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Cidades

Estado e município querem ensinar agressores a tratar as mulheres

Secretárias destacam que o machismo dá aos homens o "direito" de agredir e matar, e a educação muda isso

Por Ketlen Gomes e Isabela Cavalcanti | 04/12/2025 13:23
Estado e município querem ensinar agressores a tratar as mulheres
Ministra da Mulher ao lado do vice-governador, da secretária Viviane Luiza e da primeira-dama Mônica Riedel, em evento de mulheres. (Foto: Paulo Francis)

Na manhã desta quinta-feira (4), durante a abertura do 3º Encontro Nacional das Casas da Mulher Brasileira, foram debatidas medidas para diminuir a violência contra as mulheres, especialmente diante dos elevados casos de feminicídio no Estado. No encontro, o principal eixo de trabalho destacado foi a educação de homens agressores, buscando ensiná-los a lidar com frustrações sem recorrer à violência.

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O 3º Encontro Nacional das Casas da Mulher Brasileira debateu medidas para reduzir a violência contra mulheres, com foco na educação de homens agressores. O evento reuniu a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e gestoras de 15 unidades da instituição para discutir melhorias no atendimento às vítimas. A subsecretária estadual Manuela Nicodemos destacou a necessidade de mudanças na formação masculina, enquanto a secretária-executiva Angélica Fontanari apresentou resultados positivos do programa Recomeçar, que já atendeu 400 homens sem registrar reincidências. As autoridades enfatizaram a importância de ações educativas nas escolas para prevenir comportamentos violentos.

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, participou da abertura, ao lado de gestoras de 15 unidades da Casa da Mulher Brasileira espalhadas pelo país. Durante dois dias, elas discutem formas de melhorar o atendimento às vítimas e reduzir a violência contra a mulher.

A subsecretária estadual de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos, destacou que os números de violência refletem um problema histórico e estrutural, que hoje ganha mais visibilidade porque passou a ser reconhecido como crime e denunciado pelas mulheres. Para ela, é a própria sociedade que ainda naturaliza comportamentos machistas, o que sustenta a escalada da violência.

Em sua avaliação, a transformação depende de uma mudança profunda na formação dos meninos e homens, o que envolve educação, convivência e desconstrução de comportamentos de controle. “O que vai fazer com que ele não mate é a mudança de comportamento dele. É ele achar que não tem direito sobre a vida de uma mulher”, disse. Ela lembrou que, enquanto essa mudança não ocorre, as políticas públicas atuam sobretudo no atendimento às vítimas.

“Esse comportamento machista que dá aos homens o poder de controle e de julgamento de um corpo feminino, de uma mulher. Dá o direito de tirar a vida, porque não é lei de 40 anos, não é política pública que vai impedir o homem de tirar a vida de uma mulher. Eu nunca vi um homem dizer assim: eu não vou mais agredir você porque eu estou com medo de ser preso”, destaca Manuela.

Estado e município querem ensinar agressores a tratar as mulheres
Evento reúne representantes de 15 unidades da Casa da Mulher Brasileira para discutir o combate à violência contra a mulher. (Foto: Paulo Francis)

Manuela também ressaltou a necessidade de ações voltadas à juventude, para que a prevenção seja construída desde cedo. Ela citou programas desenvolvidos na rede estadual, como o Protege, que trabalha com adolescentes e estrutura ações de conscientização nas escolas por meio dos grêmios estudantis. “A gente não vai acabar com a violência só falando com as mulheres. Temos que ter uma estratégia integrada de dialogar com os homens, inclusive aqueles que ainda não agrediram”, afirmou.

A secretária-executiva da Mulher de Campo Grande, Angélica Fontanari, reforçou que a mudança cultural é possível e já pode ser observada em projetos que envolvem homens encaminhados pela Justiça. Ela citou o programa Recomeçar, que promove grupos reflexivos com autores de violência doméstica.

Segundo Angélica, o projeto já atendeu cerca de 400 homens e conseguiu impedir a reincidência dos participantes. “Durante 16 encontros semanais, trabalhamos comportamento e frustração, e o resultado é que nenhum deles voltou a cometer violência”, destacou. Ela afirmou que o modelo tem despertado interesse de outras instituições e cidades do país e do exterior, que buscam conhecer as práticas adotadas pela capital.

A secretária também lembrou que o trabalho educativo ocorre dentro das escolas, com atividades voltadas tanto para meninos quanto para meninas, para que aprendam limites, convivência e respeito mútuo. Para ela, essa atuação conjunta e contínua é fundamental para frear a violência e evitar que novos casos se repitam.

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