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Cidades

Delator foi ameaçado por "Frescura" ao cogitar revelar esquema de corrupção

Ex-servidor de Sidrolândia relata ameaças de morte quando dividiu cela com outros dois envolvidos na operação

Por Jhefferson Gamarra | 17/06/2024 17:45
Frescura deixando presiídio após colocar tornozeleira eletrônica (Foto: Henrique Kawaminami)
Frescura deixando presiídio após colocar tornozeleira eletrônica (Foto: Henrique Kawaminami)

Tiago Basso da Silva, ex-servidor da Prefeitura de Sidrolândia, delator de esquema investigado na Operação Tromper, contou durante depoimento que foi ameaçado de morte pelo empresário Ueverton da Silva Macedo, conhecido como “Frescura”. Basso, que estava em prisão preventiva junto com Frescura e Ricardo José Rocamora Alves, declarou que a ameaça ocorreu quando cogitou a possibilidade de um acordo de delação premiada.

O esquema, supostamente liderado pelo ex-vereador de Campo Grande, Cláudio Jordão de Almeida Serra, o Claudinho Serra (PSDB), visava lucrar com contratos fechados com o município governado pela prefeita Vanda Camilo (PP), sogra de Claudinho. Após a prisão, em julho do ano passado, Basso, Frescura e Alves foram levados ao Presídio de Trânsito de Campo Grande, onde passaram três dias no "Corró" antes de serem transferidos para a cela 8.

“Com três dias de corró a gente já foi transferido para a mesma cela, a cela 8, do presídio. Então nós ficamos juntos na mesma cela, todo mundo na época ficou abismado porque geralmente as pessoas não saem do Corró com menos de 10 dias, é o tramite legal lá dentro. Tinha gente que tava no corró há 14 dias e a gente permaneceu três dias e fomos para essa cela, os três juntos. Lá a gente permaneceu e a gente conversou sobre a operação”, revelou Basso ao Ministério Público.

Ex-servidor Tiago Basso durante depoimento ao MP (Foto: Reprodução)
Ex-servidor Tiago Basso durante depoimento ao MP (Foto: Reprodução)

Segundo o ex-servidor do setor de Compras e Licitações, Frescura inicialmente tentou tranquilizá-lo, dizendo que em breve seriam liberados. No entanto, quando percebeu que a situação era mais grave, sugeriu um acordo de colaboração premiada ao grupo, o que resultou na ameaça de morte por parte de Frescura.

“O Frescura sempre falou para eu ficar tranquilo que a gente ia sair em 15 dias, no máximo nesse período a gente tava na rua, mas quando eu vi que realmente não era isso, que a coisa era bem mais séria do que eles me falavam, eu questionei o Frescura sobre a possibilidade de eu fazer, ou nós fazermos uma delação premiada. Ele ficou bem alterado, no dia ele não quis mais conversar comigo e dois dias depois, ele me chamou para conversar, aí a gente caminhando pela quadra falou: ‘Tiago, vou ser bem honesto com você, se você tomar a decisão de fazer uma delação premiada e pegar o advogado, o doutor Wellington, você pode ter certeza que antes da minha mãe chorar, a mãe que vai chorar vai ser a sua”, relatou o ex-servidor.

Basso também revelou uma suposta proximidade de Frescura com presidiários faccionados na Capital, o que aumentou sua sensação de ameaça. “Eu conversei com o doutor e pedi para a gente tentar se afastar. Conversava o mínimo possível com ele até pelo menos sair do presídio. Por que dava para ver que a ligação que ele tinha com uns presos lá dentro, todo mundo o conhecia ele lá dentro, todo mundo tinha um vínculo de amizade ou devia favor para ele. A ala um é uma unidade faccionada do PCC então dava para ver que ele tinha muito contato com aquelas pessoas. Aquilo que gerou um pânico na época”, reforçou o ex-servidor.

Outro lado - Procurado pela reportagem, o advogado Fábio de Melo, representante de “Frescura”, afirmou que a acusação feita por Basso é completamente falsa e não foi acompanhada de nenhuma prova.

Segundo o advogado, a defesa está considerando uma ação de reparação por conta das acusações. Melo destacou que não houve qualquer ameaça e que agora seu cliente exige que Basso prove tanto a suposta ameaça quanto a alegada ligação com o PCC.

Fase 3 – A Operação Tromper teve duas fases, em 2023, antes de levar Claudinho Serra, apontado como o líder do esquema “voraz” pelo Ministério Público, para a cadeia. O vereador foi preso no dia 3 de abril e só ganhou a liberdade supervisionada na noite do dia 26 do mesmo mês.

Após investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco, e a coleta de provas na terceira fase, o MP denunciou 22 pessoas por envolvimento nas fraudes em licitações para o fechamento de contratos em Sidrolândia. A acusação alega que organização criminosa tinha “atuação predatória e ilegal”, agindo com “gana e voracidade”.

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