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Cidades

Ex-PM preso por contrabando repassava dados sigilosos a “gravata” do PCC

Ex-sargento tem extensa ficha criminal e também usou do então cargo para favorecer criminosos

Por Lucia Morel | 04/06/2025 19:08
Ex-PM preso por contrabando repassava dados sigilosos a “gravata” do PCC
Thiago com uniforme da Polícia Militar quando ainda era sargento. (Foto: Redes Sociais)

Expulso da Polícia Militar em agosto de 2022 por envolvimento em contrabando, o ex-terceiro sargento Thiago de Souza Martins foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão por ser informante da advogada Paula Tatiane Monezzi e repassar a ela dados sigilosos do Sigo (Serviço Integrado de Gestão Operacional), que é de uso das forças de segurança de Mato Grosso do Sul.

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Ex-policial militar Thiago de Souza Martins foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão por repassar informações sigilosas do Serviço Integrado de Gestão Operacional a uma advogada ligada ao PCC. O ex-sargento recebia pagamentos para fornecer dados sobre operações policiais e presos a Paula Tatiane Monezzi. O caso veio à tona após as operações "Sintonia dos Gravatas" e "Courrier". Martins, que já havia sido expulso da corporação em 2022 por envolvimento com contrabando, também atuava como captador de clientes para a advogada, aproveitando sua posição como chefe da escolta judiciária de presos.

Numa dessas atuações, o ex-militar informou dados do então preso, Rafael da Silva Lemos, integrante do PCC, traficante e cliente de Monezzi. Em 15 de fevereiro de 2022, carga de uma tonelada de maconha apreendida em Nova Alvorada do Sul e no dia seguinte, Rafael pediu à advogada informações sigilosas sobre a ação, que prendeu comparsa dele, Jaderson Max Teixeira Brandão.

Rafael da Silva Lemos, chamado de “Gazela” ou “Patrão” queria essas informações para “contingenciar os danos” decorrentes da apreensão, segundo denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Monezzi então procurou o ex-sargento para ter detalhes e esse lhe disse que o nome de Jaderson e os detalhes da ação ainda não haviam sido disponibilizados na plataforma. Mas isso, porque o nome dele havia sido escrito de forma errada.

Mesmo sem ter a informação adequada, o ex-PM recebeu R$ 1,5 mil da advogada, que usou a conta de uma amiga de sua mãe para fazer a transferência. No dia seguinte, mais R$ 1,5 mil foi repassado, totalizando R$ 3 mil.

“Em seguida, Paula Tatitane Monezzi encaminha matéria jornalística noticiando a apreensão do entorpecente para o sargento QPPM Thiago de Souza Martins e lhe informa o nome do traficante preso, Jaderson Max Teixeira Brandão. Diante disso, o denunciado 3º sargento QPPM Thiago de Souza Martins realiza nova pesquisa e comunica que o preso Jaderson está na Delegacia de Polícia de Nova Alvorada do Sul/MS, enviando-lhe, inclusive, foto dele constante no SIGO”, diz a denúncia.

Novas transferências foram feitas em março do mesmo ano, restando ainda configurado que o ex-sargento atuava também captando clientes para Monezzi, já que trabalhava como chefe da escolta judiciária de presos.

“Enfim, restou demonstrado que o denunciado 3° SGT QPPM THIAGO DE SOUZA MARTINS, em troca de vantagens indevidas (propinas), realizava pesquisas em bancos de dados de restrito e as repassava à "gravata do PCC”, PAULA TATIANE violando o sigilo funcional para fins privados. Desse modo, as provas coligidas demonstram que denunciado (...) praticou crimes de corrupção passiva e violação de sigilo funcional, ambos do Código Penal Militar”, enumera o Gaeco.

O grupo chegou a essas informações depois das Operações "Sintonia dos Gravatas" e "Courrier", nas quais a advogada ré foi alvo.

Em sentença de fevereiro deste ano, Thiago de Souza Martins foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão em regime fechado. A defesa dele, feita pelo advogado Gledson Alves de Souza, recorreu e a 1ª Câmara Criminal rejeitou o pedido de habeas corpus, alegando que “habeas corpus é via inadequada para impugnar decisão transitada em julgado quando não evidenciada flagrante ilegalidade”.

Além disso, ressalta que “o reconhecimento do trânsito em julgado com a consequente expedição de mandado de prisão e guia de recolhimento seguiu o devido processo legal” e que “não há demonstração de nulidade processual ou vício na intimação da Defensoria Pública, que foi regularmente cientificada da sentença condenatória e deixou transcorrer o prazo recursal sem interposição de recurso, resultando no trânsito em julgado”.

Em contato com o advogado de Thiago, ele informou que vai elaborar uma revisão criminal porque antes dele assumir o caso, a Defensoria Pública realizava a defesa do ex-militar e não teria apresentado recurso de apelação após a sentença de primeiro grau. "Eu só passei a atuar após o trânsito em julgado da sentença, porque a Defensoria não interpôs o recurso de apelação e aí, por esse motivo, o defendente não pôde recorrer da sua sentença condenatória, inclusive ele nem foi intimado da sentença. E aí agora, com certeza nós iremos elaborar uma revisão criminal para buscar a reabertura do prazo para a interposição do recurso de diminuição de pênaltis".

Sobre a advogada Paula Monezzi, ela foi para prisão domiciliar em janeiro deste ano. Ela usa tornozeleira eletrônica desde então.

Casos - O ex-sargento Thiago e entusiasta a "blogueiro" era famoso nas redes sociais em razão da página Sheriff 67, que compartilha conteúdos policiais de todo Brasil. Em 2018, Thiago foi flagrado com mercadorias de contrabando avaliadas em R$ 100 mil após denúncia anônima.

Já em 2022, pouco antes de ser expulso, ele foi alvo da Operação "Magnu Manu", deflagrada pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar. Na ocasião, o envolvimento dele era com o tráfico de drogas.

Confira mais informações sobre o ex-sargento nas matérias relacionadas abaixo.

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