordo com as investigações, não havia intenção de matar Luciano, que reagiu durante o anúncio do assalto.

Taxista, Luciano Barbosa, de 44 anos, foi vítima de latrocínio. (Foto: Arquivo pessoal)
Taxista, Luciano Barbosa, de 44 anos, foi vítima de latrocínio. (Foto: Arquivo pessoal)

Talvez responsável pelos crimes que mais parecem cinematográficos registrados nesse ano, Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, ficou conhecido como “Pedreiro Assassino” após ser responsabilizado pela morte de sete homens. Aparentando ser uma história tão distante, a revelação dos crimes começou em maio. Entre as cenas mais cinematográficas está a de Cleber escavando terrenos para mostrar locais em que corpos estavam enterrados.

Tudo foi descoberto a partir de investigações sobre o desaparecimento de José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos, que foi morto por Cleber em conjunto com a esposa Roselaine Tavares Gonçalves, de 40 anos, e a filha Yasmin Natacha Souza de Carvalho, 19 anos. Depois do homicídio, a família se mudou para a casa da vítima e por lá ficou até a polícia aparecer.

Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, escavando terreno para encontrar corpos. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, escavando terreno para encontrar corpos. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Ao total, Cleber responde por cinco assassinatos e dois homicídios. José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos, e Timótio Pontes Roman, de 62 anos, foram as vítimas de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Enquanto José Jesus de Souza, de 45 anos, Roberto Geraldo Clariano, de 50 anos, Hélio Taíra, 74 anos, Flávio Pereira Cece, 34 anos e Claudionor Longo Xavier, de 47 anos são as vítimas de assassinato.

Timóteo foi morto na rua Platão, na Vila Planalto, e seu corpo jogado em um poço desativado. Com um golpe de barra de ferro, José Leonel foi assassinado durante madrugada de maio, na Vila Nasser.

Policiais foram mortos na rua Joaquim Murtinho. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Policiais foram mortos na rua Joaquim Murtinho. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

Finalizando o primeiro semestre, enquanto encaminhavam suspeito e testemunha para a Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), dois policiais civis foram mortos dentro de carro descaracterizado em junho. Jorge da Silva Santos, de 50 anos, e Antônio Marco Roque da Silva, de 39 anos, foram assassinados pelo vigilante Ozeias Silveira de Morais, 45 anos, que foi identificado como testemunha de um crime investigado na época pela especializada.

Na data das mortes, Jorge e Antônio estavam averiguando uma situação na rua quando foram avisados sobre informações relativas ao roubo de joalheria na Avenida Calógeras. Os dois localizaram William Dias Duarte Comerlato, que era suspeito de participar do crime e o algemaram por mandado de prisão sobre violência doméstica. William foi quem indicou a participação de Ozeias no crime, que foi localizado em sua casa. Lá, os policiais pediram que acompanhassem até a delegacia.

Sem ter passagens policiais e enquanto testemunha, ele não foi revistado ou algemado para entrar na viatura. Durante o trajeto, Ozeias atirou nos dois policiais quando o carro parou em semáforo na rua Joaquim Murtinho com avenida Fernando Corrêa da Costa, e fugiu, sendo morto em confronto com a polícia horas depois.

Segundo semestre - Entre os crimes mais chocantes de 2020, o feminicídio de Carla Santana Magalhães em 1º de julho deixou todos sem chão com a crueldade se demonstrando, mais uma vez, tão próxima de casa. Vizinho de muro da vítima no bairro Tiradentes, Marcos André Villalba de Carvalho, de 21 anos, confessou estupro, assassinato e vilipêndio de cadáver.

Corpo de Carla foi abandonado nu em bar na esquina da rua em que os dois moravam. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)
Corpo de Carla foi abandonado nu em bar na esquina da rua em que os dois moravam. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)

Arrastada para a casa do assassino, Carla foi morta com golpes de faca e, três dias depois, abandonada nua em bar na esquina da rua em que os dois moravam. Em investigação realizada pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) foi apurado que Marcos André atacou a jovem com um mata-leão, a esfaqueou dentro da casa, lavou o corpo no chuveiro e violou o cadáver. Posteriormente, o assassino disse em audiência que também estuprou Carla ainda enquanto ainda estava viva.

Após todas as audiências, Marcos André Villalba de Carvalho é denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul por homicídio duplamente qualificado, por feminicídio e recurso que impossibilitou defesa da vítima, estrupro, ocultação e vilipêndio de cadáver.

