Donos de oficina e de transportadora estão entre presos em ação contra o tráfico
Policiais civis são apontados como envolvidos em esquema e, inclusive, levavam cocaína em viaturas oficiais
Os donos de uma oficina e de uma transportadora de Campo Grande, além de um administrador de empresas, estão entre os presos na Operação Snow, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na manhã desta terça-feira (26). São, ao todo, 21 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão contra esquema de tráfico de drogas envolvendo policiais civis de Mato Grosso do Sul.
A ofensiva contra o tráfico levou equipes do Batalhão de Choque, da Força Tática e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), todos da Polícia Militar, para as ruas de Campo Grande e Ponta Porã, onde são cumpridas as ordens judiciais.
Contra o dono da oficina, no Bairro Guanandi, havia apenas ordem de busca e apreensão, mas ao chegar no local, os policiais localizaram uma pistola calibre 380 e ele acabou preso em flagrante por porte irregular de arma de fogo de uso permitido.
Já contra o administrador havia mandado de prisão preventiva e de busca. Contudo, na casa dele, no Residencial Oliveira, policiais localizaram uma arma calibre 38 em cima de uma geladeira e também acabou preso em flagrante pelo porte irregular de arma de fogo. Foram levados, ainda, dois cadernos com anotações e um celular.
Já o dono de uma transportadora era alvo de prisão preventiva e de busca e apreensão. O advogado dele, Eduardo Rodrigues, afirmou que vai se inteirar sobre a investigação, mas já adiantou que nada foi localizado com o cliente. O defensor deve entrar com pedido de revogação da prisão preventiva.
Segundo apurado pela reportagem, dos 21 mandados de prisão, 12 dos investigados localizados foram encaminhados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol. As buscas continuam.
Entenda - Segundo a investigação do Gaeco, que contou com o auxílio da Corregedoria da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal, a organização criminosa era altamente estruturada. Ao menos cinco policiais civis faziam parte do esquema.
"(...) com uma rede sofisticada de distribuição, com vários integrantes, inclusive policiais cooptados, fazia o escoamento da droga, como regra cocaína, por meio de empresas de transporte, as quais eram utilizadas também para a lavagem de capitais, ocultando a real origem e destinação dos valores obtidos com o narcotráfico."
Para isso, a cocaína era escondida em carga lícita, ou seja, com documentações legais, o que dificultava a fiscalização policial nas rodovias "principalmente quando se tratava de material resfriado/congelado (carnes, aves etc.), já que o baú do caminhão frigorífico viajava lacrado".
Outra maneira que utilizavam para traficar a droga de Ponta Porã a Campo Grande era o chamado “frete seguro”. “(...) policiais civis transportavam a cocaína em viatura oficial caracterizada, já que, como regra, não era parada, muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública”, aponta a investigação.
A quadrilha ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, desvinculando-os dos reais proprietários. Com isso, chamavam menos atenção em eventual fiscalização policial, porque, em regra, a liberação é mais rápida quando o motorista consta como dono do veículo. “Durante o transcorrer dos trabalhos, foi possível identificar mais duas toneladas de cocaína da organização criminosa, apreendidas em ações policiais”, descreve nota do Gaeco.
Apreensões - Em outubro do ano passado, o Gaeco apreendeu cinco veículos, sendo três de alto valor, de policiais civis envolvidos com o tráfico de drogas nas cidades de Dourados e Ponta Porã, distantes 251 km e 313 km de Campo Grande, respectivamente. A ação fez parte da 2ª fase da operação Safe Shipping.
No mês anterior, 538 quilos de cocaína pura apreendidos em Dourados (a 251 km de Campo Grande) em esquema que também envolvia policiais civis.
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