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Cidades

Da Capital à fronteira, 320 km de MS têm apenas 1 bloqueio policial

A busca pelos mais de 70 foragidos da maior facção brasileira conta apenas com 1 dos 3 postos policiais com barreira

Izabela Sanchez e Aline dos Santos, enviada especial à fronteira | 20/01/2020 11:56
Policiais militares durante bloqueio no posto da PMR em Vista Alegre, distrito de Maracaju (Foto: Marcos Maluf)
Policiais militares durante bloqueio no posto da PMR em Vista Alegre, distrito de Maracaju (Foto: Marcos Maluf)

Mato Grosso do Sul está desde a madrugada de domingo (19) sob estado de apreensão. Fugiram da Penitenciária de Pedro Juan Caballero quando o sol nem havia raiado, ontem, 74 (inicialmente um erro das autoridades paraguaias citou 75) presos do sistema prisional do país vizinho, “irmãos” da maior facção criminosa do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Até o fechamento da reportagem 1 preso foi recapturados pelo DOF. Na saga internacional que busca os foragidos do PCC, 320 km de rodovia, da Capital até a fronteira, em Ponta Porã, têm apenas um posto da polícia com bloqueio.

O percurso passa por três deles em quatro rodovias: a BR-060, a MS-162, a BR-267 e a MS-164, saindo de Campo Grande e passando por Sidrolândia, Maracaju, e ao final, a linha de fronteira em Ponta Porã. Entre os três postos policiais, um é da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e dois da PMR (Polícia Militar Rodoviária).

A reportagem do Campo Grande News avistou apenas dois policiais rodoviários federais dentro do posto da PRF em Sidrolândia. A única barreira das forças de segurança está em Vista Alegre, um distrito de Maracaju, no posto da PMR.

Fuzil 556 nas mãos do policial militar (Foto: Marcos Maluf)
Fuzil 556 nas mãos do policial militar (Foto: Marcos Maluf)

Fiscalizar tudo - Por ali, munido de fuzil 556, o sargento Gilson Fernandes disse que o posto está reforçado desde às 4h. A ordem é fiscalizar tudo: carros oficiais e não oficiais e, especialmente, com placas paraguaias.

Munidos com armamento de cano longo, que já utilizam normalmente, os policiais estão mais atentos aos caminhões, especialmente às carrocerias, onde podem se esconder foragidos e armas, por exemplo. No percurso, também não há bloqueios volantes.

Na fronteira – Na fronteira, a rotina parece natural, já que nas ruas, até agora, a reportagem não viu movimentações policiais do lado paraguaio (que pode ser indício de agentes descaracterizados) e apenas uma caminhonete com identificação, estacionada, com dois policiais do lado de fora.
Por enquanto, na região onde comprar é passeio rotineiro, o comércio vai de vento em popa.

Céu azul e cenário tranquilo em Pedro Juan Caballero (Foto: Marcos Maluf)
Céu azul e cenário tranquilo em Pedro Juan Caballero (Foto: Marcos Maluf)
Linha internacional de fronteira entre o Brasil e o Paraguai (Foto: Marcos Maluf)
Linha internacional de fronteira entre o Brasil e o Paraguai (Foto: Marcos Maluf)

Entenda – A realidade cinematográfica da fronteira teve capítulo novo na madrugada de domingo (19), quando 73 presos saíram, ao que tudo indica sem muitas dificuldades, do pavilhão do PCC na Penitenciária de Pedro Juan Caballero.

O secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, estima que seja a maior fuga de presídios da última década e aconteceu sem muita surpresa às autoridades: a inteligência paraguaia já havia descoberto o plano, meses antes, e alertado as autoridades do Estado.

A Ministra da Justiça no Paraguai, Cecilia Pérez, disse que, conforme foi levantado, a facção planejou pagar cerca de 80 mil dólares para quem ajudasse na fuga. O governo paraguaio já afastou diretores de estabelecimentos penais, incluindo o do Presídio de Pedro Juan e os agentes penitenciários, cerca de 30, das funções. Todos foram presos preventivamente até que a investigação chegue a conclusão sobre o caso.

Autoridades do país vizinho, incluindo ministros, declararam que a maioria dos presos saiu pelo portão principal, e não pelo túnel escavado, e que outros, cerca de 15, deixaram o presídio ainda na semana passada.

Mato Grosso do Sul enviou efetivo de todas as forças estaduais para a fronteira, número aproximado de 200 homens, e os 25 agentes militares da Força Nacional que estão em Dourados também participam das buscas.

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