Carolina Leandro Souto, de 23 anos, foi morta com quatro tiros. (Foto: Arquivo pessoal)
Carolina Leandro Souto, de 23 anos, foi morta com quatro tiros. (Foto: Arquivo pessoal)

No mês seguinte, mais uma mulher morta chamou atenção para a violência vista durante todos os outros meses. Assassinada em agosto, Carolina Leandro Souto, de 23 anos, foi morta com quatro tiros em plena luz do dia. Assassina confessa de “Karolzinha”, Nayara Francine Nóbrega relatou que o homicídio foi gerado a partir de discussões.

De acordo com relatos de Nayara, um dia antes do crime, Carolina e suas amigas haviam a provocado durante baile funk. Quando chegava em casa, ela relatou que a vítima passou em frente de sua casa com moto e fez barulho no portão, sem saber se era tiro ou bombinha.

No dia seguinte, por volta de 9h, Nayara resolveu falar com Karolzinha para questionar as provocações. Conforme relatado por ela, Carolina disse que atiraria na casa de Nayara e também nela quando quisesse. A partir disso, Nayara disparou contra a vítima, que não resistiu.

Ainda em agosto, Emerson Salles Silva, de 33 anos, foi assassinado por Bruno Cezar de Carvalho de Oliveira, 24 anos, em agosto. O crime, que chocou pela frieza, aconteceu na Avenida Mato Grosso, região central de Campo Grande.

Os dois trabalhavam juntos como entregadores em dois locais, uma lanchonete e uma rede de farmácias. Tendo discutido por whatsapp devido sobrecarga de Emerson por Bruno ter faltado no dia anterior, as brigas continuaram no dia do crime e acabaram com os tiros em Emerson.

Bruno fugiu após o crime e só apareceu novamente cinco dias depois, quando se apresentou à polícia.

Compondo o agosto movimentado, policial civil por 30 anos, Joel Benites da Silva de 53 anos, foi assassinado em agosto durante tentativa de assalto. O crime aconteceu no Jardim Leblon, quando quando Joel estava fora de serviço.

Ao reagir durante tentativa de assalto, o policial também disparou contra os dois homens, mas foi baleado quatro vezes e não resistiu.

Ocorrências recentes - Corpo é esquartejado e pedaços são armazenados em malas que foram posteriormente incendiadas. Esse é só um trecho do assassinato do chargista Marcos Antônio Rosa Borges, de 54 anos. A narrativa do crime, em novembro, chocou mais uma vez Campo Grande enquanto todo mundo tentava, e segue tentando, entender o que está acontecendo durante a pandemia. Marcos foi assassinado pela massoterapeuta Clarice Silvestre de Azevedo, 44 anos.

Pedaços de corpo foram encontrados em terreno. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)
Pedaços de corpo foram encontrados em terreno. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)

Enquanto a família realizava buscas pelo chargista, que estava desaparecido, Clarice confessou o crime cometido. A mulher estava em São Gabriel do Oeste e lá se entregou no dia 24 de novembro, dizendo que matou Marcos durante um momento de raiva após ser estapeada no rosto pelo chargista. Tudo teria sido causado por discussão gerada por ciúmes na casa da massoterapeuta, localizada no bairro Monte Castelo.

O roteiro da morte contado por Clarice envolve um empurrão em Marcos, que teria caído da escada e parado em cima de um colchonete. Depois disso, ela afirmou ter golpeado a vítima com faca, sem dizer quantas vezes.

O crime seguiu com esquartejamento do corpo e, com ajuda do filho de 21 anos, colocou os pedaços do cadáver em malas e levou para um terreno no Jardim Corcovado, vizinho à casa do jovem.  Foram 20 horas entre o início do crime e o abandono dos restos mortais. Clarisse Silvestre de Azevedo responde por homicídio doloso, ocultação e destruição de cadáver.

Gilmar da Silva, de 37 anos, foi assassinado em conveniência. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Gilmar da Silva, de 37 anos, foi assassinado em conveniência. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

Dando continuidade no mês e finalizando a retrospectiva dos crimes mais sinistros do ano, Durante briga em conveniência no bairro Moreninhas III, Gilmar da Silva, de 37 anos, foi assassinado, em novembro, por Jaderson Miranda Perez, de 23 anos. Em depoimento à polícia, Jaderson relatou que atirou no caminhoneiro para defender terceiros.

De acordo com o assassino, Gilmar chegou à conveniência agredindo o irmão, que estava no local. Ao se aproximar para separar a briga, o pai de Jaderson que é proprietário da conveniência, também teria sido agredido. Justificando a situação, Jaderson relatou que atirou em Gilmar para defender o pai.

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