Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Grupo veio do Paraná para vender peças produzidas à mão
No canteiro da Avenida Afonso Pena, a sombra das árvores virou ateliê para uma família de indígenas produzir peças de artesanato feitas com uma técnica ancestral de trançado, passada de mãe para filha.
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Família indígena Kaingang, da Terra Indígena Rio das Cobras (PR), transforma canteiro da Avenida Afonso Pena em ateliê de artesanato em Campo Grande. O grupo produz peças com técnica ancestral de trançado, utilizando material natural trazido do Paraná. Liderada por Claudete Ribeiro, 32 anos, a família confecciona fruteiras, cestas e outros itens que custam entre R$ 50 e R$ 80. O artesanato, única fonte de renda do grupo, mantém viva a cultura Kaingang e ajudará na construção da casa de Claudete na aldeia.
As artesãs são da etnia Kaingang e vieram da Terra Indígena Rio das Cobras, a maior do Paraná, próxima a Guarapuava. Entre elas está Claudete Ribeiro, de 32 anos, que explica as etapas do trabalho entrelaçado com tiras de material natural.
“Isso aqui chama taguara. É tipo um bambu que vem do Paraná. Nós trouxemos o material da aldeia porque é muito difícil encontrar por aqui. A gente começa no meio, faz um círculo, prende várias tiras para cima e depois vai trançando uma na outra”, conta.
A família chegou à Capital há cinco dias. Além de Claudete vieram a mãe, dois filhos, a irmã e outros conhecidos da aldeia. Segundo ela, essa é a segunda vez que o vem para Campo Grande vender o artesanato. “Aqui a gente vende bem. O pessoal gosta bastante”, afirma.
No canteiro da avenida, o espaço amplo permitiu que as indígenas não apenas vendessem, mas também produzissem as peças no local. “No centro não tem espaço para fazer. Tem muita gente, a gente acaba incomodando. Aqui é grande, dá para sentar, fazer o artesanato com calma”, explica.
As peças produzidas são, em sua maioria, fruteiras e cestas, mas também há chapéus, peças com tampa e até flechas artesanais. Os valores começam em R$ 50 e podem chegar a R$ 80, dependendo do modelo. “A gente vende por esse valor porque é tudo feito com a nossa própria mão”, diz Claudete.
O processo é rápido, mas exige habilidade. Segundo ela, desde a pintura das tiras até a finalização de uma fruteira, o tempo médio é de cerca de uma hora. As cores chamam atenção e são feitas com anilina. “Eu pinto, deixo secar e já começo a trançar”, explica.
Os desenhos não têm um significado específico, mas carregam identidade. “É a marca dos indígenas. É a nossa marca, da etnia Kaingang”, resume.
De acordo com Claudete, o conhecimento e a técnica do artesanato vieram de casa. Ela diz que aprendeu com a mãe ainda criança e hoje divide o espaço com a irmã, a filha e outros parentes. “Minha mãe ensinou a gente quando era pequena. É de mãe para filha”, conta.
Atualmente, o artesanato é a única fonte de renda da família. “É o nosso sustento. É a nossa cultura. A gente não deixa a nossa cultura”, relata. O dinheiro arrecadado terá como destino a construção da casa dela na aldeia. “Eu estou construindo minha casa lá. Por isso eu vim para cá vender artesanato”, revela.
A ideia é permanecer em Campo Grande até vender o máximo de peças. Depois disso, o grupo retorna para a Terra Indígena Rio das Cobras. “A gente veio para passar o Natal, para trabalhar e ter um dinheiro para conseguir comprar brinquedos de Natal para as crianças”, finaliza.
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