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Artes

Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral

Grupo veio do Paraná para vender peças produzidas à mão

Por Clayton Neves | 22/12/2025 19:40
Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Com mãos ágeis, Claudete faz trançados firmes que viram diferentes objetos. (Foto: Paulo Francis)

No canteiro da Avenida Afonso Pena, a sombra das árvores virou ateliê para uma família de indígenas produzir peças de artesanato feitas com uma técnica ancestral de trançado, passada de mãe para filha.

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Família indígena Kaingang, da Terra Indígena Rio das Cobras (PR), transforma canteiro da Avenida Afonso Pena em ateliê de artesanato em Campo Grande. O grupo produz peças com técnica ancestral de trançado, utilizando material natural trazido do Paraná. Liderada por Claudete Ribeiro, 32 anos, a família confecciona fruteiras, cestas e outros itens que custam entre R$ 50 e R$ 80. O artesanato, única fonte de renda do grupo, mantém viva a cultura Kaingang e ajudará na construção da casa de Claudete na aldeia.

As artesãs são da etnia Kaingang e vieram da Terra Indígena Rio das Cobras, a maior do Paraná, próxima a Guarapuava. Entre elas está Claudete Ribeiro, de 32 anos, que explica as etapas do trabalho entrelaçado com tiras de material natural.

“Isso aqui chama taguara. É tipo um bambu que vem do Paraná. Nós trouxemos o material da aldeia porque é muito difícil encontrar por aqui. A gente começa no meio, faz um círculo, prende várias tiras para cima e depois vai trançando uma na outra”, conta.

Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Tiras de taquara viram objetos de decoração e até frutwiras. (Foto: Paulo Francis)
Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Peças produzidas são vendidas na região do Centro de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

A família chegou à Capital há cinco dias. Além de Claudete vieram a mãe, dois filhos, a irmã e outros conhecidos da aldeia. Segundo ela, essa é a segunda vez que o vem para Campo Grande vender o artesanato. “Aqui a gente vende bem. O pessoal gosta bastante”, afirma.

No canteiro da avenida, o espaço amplo permitiu que as indígenas não apenas vendessem, mas também produzissem as peças no local. “No centro não tem espaço para fazer. Tem muita gente, a gente acaba incomodando. Aqui é grande, dá para sentar, fazer o artesanato com calma”, explica.

As peças produzidas são, em sua maioria, fruteiras e cestas, mas também há chapéus, peças com tampa e até flechas artesanais. Os valores começam em R$ 50 e podem chegar a R$ 80, dependendo do modelo. “A gente vende por esse valor porque é tudo feito com a nossa própria mão”, diz Claudete.

Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Mãe de Claudete ensinou a arte para a filha e até hoje produz os trançados. (Foto: Paulo Francis)
Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Irmã mais nova também já sabe fazer o artesanato que é fonte de renda. (Foto: Paulo Francis)

O processo é rápido, mas exige habilidade. Segundo ela, desde a pintura das tiras até a finalização de uma fruteira, o tempo médio é de cerca de uma hora. As cores chamam atenção e são feitas com anilina. “Eu pinto, deixo secar e já começo a trançar”, explica.

Os desenhos não têm um significado específico, mas carregam identidade. “É a marca dos indígenas. É a nossa marca, da etnia Kaingang”, resume.

De acordo com Claudete, o conhecimento e a técnica do artesanato vieram de casa. Ela diz que aprendeu com a mãe ainda criança e hoje divide o espaço com a irmã, a filha e outros parentes. “Minha mãe ensinou a gente quando era pequena. É de mãe para filha”, conta.

Atualmente, o artesanato é a única fonte de renda da família. “É o nosso sustento. É a nossa cultura. A gente não deixa a nossa cultura”, relata. O dinheiro arrecadado terá como destino a construção da casa dela na aldeia. “Eu estou construindo minha casa lá. Por isso eu vim para cá vender artesanato”, revela.

Família faz do canteiro da Afonso Pena um ateliê de arte ancestral
Família reunida no canteiro da Avenida Afonso Pena para produção das peças. (Foto: Paulo Francis)

A ideia é permanecer em Campo Grande até vender o máximo de peças. Depois disso, o grupo retorna para a Terra Indígena Rio das Cobras. “A gente veio para passar o Natal, para trabalhar e ter um dinheiro para conseguir comprar brinquedos de Natal para as crianças”, finaliza.

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