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Cidades

Loja de pneus é ré em 40 ações por maus serviços ou venda casada

Casos mais antigos são de 2021 e com sentenças favoráveis aos clientes ou acordos firmados com a empresa

Por Lucia Morel | 05/03/2024 18:55
Roda de veículo quebrou poucos quilômetros depois que a cliente saiu de uma das lojas da Champions. (Foto: Reprodução Processo)
Roda de veículo quebrou poucos quilômetros depois que a cliente saiu de uma das lojas da Champions. (Foto: Reprodução Processo)

O centro automotivo Champions Pneus e Rodas, que tem lojas em Campo Grande e Dourados – além de mais dois CNPJs em nome de Baratão Pneus e Nascar – tem ao menos 40 ações em que figura como réu por má prestação de serviços ou venda casada. Nos processos verificados pelo Campo Grande News, os mais antigos são de 2021 e com sentenças favoráveis aos clientes ou acordos firmados entre a empresa e os consumidores insatisfeitos.

Por duas ocasiões, a reclamação levada à Justiça foi decorrente da roda do carro quebrar a poucos quilômetros da loja onde os serviços foram prestados. Em um deles, ocorrido em 7 de outubro de 2020 – ação foi ajuizada no ano seguinte – a dona de um veículo Corsa pagou pela troca de dois pneus, além de serviços como suspensão, pivôs, terminal de direção e mão de obra, pelo que pagou R$ 878,00.

Poucos quilômetros depois, entretanto, a roda dianteira do lado esquerdo soltou, quase provocando um acidente. A proprietária ainda teve que pagar o conserto do veículo em outra oficina, porque em contato com a Champions, nada foi resolvido. Em acordo entre as partes, a empresa se comprometeu a pagar R$ 2.725,00 como ressarcimento e também, danos morais.

Já em 10 de março de 2021, outra cliente da loja procurou os serviços da mecânica para verificar coluna, geometria traseira do veículo, terminal de direção e caster. O total resultou em R$ 4,4 mil, divididos em 12 vezes. Entretanto, havia sido acordado desconto de 25%, que não foi aplicado no pagamento.

Além disso, no dia seguinte aos serviços, a proprietária identificou barulhos estranhos no carro, volante puxando para um lado e vazamento de óleo no carpete. Procurada, a empresa consertou apenas o desalinhamento do veículo e em relação ao vazamento de óleo, nada foi feito. Até mesmo notificação extrajudicial foi encaminhada à loja, que ignorou a cliente.

Na Justiça, a empresa foi condenada a pagar R$ 1.884,95 em danos materiais e mais R$ 1 mil em indenização por danos morais. A empresa recorreu, mas teve recurso negado em segundo grau. Por fim, em julho de 2022 acabou firmando acordo com a consumidora e pagando R$ 4,5 mil, sendo R$ 2,3 mil em danos materiais, R$ 1,2 mil em danos morais e R$ 1 mil de honorários advocatícios.

Em mais uma situação por maus serviços prestados, em 21 de março de 2022, um pneu de dois que haviam sido trocados estourou a cerca de um quilômetro de distância da loja Champions/Baratão, no bairro Guanandi. Ela pagou, na época, R$ 170,00, mas em acordo, recebeu R$ 7.505,76, sendo R$ 6.254,80 em indenização e R$ 1.250,96 em honorários. Parte do valor, R$ 1,5 mil, foi pago no dia do acordo, em dezembro de 2023, mas o restante não foi pago até o momento.

Loja onde proprietário foi preso fica na avenida Eduardo Elias Zahran. (Foto: Henrique Kawaminami)
Loja onde proprietário foi preso fica na avenida Eduardo Elias Zahran. (Foto: Henrique Kawaminami)

Num último processo verificado pela reportagem, a vítima é de Dourados. Em 22 de fevereiro de 2022 o cliente comprou dois pneus em hipermercado e foi até a Champions fazer a troca. Entretanto, ao invés de dois, os funcionários da empresa retiraram os quatro pneus. “Logo após terem desmontado os quatro pneus, o requerente foi chamado por um funcionário da loja que lhe informou que seriam necessários reparos nos freios e na suspensão do veículo. De pronto, o requerente se negou a realizar quaisquer reparos na suspensão, pois havia trocado toda a suspensão de seu carro há menos de 30 dias”.

Mesmo assim, “assim que o veículo ficou pronto o requerente retornou para retirá-lo e foi surpreendido com uma conta no valor de R$ 800,00”, sendo R$ 341,00 pela sapata de freio; R$ 219,00 pela pastilha de freio; e R$ 240,00 por reparo de suspensão. Nenhum dos serviços havia sido autorizado ou apresentado orçamento. Foi feito acordo entre as partes e a empresa pagou R$ 971,39.

Caso - João Lopes de Freitas, de 62 anos, que é proprietário da loja, foi preso ontem (4) por estelionato, depois de denúncia de cliente. Ele vai passar por audiência de custódia nesta terça-feira. Conforme registro policial, a PM (Polícia Militar) foi acionada por mulher que diz ter sido vítima do esquema.

Ela relatou que havia deixado seu carro, um Ford Fiesta, na loja para trocar pneus e foi informada que o serviço ficaria por cerca de R$ 500. Mais tarde, o estabelecimento informou que, na verdade, precisaria cobrar R$ 2,6 mil da dona do veículo, que supostamente estava com duas rodas amassadas.

A cliente não aprovou o orçamento e informou que mais tarde passaria para buscar o carro. Quando chegou ao comércio, porém, foi informada de novo valor por “serviço prestado”.

Nesta terça-feira, João passaria por audiência de custódia, mas está agendada para amanhã pela manhã. Advogados dele pediram liberdade provisória, mas pedido sequer foi analisado.

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