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Cidades

MP pede e juiz autoriza devassa na “vida virtual” de casal réu por matar criança

Computadores, HDs e pen-drives apreendidos, além de e-mail e dados armazenados em nuvens serão vasculhados

Por Anahi Zurutuza | 22/09/2023 17:35
Dois computadores foram apreendidos na casa onde o casal vivia com três crianças, incluindo a garotinha que morreu (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Dois computadores foram apreendidos na casa onde o casal vivia com três crianças, incluindo a garotinha que morreu (Foto: Alex Machado/Arquivo)

A pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que formou força-tarefa de promotores para atuar na acusação contra Christian Campoçano Leitheim, 26, o padrasto acusado de assassinar a enteada de 2 anos e 7 meses, e a mãe da criança Stephanie de Jesus da Silva, 24, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, autorizou devassa da “vida virtual” do casal.

Além dos celulares dos réus, computadores, HDs e pen-drives apreendidos, além de e-mail e dados armazenados em nuvens serão vasculhados. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) dará suporte para os trabalhos.

Os promotores Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos, José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, Lívia Carla Guadanhim Bariani, Luciana do Amaral Rabelo pediram a quebra do sigilo telemático dos dados armazenados nos smartphones de Christian e Stephanie e o juiz determinou que a Google do Brasil e a Microsoft envie para a força-tarefa informações e fotos contidas nos drives, backups, dados de localização e histórico de navegação pela web a partir dos aparelhos. A ideia é dar ao Gaeco acesso até ao conteúdo deletado dos telefones. As empresas têm 10 dias, a partir da notificação, para obedecer a ordem judicial sob pena de multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento.

Nesta quinta-feira (21), a promotora Lívia Carla fez acréscimo ao pedido. Quer acesso a tudo o que o WhatsApp tem salvo das trocas de mensagens dos réus. O magistrado ainda não analisou a nova solicitação.

Perícia também apreendeu, no dia 27 de janeiro deste ano, HDs e pen-drives na residência onde criança foi espancanda até a morte, segundo acusação (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Perícia também apreendeu, no dia 27 de janeiro deste ano, HDs e pen-drives na residência onde criança foi espancanda até a morte, segundo acusação (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Perícia – Depois do insucesso das polícias científicas de Mato Grosso do Sul e do Paraná em extrair dados do celular de Christian, a Justiça repassou a missão para o Gaeco, braço do Ministério Público dotado de equipamentos de alta tecnologia. O MPMS formou força-tarefa de promotores para atuar na acusação contra o padrasto e a mãe da criança, Stephanie de Jesus da Silva, 24, ambos acusados de serem os responsáveis por crime que causou comoção e forte reação da sociedade.

O Instituto de Criminalística de Mato Grosso do Sul também não conseguiu recuperar as mensagens apagadas do celular de Stephanie, que forneceu a senha do aparelho ainda na delegacia, quando foi presa. O diálogo entre ela e o marido no dia da morte da criança foi usado no relatório da Polícia Civil como demonstração de que o casal tentou criar versão sobre o óbito da menina.

Garotinha viveu por 2 anos e 7 meses (Foto: Arquivo de família)
Garotinha viveu por 2 anos e 7 meses (Foto: Arquivo de família)

O crime – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, a menina deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes de chegar ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

O padrasto responde pelo homicídio e pelo estupro. Já a mãe da menina, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do MP, ela se omitiu do dever de cuidar.

Na delegacia, Christian optou por exercer o direito ao silêncio. Já Stephanie afirmou que o companheiro batia na filha como forma de correção, mas negou que ele tivesse espancado a enteada naquele dia. Ela alega que nunca denunciou por medo do marido, já que também era vítima de violência doméstica.

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