Conselho autua influenciadores famosos por orientar treinos sem diploma
Órgão já autuou 90 pessoas por exercício ilegal da profissão em 2025, incluindo o conhecido “Pobre Loco”
Na última semana, o influencer Renato dos Santos Lopes, de 32 anos, conhecido nas redes sociais como “Pobre Loco”, foi alvo de fiscalização do CREF 11ª Região MS (Conselho Regional de Educação Física de Mato Grosso do Sul), por supostamente exercer ilegalmente a profissão de personal trainer em uma academia de Campo Grande.
RESUMO
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O Conselho Regional de Educação Física de Mato Grosso do Sul (CREF-MS) intensificou a fiscalização contra influenciadores digitais que orientam treinos sem registro profissional. No primeiro semestre, foram fiscalizados mais de mil estabelecimentos, resultando em 90 autuações por exercício ilegal da profissão. Entre os casos recentes está o do influenciador Renato Lopes, conhecido como "Pobre Loco", autuado em Campo Grande. O CREF também identificou um fisiculturista que oferecia orientações online sem habilitação. O órgão mantém um departamento específico para fiscalizações virtuais, devido ao aumento de casos semelhantes.
A ação foi motivada por denúncia anônima. Segundo o CREF, não é a primeira vez que autuações do tipo ocorrem, principalmente envolvendo influenciadores que, sem formação na área, orientam treinos ou oferecem consultorias pela internet.
No primeiro semestre deste ano, o conselho fiscalizou 1.014 estabelecimentos, visitou 194 escolas, autuou 90 pessoas por exercício ilegal da profissão, encontrou 38 academias funcionando sem profissional habilitado, e identificou 121 profissionais com registro vencido. Desse total, 38 estabelecimentos foram autuados por não manterem profissional de educação física, e 17 deles ainda permitiam que pessoas sem formação atuassem irregularmente.
De acordo com o presidente do CREF-MS, Joni Guimarães, de 43 anos, as denúncias mais recorrentes envolvem justamente pessoas que não têm formação acadêmica na área, mas prescrevem treinos ou orientam alunos pela internet.
O presidente comenta que essas pessoas não têm conhecimento técnico e acabam passando apenas o que funcionou para elas mesmas, ignorando fatores como condições de saúde, limitações físicas e objetivos individuais de cada aluno, e reforça que, para atuar legalmente como profissional de educação física, é necessário apresentar a carteira do conselho.
Pobre Loco - O influencer afirma que não estava exercendo ilegalmente a profissão e que apenas treinava com um amigo, gerente de sua loja, no momento da abordagem. Ele declara ter imagens da academia que comprovam sua versão. “Do nada apareceu o cara e começou a perguntar cadê a carteirinha”, relatou.
Renato disse que não possui o registro exigido e se recusou a assinar a autuação. Acionou seu advogado, enquanto o fiscal do CREF chamou a Polícia Militar para dar suporte à ação. Ele divulgou o caso nas redes sociais, onde recebeu apoio de seus seguidores.
Apesar do ocorrido, Renato afirma que apoia as fiscalizações, mas acredita que o CREF deveria verificar melhor as denúncias antes de aplicar as autuações. “Tem que averiguar primeiro”, comentou.
O presidente do conselho, por outro lado, afirma que essa checagem é feita tanto nas redes sociais do denunciado quanto presencialmente. Os fiscais são concursados, treinados e só abordam após observar o comportamento da pessoa no local, explica.
"Na maioria das vezes, vamos após diversas denúncias. A gente chega no horário, local e dia certos, o fiscal espera até configurar o flagrante visual. É uma coisa que praticamente não tem defesa, e o que mais ouvimos é que estão apenas treinando juntos”, pontua Joni.
Ele ressalta que até mesmo a divulgação de consultorias em redes sociais pode ser considerada exercício ilegal. Uma das dificuldades enfrentadas pelo CREF, segundo o presidente, é a conivência de profissionais habilitados que permitem que terceiros usem seus nomes como responsáveis por treinos que, na prática, não supervisionam.
Renato diz estar chateado com a abordagem e afirma que seu perfil nas redes tem o objetivo de incentivar a prática de atividades físicas. Ele informou que ingressou com uma ação judicial contra o conselho, por considerar a autuação irregular, e que tomará as medidas cabíveis com apoio jurídico.
Já o conselho informa que a denúncia foi encaminhada ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e que a abordagem teve apoio da academia onde o fato ocorreu.
Outro caso recente - Na última quarta-feira (23), o conselho divulgou vídeo de outra autuação, dessa vez envolvendo um fisiculturista denunciado por atuar ilegalmente como personal trainer.
A fiscalização, nesse caso, ocorreu de forma virtual, após o CREF identificar vídeos com treinos e orientações de condicionamento físico postados nas redes sociais do influenciador, que não possui registro profissional.
Segundo o conselho, o conteúdo configura atuação exclusiva de profissional de educação física habilitado. O órgão informa que mantém um departamento específico para fiscalizações online, diante do aumento de casos semelhantes, como venda de consultorias e cursos sem autorização legal.
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